Desde que o assunto coronavírus entrou em pauta em todo o país, se ouve falar muito sobre os 14 dias de isolamento após o início dos primeiros sintomas da doença. Este é o tempo que é necessário tomar os cuidados necessários e ficar em casa para não correr o risco de transmitir o vírus para outras pessoas. Passadas as duas semanas, segue a vida normal sem olhar para trás, certo? Errado.
Durante esses dias, muitos pacientes têm agravamento no quadro clínico, com a evolução rápida da doença para pneumonia, por exemplo, que pode ser leve, moderada ou grave. Alguns necessitam de internação hospitalar e uso de oxigênio devido ao comprometimento pulmonar, outros seguem o tratamento em casa. Enquanto uns pacientes sofrem mais com os sintomas recorrentes, outros passam quase que despercebidos.
Porém, uma vez o organismo infectado pelo vírus, independente da gravidade da evolução da doença, é essencial o acompanhamento no período pós-Covid. “Isso se justifica pelo fato de a doença deixar sequelas no organismo”, explica a médica Diana Ruaro.
Ela salienta que as sequelas podem acometer diferentes sistemas do organismo, como respiratório, digestivo, muscular, circulatório, endocrinológico, nervoso e urinário.
Pacientes idosos ou com alguma comorbidade são considerados de maior risco. Pacientes curados e sem comorbidades são chamados de grupo de atenção. “O acompanhamento médico, neste ponto, é muito importante para que se mensure os danos a médio e longo prazo, que ainda são desconhecidos”, observa.
A médica alerta que é comum se observar a chamada síndrome pós-Covid, com vários sintomas que podem aparecer. Os principais são fadiga, mialgia (dor muscular), cefaleia (dor de cabeça) e fraqueza muscular, principalmente nas pernas. Também há casos de desconforto para uma inspiração profunda e tosse. “Os sintomas podem persistir por semanas ou até mesmo meses. Eles ainda são mal compreendidos”, comenta.
A médica cita que, conforme um relatório publicado em fevereiro pela Organização Mundial da Saúde (OMS), com base em dados preliminares, em casos leves, o tempo médio de recuperação é de aproximadamente duas semanas após o início dos sintomas e, em casos graves, de três a seis semanas até mais de um ano. “Nada é regra geral, cada caso pode se manifestar de uma forma. O importante é que neste período o paciente não fique sem acompanhamento médico”, defende.
Diana ressalta que também é preciso acompanhar e avaliar sintomas relacionados à depressão e ansiedade. “Eles devem ser avaliados com atenção, pois se trata de uma questão complexa em que é preciso descartar outras doenças como anemia, neuropatias e outras”, completa.
“Todos os pacientes infectados com Covid devem ser reavaliados no mês seguinte. O que não pode é ficar sem um médico que acompanhe, que conheça o quadro e, principalmente, conheça o paciente para que este possa ter a quem recorrer em qualquer sintoma ou intercorrência no pós-Covid.”
DIANA RUARO
Médica
Sinais de alerta
Idosos ou jovens com comorbidades crônicas devem ter cuidado redobrado pelo risco de alteração das doenças de base, com piora do quadro. Exemplo disso são diabéticos que descompensam a glicemia com consequentes complicações cardíacas, renais, cerebrais, entre outras. Além disso, pessoas com casos prévios de trombose têm risco aumentado de novos eventos trombóticos. Pacientes com doença pulmonar crônica têm risco de agudização do quadro.
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