Educadores desenvolvem estratégias para estar junto e inovar, apesar da distância

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Incentivar o desenvolvimento da criança, fortalecer o vínculo entre escola e família e estimular as brincadeiras são premissas da Educação Infantil. Mas, como fazer isso durante a pandemia de coronavírus, quando as aulas presenciais estão suspensas e o único contato é via computador ou telefone celular?

Embora não haja resposta correta para essa questão, muito menos uma fórmula, educadores têm se empenhado em buscar respostas, testar experiências e compartilhar as práticas com os colegas. “Tem muita coisa potente acontecendo. Os professores têm se reinventado e muitos trabalhos se destacam pela criatividade e inovação”, observa a coordenadora pedagógica da Educação Infantil da rede municipal de ensino de Venâncio Aires, Flávia Kieling.

Com o objetivo de valorizar essas iniciativas e inspirar outros educadores, a Secretaria Municipal de Educação iniciou a divulgação de práticas docentes realizadas por profissionais da rede. Três exemplos foram apresentados durante o encontro virtual do Seminário de Educação Infantil ‘O que acontece aqui?‘, na terça-feira, 13. “São profissionais que se destacam pela criatividade e inovação. O objetivo é que se possa partilhar esses exemplos e mais educadores se motivem a compartilhar o que estão fazendo”, explica.

Na terça-feira, foram destacados os trabalhos das professoras Jennifer Bath, Diana Raquel Bruch e Júlia Graziela Thiesen. Segundo Flávia, eles foram selecionados a partir de um formulário disponibilizado pela pasta, para que os educadores compartilhassem experiências e práticas de sucesso das aulas remotas. A ideia é que, a cada mês, sejam divulgados novos exemplos – inclusive, quem ainda não respondeu ao questionário pode enviar para a secretaria.

“Queremos reconhecer o trabalho dos educadores, valorizá-los e apoiá-los, mostrar o que acontece aqui em Venâncio.”

FLÁVIA KIELING – Coordenadora pedagógica da Educação Infantil

A coordenadora pedagógica do Ensino Fundamental, Juliane Weiss Niedermeyer, complementa que, por meio de atividades como seminário, oficinas e demais formações, a Secretaria de Educação tem buscado contribuir com os profissionais neste momento de pandemia. “Muita coisa não aparece, mas reconhecemos e valorizamos o trabalho dos professores, que se reinventaram, abriram a sua casa para transformá-la em sala de aula. Incentivar as trocas e auxiliar os educadores vai ao encontro do foco de trabalho da secretaria, em busca de uma educação humana, tecnológica e empreendedora”, sintetiza.

Na aula da profe Diana, os materiais são objetos de casa e da natureza

Ao preparar as aulas para os 11 alunos do pré A e B, a professora Diana Raquel Bruch tem uma preocupação: “manter-se presente apesar da distância”. O ensinamento, que ouviu numa palestra promovida pela Secretaria de Educação, é o que norteia as ações da educadora, que atua em uma turma de cessão de uso da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) São Judas Tadeu na Escola Estadual de Ensino Fundamental Professora Helena Bohn, de Vila Teresinha.

“Mesmo estando longe, todos os dias, quando nos propomos a preparar as aulas, gravar um vídeo, isso traz a criança para mais perto. Os resultados são muito positivos.”

DIANA RAQUEL BRUCH – Professora

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Diana utiliza recursos visuais para contação de histórias (Foto: Arquivo pessoal)

As atividades preparadas por ela, e divulgadas em vídeos explicativos, são todas pensando na realidade dos alunos. Assim, sementes, folhas ou pedras se transformam em materiais para contar, argila ou uma mistura caseira com farinha substituem a massa de modelar, e os objetos da casa passam a ser observados para encontrar uma relação com as letras do nome das crianças. “Usamos sempre o que eles têm em mãos, elementos da natureza ou objetos da casa”, explica a professora.

Além disso, todas as quintas-feiras pela manhã, a turma se reúne em um encontro virtual. “As famílias são muito participativas, há um baixo percentual de falta”, comemora. As aulas são com tempo máximo de 45 minutos, quando a professora conta uma história, contextualiza a atividade e dialoga com os alunos. “Procuro ser o máximo criativa e breve, para garantir a concentração.”

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Uma vez por semana, Diana realiza encontro virtual ao vivo, com os alunos (Foto: Arquivo pessoal)

Júlia e o estímulo para resgatar brincadeiras em família

Para a turma da pré-escola A da Emei Yolita da Cruz Portella, o projeto iniciado nas aulas presenciais, no começo do ano, tem continuidade em casa. A partir da curiosidade das crianças sobre o arco-íris, a monitora de Educação Infantil Júlia Grasiela Thiesen e a professora Marta Veiga trabalham diversos temas e convidam alunos e as famílias para participar.

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Júlia em um dos vídeos no qual demonstra, com a ajuda do sobrinho João Vitor, a experiência de água colorida para as crianças realizarem em casa (Foto: Arquivo pessoal)

Vídeos explicativos são postados na plataforma Google Classroom, com atividades para serem realizadas em casa. Os ‘trabalhinhos’ vão desde a produção de tintas naturais, observação de germinação de flores até experiências para colorir a água. “Buscamos utilizar a tecnologia como ferramenta para divulgar as atividades, mas com o cuidado para resgatar brincadeiras, se propor algo que a criança possa manusear, que envolva o corpo, para que não fique só nas telas”, explica a monitora, que é formada em Pedagogia, tem especialização em Pesquisa como Proposta Pedagógica e é mestranda em Ciências Exatas. Além disso, uma vez por semana, em geral, aos sábados, a turma se reúne para um encontro virtual ao vivo.

“É uma forma de matar a saudade e de os colegas contarem as novidades. Facilitou bastante termos os primeiros dias presenciais, na escola. Assim, conseguimos nos conhecer e agora fortalecemos esse vínculo.”

JÚLIA GRASIELA THIESEN – Monitora de Educação Infantil

Profe Jennifer e a produção de vídeos

Professora do Nível III da Emei Infância Feliz, Jennifer Barth apostou na criatividade e na tecnologia para conseguir atingir a turma. “Como são crianças de 3 anos, é muito complicado realizar atividades a distância. A criança nesta idade é muito visual e auditiva. Se apenas utilizasse vídeos prontos, elas não conheceriam a pessoa e não iam se identificar. A professora aparecer no vídeo é importante para não perder o vínculo com a turma”, observa.

A partir disso, a profissional decidiu gravar os próprios vídeos, com direito a cenário e iluminação, e criou o canal Prof. Jennifer Barth, no YouTube, para divulgar as aulas. “Eu não sabia fazer nada disso. Tive que aprender tudo pesquisando na internet”, conta. Jennifer foi além: investiu em um computador novo, comprou uma câmera profissional e passou a utilizar programas específicos de edição de vídeo. Hoje, ajuda vários colegas a editar seus vídeos.

“Diariamente, ela envia vídeos de cerca de dez minutos para as famílias dos alunos, via WhatsApp. “Sempre busco fazer algo diferente. Busquei os fantoches na escola para utilizar. Às vezes, são só eles que dão a aula. São dez minutos de vídeo, mas, até chegar ao resultado, são de cinco a seis horas entre planejamento, roteiro, gravação, edição e postagem no YouTube.”

JENNIFER BARTH – Professora

“Estou orgulhosa e, ao mesmo tempo, cansada”, reconhece. Jennifer avalia que o esforço tem valido a pena, por meio dos relatos das famílias. “Os pais contam que alguns alunos ficam vidrados, atentos aos vídeos. Outros não param de olhar, diversas vezes”, comemora.

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Fantoches são aliados da professora Jennifer para as aulas a distância (Foto: Arquivo pessoal)

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Juliana Bencke

Juliana Bencke

Editora de Cadernos, responsável pela coordenação de cadernos especiais, revistas e demais conteúdos publicitários da Folha do Mate

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