Circulação do vírus da febre amarela no RS reforça o alerta para a vacinação

-

Com a confirmação de circulação do vírus causador da febre amarela, em amostras de um macaco bugio, encontrado morto em um bairro rural do extremo-sul de Porto Alegre, na semana passada, a Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul está reforçando o alerta da vacinação contra a febre amarela. A imunização, em dose única, contempla a população desde os 9 meses até 59 anos.

A maioria das pessoas foi imunizada em 2009, em uma grande campanha de vacinação, com mutirões no centro de Venâncio Aires. No entanto, quem ainda não recebeu a vacina deve procurar um posto de saúde. “Essa é uma doença que tem prevenção. Por isso, é muito importante que as pessoas recebam a vacina”, observa a enfermeira Carla Lili Müller, coordenadora da Vigilância Epidemiológica do Município.

De acordo com ela, além de Porto Alegre, municípios da região noroeste do estado, próximos à divisa com Santa Catarina, são os mais afetados pela doença. De julho do ano passado até 10 de abril deste ano, foram 159 notificações no Rio Grande do Sul, a partir da morte de macacos. Entre elas, 94 amostras foram analisadas e metade confirmou o vírus da febre amarela. “Isso comprova que o vírus está circulando no estado.”

A febre amarela é doença transmitida por mosquitos Haemagogus, que habitam áreas silvestres. O mosquito infectado transmite a doença a macacos e humanos não vacinados. Em áreas urbanas, a febre amarela é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, mesmo vetor da dengue, zika vírus e chikungunya. “O perigo é a doença chegar na cidade e se transformar em uma doença urbana”, alerta a coordenadora da Vigilância Epidemiológica.

Com o risco de proliferação da febre amarela pelo estado, profissionais da rede de saúde de Venâncio Aires receberão uma capacitação sobre a doença, bem como sobre a dengue. “Os sintomas são parecidos e a orientação é que, se a pessoa tiver alguma suspeita, procure uma unidade de saúde. Por isso, faremos essa atualização para os profissionais”, comenta.

Bugios

Carla esclarece que a ideia de matar os macacos para evitar a doença é um erro. “É importante que a população saiba que isso não pode ser feito. Geralmente, o adoecimento ou a morte do macaco antecede a morte de um humano. Ele também é uma vítima e age como um sinalizador da doença”, salienta.

Ao encontro disso, reforça a importância de que, se a população tomar conhecimento da morte de um macaco, avise a Vigilância Epidemiológica o quanto antes. “Assim, conseguimos fazer a epizootia, a coleta de fragmentos de órgãos do animal para análise, para descobrir se foi em função do vírus da febre amarela”, esclarece.

Em 2017, ocorreram quatro notificações de suspeita de febre amarela, em Venâncio, a partir da morte de macacos em Vila Mariante – uma delas, com coleta de material para análise. Em 2019, houve uma suspeita a partir da morte de um bugio em Linha Estrela, também com envio de fragmentos de órgãos para exame. No entanto, nenhum caso foi confirmado.

Saiba mais

  • Para bebês de até nove meses, a vacina da febre amarela é aplicada em duas doses. A partir desta idade, é aplicada uma dose única.
  • Os principais sintomas de febre amarela são febre, icterícia (amarelão) e sangramentos. A doença pode levar à morte. Não existe tratamento específico, apenas para os sintomas.


Juliana Bencke

Juliana Bencke

Editora de Cadernos, responsável pela coordenação de cadernos especiais, revistas e demais conteúdos publicitários da Folha do Mate

Clique Aqui para ver o autor

    

Destaques

Últimas

Exclusivo Assinantes

Template being used: /var/www/html/wp-content/plugins/td-cloud-library/wp_templates/tdb_view_single.php
error: Conteúdo protegido