Desde a quinta-feira, 25, uma terceira Unidade de Terapia Intensiva (UTI) está em funcionamento no Hospital São Sebastião Mártir (HSSM), junto à sala de recuperação do bloco cirúrgico. O que era notório é que, tão logo a UTI fosse instalada, os cinco novos leitos seriam ocupados. Sete pacientes com Covid-19 aguardavam por um leito na quarta-feira, 24. “A transferência dos pacientes ocorreu sem nenhuma intercorrência. Mas seguimos atuando no limite”, avalia o administrador Luís Fernando da Rocha Siqueira.
Apesar dos 15 leitos de UTI oferecidos, considerando-se os cinco novos, na noite de sexta-feira, 26, todos já estavam sendo utilizados e mais um paciente estava em leito de UTI no Pronto Atendimento. O diretor técnico do HSSM, Guilherme Fürst Neto, é enfático. “Poderíamos criar 50 leitos, mas teríamos 50 pacientes para internar. Precisamos que as pessoas entendam que, enquanto não diminuir a transmissão do vírus, as pessoas continuarão ficando doentes e não vamos conseguir atendê-las. A estrutura não será suficiente.”
“Nesse momento, a única saída para aliviar o hospital é não ficar doente, e o único jeito de garantir isso é ficar longe um do outro. As pessoas precisam se isolar.”
GUILHERME FÜRST NETO – Diretor técnico do HSSM
Ele comenta, também, que o hospital têm recebido pacientes de fora. Entre quinta e sexta-feira, três pessoas foram encaminhadas para a UTI do HSSM, por meio da Central de Regulação do Estado. “Estamos recendo muitas internações de fora, por ordem judicial. Isso é previsto em lei e não temos como barrar as ambulâncias que chegam aqui.”
Na avaliação do médico, o lockdown decretado em Venâncio Aires é fundamental, mas não será suficiente se a população não evitar o contágio do vírus nas próximas duas semanas. “Não adianta não ir ao comércio, mas estar em casa, receber visitas e tomar chimarrão. Cada profissional do hospital está se doando, trabalhando muito, mas também precisamos da ajuda da população.”
Ele explica que o hospital levará, pelo menos, dez dias para liberar pacientes que internaram nesta semana. Por isso, é essencial que, ao longo das próximas duas semanas, a população colabore para tentar conter a disseminação do vírus. “A única saída é ficar longe um do outro”, alerta.
União de esforços
A estruturação da nova UTI exigiu uma força-tarefa da equipe para o remanejamento de leitos e equipamentos e também articulação da Prefeitura junto à 13ª Coordenadoria Regional de Saúde desde a tarde de terça-feira, 23. O Município garantiu dois respiradores de transporte emprestados do Estado.
Matemática dos leitos
- Antes da pandemia de Covid-19, o hospital tinha dez leitos de UTI.
- No ano passado, outros oito foram implantados em uma UTI Covid.
- Com a superlotação, desde a última semana, os 18 leitos não foram mais suficientes. Devido à impossibilidade de transferir pacientes, pois hospitais de todo o estado vivem situação semelhante, o HSSM foi em busca de equipamentos para implantar uma terceira UTI.
- Com isso, mais cinco leitos foram organizados na sala de observação do centro cirúrgico. Para esse local, foram direcionados pacientes que não têm Covid-19. “Não podemos misturar pacientes com Covid de outros, que podem precisar do bloco cirúrgico”, explica o diretor técnico, Guilherme Fürst Neto.
- Agora, são 23 leitos de UTI, além de mais seis na área da Emergência. Esses, contam com aparelhagem e monitoramento semelhante à UTI, mas ficam em um espaço improvisado. No local, estão pacientes em estado semicrítico, que aguardam UTI.
- Além disso, o setor Covid (casos não graves) tinha 13 leitos, originalmente. Nos últimos dias, o número praticamente dobrou e os pacientes passaram a ser internados em outras alas.
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