A produção de frutas é uma das alternativas de diversificação de vários agricultores de Venâncio Aires. Além de auxiliarem na alimentação das famílias, as frutas são fonte de renda extra. Em Linha Sexto Regimento, Selmira Ertel Vogel, 63 anos, e Astor Vogel, 64, decidiram em 2007 aliar a produção de abacates com o tabaco. “A gente leu bastante e a própria Emater nos aconselhou que o produtor que fosse plantar fruta ia se dar bem no futuro. Essa era a aposta”, conta Selmira.
Apesar de já terem alguns pés nativos na propriedade, na época, foram plantadas mais de 400 mudas de quatro variedades enxertadas. “Não demorou muito e os pezinhos já começaram a produzir”, relembra Vogel.
Apesar de se dedicarem ao cultivo, ainda mais depois que largaram o tabaco depois da aposentadoria, há cerca de três anos, alguns abacateiros morreram. “As mudas enxertadas não duram tanto tempo, ao menos aqui não. Algumas eu ainda consegui recuperar, fiz podas e salvei. Mas muita coisa morreu”, conta o agricultor.
Hoje, na propriedade da família Vogel, situada próximo ao salão comunitário de Linha Sexto Regimento, cerca de 150 árvores de abacate ainda estão produzindo. As vendas no início eram garantidas para um senhor que produzia óleo de abacate em um município vizinho. “Depois ele parou e a gente começou a vender na propriedade e para a Ceasa, através de um ceaseiro”, explica Vogel.
No ano passado a família vendeu cerca de 1,5 mil quilos de abacate. “Abacate é assim, um ano o pé carrega, no outro dá uma reduzida. Esse ano vai ser bem menos. Mas a expectativa é de colher uns mil quilos”, projeta. Como são variedades diferentes, as precoces, chamadas de ‘abacate do cedo’, já estão em plena produção. “No passado a gente plantou para ver se daria certo, meio na cara e na coragem. Hoje a gente consegue vender, mas o preço é a Ceasa que define, às vezes sobra pouco”, complementa o agricultor.
Conforme o chefe do escritório local da Emater-RS/Ascar, Vicente Fin, na época a implantação dos pomares de abacates ocorrem em 30 propriedades de Venâncio Aires com a parceria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Hoje, na Capital Nacional do Chimarrão, são 20 famílias rurais que plantam o abacate com cunho comercial. “São cerca de 15 hectares. Uma produção média de 45 toneladas por safra de acordo com o clima”, detalha Fin.
Para o engenheiro agrônomo, a Ceasa é o principal destino das frutas. “Claro, temos as feiras locais e os programas institucionais que também recebem grande parte da produção de abacates”, comenta.
Variedades
As principais variedades de abacateiros em Venâncio Aires, conforme Fin, são: Carmen, Ouro verde, Baronesa, Tipo Lajeado, essas são as cultivadas na propriedade da família Vogel. Além disso, alguns agricultores cultivam outras variedades de São Paulo. Para fazer a colheita da fruta, o ideal é quando o abacate perde a brilhosidade, quando está opaco.
“Para nós produzir as frutas é uma opção de renda extra e ajuda no orçamento. Mas muita coisa a gente planta por interesse e por gostar de comer também.”
ASTOR VOGEL
Produtor de abacate e pitaya
“Venâncio precisa ter um pequeno centro de distribuição de alimentos”, sugere produtor
Após encerrarem o plantio de tabaco, a família Vogel começou a utilizar as terras para a produção de grãos e frutas, e alimentos para subsistência. Além do abacate outras duas frutas são cultivadas em grande escala. “Temos o figo e 900 pés de pitaya em parceria com um dos nossos filhos”, comenta Selmira.
“A gente tem muita fruta na propriedade, a pitaya a gente vende direto no pomar e em municípios vizinhos”, cita Vogel. Com essa venda direta, as outras frutas também acabam despertando interesse dos consumidores. A parceria é do casal com um dos cinco filhos, o Mauro Vogel, que auxilia nos cuidados e na venda.
O produtor do 3º distrito fala da necessidade do município valorizar cada vez mais aqueles que produzem alimentos em pequena escala. “Hoje, se eu pegar um pouco de abacate e sair vendendo por aí, com meu carro, se torna inviável. Mas seria muito interessante se fosse criado um centro de distribuição, onde cada produtor leva um pouco do seu produto e dessa forma poderíamos abastecer mercados e fruteiras”, sugere.
Vogel também indaga a logística. “Hoje, vendemos nosso abacate para o ceaseiro, ele vai para Porto Alegre e depois volta para Venâncio quando os mercados compram. Se nós tivéssemos esse apoio, os mercados poderiam comprar em grande quantidade, pois nós, os pequenos produtores iríamos entregar nossa produção menor e juntando tudo daria o suficiente.”
Conforme o agricultor, o centro de distribuição poderia ser utilizado para frutas e verduras e iria beneficiar todos os pequenos produtores. O chefe do escritório da Emater também fala desse sonho e necessidade para os agricultores familiares. “É uma grande necessidade no município para escoar a produção dos pequenos produtores. Dessa forma, qualquer produtor poderia escoar sua produção em um local seguro e de qualidade para o consumidor adquirir alimentos frescos.”
Curiosidades sobre o cultivo do abacate
- Fin observa que para cultivar abacate, o produtor precisa analisar o clima. “É fundamental prestar atenção no ambiente. O abacateiro precisa de um clima favorável, ele não gosta de geadas fortes.”
- Ao plantar a muda no solo, ele precisa ser profundo e bem drenado. “O recomendado é de no mínimo 1,2 metros de solo até chegar em rochas.”
- Além de uma boa palhada no solo, o ideal, segundo o engenheiro agrônomo, é plantar elas em uma regra de 10 x 10 metros. “Dessa forma a gente facilita os tratos culturais e uma copada não encosta na outra.”
- As mudas enxertadas também são aconselhadas, pois permite uma colheita mais fácil, afinal as árvores não costumam ultrapassar os cinco metros e produzem uma variedade de frutas mais precoces. Já as mudas nativas ultrapassam os 10 metros de altura e possuem um ciclo diferente para produzir.
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