Estratégias para erradicar o câncer de colo de útero

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O câncer de colo de útero é o terceiro que mais acomete mulheres no Brasil e o quarto que mais mata. No entanto, modificar estatísticas como essas pode ser possível por meio de um esforço conjunto da população e dos sistemas de saúde.

Em novembro do ano passado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou a Estratégia Global para Eliminar o Câncer Cervical, baseada em três pilares: promover a vacinação, o rastreamento e o tratamento da doença. “Vamos acabar com isso?”, é o convite da campanha.

Agora, em alusão ao Dia da Mulher, comemorado na segunda-feira, 8, uma campanha regional tem evidenciado a questão. “O que precisamos fazer é propagar a informação correta, para que as mulheres se cuidem, para que as pessoas conversem sobre isso, façam seus exames preventivos e vacinem seus filhos contra o HPV”, destaca a médica ginecologista Denise Müller, de Santa Cruz do Sul, que está levantando a bandeira da campanha no Vale do Rio Pardo.

Ela explica que, se as três estratégias propostas pela OMS saírem do papel, será possível erradicar o câncer de colo de útero em dez anos. A primeira delas está relacionada à vacinação contra o Papilomavírus Humano (HPV), com o objetivo de imunizar 90% das meninas de até 15 anos.
A importância da vacina está no fato de que o HPV é uma das principais causas de câncer de colo de útero. “Nem todo HPV vai virar câncer, mas todo câncer de colo de útero tem HPV. Além disso, ele está ligado a seis outros tipos de câncer”, esclarece Denise.

A vacina do HPV é disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para meninas entre 9 e 14 anos e para meninos de 11 a 14 anos. “Também está disponível na rede privada de vacinação”, observa.

O objetivo é que se vacine ainda quando criança, pois é quando ainda não houve contato com o vírus. “É importante fazer nesta fase para garantir o desenvolvimento da imunidade antes de haver contato com o vírus”, reforça a ginecologista. “Países como a Austrália, que tem um ampla vacinação contra o HPV, estão prestes a erradicar o câncer de colo de útero. Se conseguirmos alcançar a cobertura de 90%, essa nova geração pode ser uma geração sem câncer. É uma possibilidade fantástica, que não vemos em outros tipos de câncer”, acrescenta.

Rastreio e diagnóstico

Enquanto a vacinação é a principal forma de prevenir o câncer de colo de útero e é voltada ao público jovem, outras duas estratégias são direcionadas a mulheres adultas: o diagnóstico e o tratamento.

A meta da Organização Mundial de Saúde é rastrear o HPV em 70% das mulheres. No Brasil, isso é feito por meio do exame conhecido como pré-câncer (papanicolau). Ele é importante para o diagnóstico e pode identificar a evolução em fases em que ainda não é um câncer, explica a ginecologista Denise Müller. De acordo com ela, é fundamental que as mulheres tenham acompanhamento ginecológico ou de unidades básicas de saúde do SUS, na vida adulta, para que sejam orientadas sobre o exame.

“A chance de cura aumenta muito se diagnosticarmos precocemente a doença. Hoje, 50% das mulheres com câncer de colo de útero np Brasil não tem acesso ao tratamento pela deficiência que o sistema de saúde tem em muitas regiões. O objetivo da OMS é que se consiga tratar 90% das mulheres”, informa.

Vacina do HPV também é para meninos

A vacina do HPV é aplicada em duas doses. Atualmente, no Brasil, a cobertura é de 73% na primeira dose, para as meninas, e 46% na segunda dose. Entre os meninos, os índices são mais baixos: 36% na primeira dose e 19% na segunda.
De acordo com a ginecologista Denise Müller, os dados mostram que a vacina reduziu significativamente o número de casos de seis tipos de câncer. Alguns deles também acometem meninos.

“Fica o convite para que as pessoas se unam a essa campanha que ajudará a salvar muitas vidas. Podemos, sim, fazer a diferença na vida de muitas pessoas propagando essas informações. Seja você também um protagonista desta história.”

DENISE MÜLLER – Ginecologista

Sobre o câncer de colo de útero

  1. O câncer do colo do útero, também chamado de câncer cervical, é causado pela infecção persistente por alguns tipos do Papilomavírus Humano – HPV (chamados de tipos oncogênicos).
  2. A infecção genital por esse vírus é muito frequente e não causa doença na maioria das vezes. Entretanto, em alguns casos, ocorrem alterações celulares que podem evoluir para o câncer.
  3. Essas alterações são descobertas facilmente no exame preventivo (conhecido também como Papanicolaou ou Papanicolau), e são curáveis na quase totalidade dos casos. Por isso, é importante a realização periódica desse exame.
  4. Excetuando-se o câncer de pele não melanoma, o câncer de colo de útero é o terceiro tumor maligno mais frequente na população feminina (atrás do câncer de mama e do colorretal), e a quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil.

Fonte: Instituição Nacional do Câncer (Inca)

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Juliana Bencke

Juliana Bencke

Editora de Cadernos, responsável pela coordenação de cadernos especiais, revistas e demais conteúdos publicitários da Folha do Mate

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