Com o passar dos anos, culturas e hábitos acabam ficando esquecidos e, por vezes, se perdem. Isso também ocorre com hortaliças e legumes. Alguns itens que eram cultivados pelos antigos com o passar do tempo foram sendo esquecidos e as sementes se tornaram raras.
A moradora de Linha Andréas, Iolandi Schmidt, 68 anos, e a família, gostam de produtos diferentes e muitas vezes exóticos. Um desses legumes é o pepino maxixe. Iolandi conta que recebeu as sementes do Clube de Mães da comunidade. “A gente sempre tinha encontros e fazíamos brincadeiras. A nossa líder trouxe um saquinho com o pepino. Todas tivemos a oportunidade de tentar adivinhar o que era. Como conhecia, eu adivinhei e ganhei algumas unidades”, relembra.
Depois, a professora aposentada que reside a cerca de 25 quilômetros do centro da cidade, também ganhou algumas sementes de um vizinho e decidiu plantar. “Eu até achei que já tinham passado do ponto e que não daria nada, mas me surpreendi quando vi as ramas tomando forma”, recorda.
Conforme a professora, a fruta teria sua origem da África. “Dizem que o maxixe veio com os escravos. Aqui ele não é tão conhecido, os antigos ainda plantam, mas é algo raro. Mas em outras regiões, como Sudeste e Nordeste, ele é muito consumido, é ingrediente principal de vários pratos”, cita Iolandi.

Considerado um antioxidante poderoso, o maxixe é consumido como salada crua na família de Iolandi.“Eu gosto de cortar ele em rodelas e misturar com cebola e tomate. Quando os maxixes estão mais novinho eles são lisos. E quando tem espinho eu raspo e descasco.”
Consumido como qualquer pepino, existe a possibilidade de utilizar o maxixe em conservas. Iolandi conta que a mãe, Aselia Schmidt, 84 anos, na sua adolescência, colhia o maxixe e, para limpar, utilizava uma bacia com água e raspava os espinhos.
Alternativa de salada
Neste ano, a família não plantou o maxixe, mas a lavoura está cheia de ramas e legumes. “Ele veio por conta. É que nem inço. Este ano deu no meio da lavoura de milho do pai. Quando vimos que era maxixe, ele começou a cuidar e não capinou, agora está cheio, e olha que já colhi um monte.”
Edison Carlos Schmidt, 89 anos, pai da professora, explica que o maxixe é oval e não fica muito grande. Após atingir um certo tempo, ele amarela e, com isso, novas sementes já estarão germinando.
“Assim como o maxixe, outras culturas mais antigas passam de geração à geração e acabam se perdendo. Enquanto a gente puder resgatar isso e continuar cultivando coisas diferentes não tem coisa melhor. A gente fala de memória, de costumes e de saúde.”
IOLANDI SCHMIDT
Professora aposentada
O maxixe é uma cultura antiga, mas ainda preservada pela família Schmidt. Iolandi vê o legume como uma alternativa. “Ele produz em uma época que a gente no interior não tem muita salada, pois ele é mais resistente ao clima quente.”
A família de Linha Andréas cultiva praticamente todas as verduras que consome. “Eu sou a favor de cada família ter sua horta e tirar seu próprio alimento. Isso é saúde.” Além de plantar o maxixe, os Schmidt cultivam outras frutas e verduras diferentes e exóticas, um dos exemplos é a lichia. “Temos um pequeno pomar e uma horta. Mas a gente sempre gostou de plantar coisas exóticas e diferentes”, enaltece Iolandi.
Sobre o maxixe
O maxixe, hortaliça muito popular no Nordeste brasileiro, veio da África e seu nome científico é Cucumis anguria. Conforme a Embrapa, é uma planta rasteira e seus frutos e folhas são comestíveis e nutritivos, ricos em zinco.
Curiosidades
- Conforme a Embrapa, o maxixe tem poucas calorias e é rico em sais minerais, principalmente zinco, que ajuda a prevenir doenças e atua no sistema imunológico.
- Dentre os benefícios do maxixe destacam-se o controle do colesterol, aumento da imunidade e possibilidade de retardar o envelhecimento.
- Com poucas calorias, o maxixe é fonte de minerais e pode ser usada no preparo de sucos e saladas, além de pratos como farofas e refogados.
- O maxixe é uma Cucurbitácea, como as abóboras, o pepino, o melão e melancia.
- A professora Iolandi Schmidt também comenta que os antigos chamam o maxixe de ‘galinha arrepiada’.

Sugestão de receita da Embrapa
Carne moída com maxixe
Ingredientes
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1 porção de carne moída, bovina ou suína
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⅓ porção de maxixe
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Sal, alho e pimenta-do-reino
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Óleo ou azeite para refogar
Modo de fazer
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Refogue a cebola e o alho. Acrescente a carne moída. Deixe dourar e, em seguida, tampe a panela para que a própria água da carne auxilie no cozimento. Tempere com sal. Se necessário, acrescente um pouco de água quente.
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Quando a carne estiver quase cozida, acrescente o maxixe fatiado espalhando-o sobre a carne. Polvilhe sal e pimenta sobre o maxixe, tampe a panela e deixe o maxixe cozinhar com o vapor.
Sugestão:
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Use pimenta-de-cheiro no lugar da pimenta-do-reino.
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Acrescente coentro picado junto com o maxixe.