Projeto ‘Limpeza do Castelhano’ começa mapeamento do arroio

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O arroio Castelhano volta a ser pauta do Governo Municipal. Uma equipe formada por servidores das secretarias de Meio Ambiente e de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisp) está visitando e mapeando a área do arroio que passa pela zona urbana do município, para realizar o projeto ‘Limpeza do Castelhano’. O objetivo é retirar sedimentos, entulhos e lixos que trancam a passagem da água e poluem o arroio.

O coordenador do projeto e da patrulha agrícola, Antônio Rodrigo Vieira Garin, conhecido como Rodrigo VT, conta que esse é o pontapé para iniciar a limpeza, pois há uma carência de dados sobre a situação do Castelhano. “É um levantamento sobre a bacia hidrográfica, estamos indo nas propriedades. Pedimos autorização, entramos e vamos até o arroio. Tem lugares difíceis de entrar, mas precisamos conhecer. Junto levamos GPS e outros equipamentos, para mapear tudo corretamente”, explica Rodrigo VT.

Depois de mapeado todo território urbano por qual o arroio passa, será feito oficialmente o projeto que será encaminhado para a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam). Quando o órgão autorizar, as ações no arroio devem iniciar. “O Município não tem liberação vigente da Fepam para atuar no Castelhano. Assim que tivermos podemos começar. Vamos iniciar com máquinas próprias que conseguem acessar alguns pontos, depois abrimos licitação para contratar serviços para os locais que precisam ser com a draga. Essa é uma forma de começar antes e diminuir custos”, adianta o coordenador.

Por conta da burocracia, as limpezas devem ser realizadas no próximo ano, principalmente por questão de verba municipal. “Quando a Fepam liberar e definir quais locais realmente podemos operar vamos ter um orçamento. Antes não temos como prever qual será o custo.”

Desassoreamento

Rodrigo VT enfatiza que o projeto não será apenas para desassoreamento, pois se denominarem assim, a Fepam não libera a retirada de entulhos e outras vegetações que caem nas águas. No entanto, ele afirma que um dos principais problemas do arroio é o assoreamento, ou seja, os sedimentos que caem no rio, como terra, árvores, troncos, areias e outros.

Em muitos pontos do Castelhano que a equipe passou nas últimas semanas, o assoreamento é perceptível, pois tranca o cursos da água, que acaba tendo apenas um pequeno espaço para passar. Segundo Rodrigo VT, o local mais crítico, que necessita urgente de desassoreamento é entre a RSC-453 e o Grão-Pará. “Com esses 80% do arroio da região urbana mapeados já são 22 pontos a serem desassoreados, então teremos mais alguns ainda”, expõe.

Causa

• Além de estar envolvido na ação como servidor público, o Arroio Castelhano é uma causa pessoal para Rodrigo VT. Ele cresceu e seus pais ainda residem no bairro União, o qual é percorrido por um trecho do arroio. Antes de estar na Prefeitura, ele já lutava por melhorias, mas salienta que agora é mais fácil, pois consegue colocar a ‘mão na massa’. “Eu cresci no Castelhano, aprendi a nadar ali, era lugar de brincar com meus amigos, mas agora visitando alguns locais e vendo como o arroio está descuidado me deixa triste. Junto com a equipe vamos trabalhar para melhorar essa situação e manter nosso arroio vivo.”

Equipe formada por servidores da secretaria de Meio Ambiente e da patrulha agrícola está mapeando pontos do arroio (Foto: Divulgação)

“O desassoreamento deve ser um serviço periódico”, diz engenheiro de minas

Fernando Alvez Cantini Cardozo já atuou na secretaria de Meio Ambiente do município e realizou pesquisas sobre o arroio Castelhano, uma delas foi publicada pela Unisc (Foto: Divulgação)

O engenheiro de minas e doutorando em Geotecnia, Fernando Alvez Cantini Cardozo, 29 anos, ressalta que o desassoreamento é a solução adequada para o momento, mas que deve ser feito constantemente no arroio Castelhano. “O desassoreamento deve ser um serviço periódico”, reforça ele, que já atuou na Secretaria de Meio Ambiente de Venâncio Aires e realizou pesquisas sobre o Castelhano, uma delas foi publicada pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc).

Segundo ele, o problema ocorre na região centralizada do Município, onde a bacia do arroio é mais plana. A água desce da serra do município com mais velocidade, carrega sedimentos do percurso e próximo ao meio da bacia, que fica na região central de Venâncio, a velocidade da água é mais baixa e por isso os sedimentos, muitas vezes, ficam nessa parte do arroio. “Por isso, a boa solução é manter um desassoreamento nessas áreas. Fazer isso sempre. Em Porto Alegre, no Arroio Dilúvio, por exemplo, que sofre do mesmo problema, sempre tem desassoreamento nele, é normal sempre ter uma equipe e uma draga nas margens do arroio”, observa.

Cardozo avalia que, tecnicamente, seria ideal fazer uma estrutura para facilitar esse serviço, para ser mais constante. Uma ideia é melhorar os acessos ao arroio, pois ele tem muitos meandros (curvas do arroio), o que dificulta o desassoreamento. “Também é preciso definir um traçado a ser desassoreado, como, por exemplo, todo trecho da região urbana”, orienta, ao reforçar que este deve ser um projeto que transpassa de governo, que seja contínuo pelo bem do arroio Castelhano.

Árvores

O engenheiro explica que as árvores, principalmente da mata ciliar, são essenciais para a ‘saúde’ do arroio. Contudo, elas caem, gerando o assoreamento. “Elas asseguram os sedimentos locais e também geram sedimentos. Por um lado, previnem e por outro causam o assoreamento”, esclarece.

Opções

• Para retirar os sedimentos, em práticas de engenharia, Cardozo diz que seria recomendado fazer uma barragem para regular a velocidade da água e segurar os sedimentos. “Mas para o arroio Castelhano não é a melhor opção, pela carência de dados”, argumenta. Outra alternativa, segundo o pesquisador, seria bacia de contenção (piscinão), que conservaria o excesso de água, ou ainda fazer uma intervenção estrutural.

Saiba mais

80% da área urbana percorrida pelo arroio Castelhano já foi mapeada.

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