Desde 2013 Mato Leitão aguardava pela liberação de recursos para implementar o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Na semana passada, após cerca de oito anos aguardando, a Prefeitura recebeu a confirmação de que havia R$ 70 mil disponíveis para a Cidade das Orquídeas. Com o valor, será possível iniciar um PAA próprio no município.
Hoje, agricultores familiares de Mato Leitão já participam do programa, no entanto, os alimentos são entregues em Lajeado. Outro mercado para eles, é o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), pelo qual comercializam os alimentos para abastecer escolas do município, além das vendas diretas aos consumidores.
Segundo o extensionista rural do escritório municipal da Emater-RS/Ascar e responsável técnico pelo PAA no município, Rudinei Pinheiro Medeiros, a confirmação desse recurso possibilita agregar mais renda para os agricultores familiares, que terão um novo mercado de venda, e ainda beneficiar o público em vulnerabilidade do município. “Passamos de apenas fornecedor, para articulador do programa, que envolve o trabalho técnico com o setor primário e o trabalho social. É uma política pública que vem para enriquecer”, destaca.
Para a nutricionista responsável técnica pela Alimentação Escolar de Mato Leitão e que colaborará com a coordenação do PAA na Cidade das Orquídeas, Juliana Lopes Stona, na situação em que estamos vivendo, na qual muitas famílias tiveram a renda afetada, o programa garantirá segurança alimentar e nutricional a elas. “Por serem alimentos in natura ou minimamente processados, os alimentos da agricultura familiar irã fornecer um maior aporte de vitaminas e minerais essenciais para a saúde da população”, avalia.
Juliana também observa que muitas famílias em vulnerabilidade acabam adquirindo produtos básicos, como arroz, feijão e massa, e não têm condições de adquirir frutas, verduras e legumes. “Dessa forma, terão acesso a esses produtos com o PAA”, complementa.
Fonte de renda
Quem também comemora a destinação desse recurso para o Município é o casal Eloci e Erico Scheibler, que mora em Vila Sampaio, no interior de Mato Leitão. Eles fornecem verduras e frutas para o Programa de Aquisição de Alimentos de Lajeado desde 2015 e para o Pnae há mais de sete anos.
Para eles, a implementação do PAA na Cidade das Orquídeas representa a oportunidade de poder aumentar a área de cultivo e também o mercado de venda dos produtos. “É muito bom. Fiquei muito feliz quando fiquei sabendo da novidade”, conta Eloci. “Assim que o PAA estiver pronto, nós também estamos”, acrescenta Erico.
Eles relatam que o último ano foi complicado e com bastante instabilidade em função da pandemia de Covid-19. Isso porque, além da diminuição dos alimentos fornecidos para a merenda escolar aconteceu a suspensão das entregas para o PAA de Lajeado. Na propriedade do casal, a comercialização para esses programas é o carro-chefe, totalizando cerca de R$ 9 mil anualmente. As demais vendas, em menor quantidade, são feitas diretamente com os consumidores.
Em uma área própria e alugada de 2.860 metros, Eloci e Erico cultivam, principalmente, brócolis, couve-flor, alface, cenoura, repolho, rúcula, tempero verde, beterraba, chuchu, limão galego, bergamota de três espécies, caqui e pêssego. Eloci ressalta que a partir dessas políticas públicas é possível incentivar o pequeno agricultor, que tem área de terra menor.
No total, cerca de 20 agricultores familiares devem participar do Programa de Aquisição de Alimentos que será implementado em Mato Leitão. A prioridade será integrar aqueles que já fornecem alimentos para o PAA de Lajeado e para o Programa Nacional de Alimentação Escolar.
Encaminhamentos
- O projeto inicial cadastrado pelo Município para receber recursos do PAA previa anteder beneficiários do Bolsa Família e as escolas municipais. No entanto, segundo Rudinei Medeiros, como já existe o Pnae, a tendência é que os produtos do Programa de Aquisição de Alimentos sejam destinados apenas para as famílias em vulnerabilidade do município.
- Por isso, nesta semana o extensionista rural da Emater-RS/Ascar, que também é responsável técnico pelo PAA, e a nutricionista Juliana apresentaram a proposta para as assistentes sociais do Centro de Referência de Assistência Social (Cras), para saber qual é a demanda do município e de que forma se pode ser organizada a logística de entrega dos alimentos.
- Também será feita uma reunião com os membros do Conselho Municipal de Assistência Social, presidido por Medeiros, e haverá um encontro virtual com a coordenação estadual do PAA, vinculada ao Departamento de Agricultura Familiar e Agroindústria da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (SEAPDR). O envio do recurso, que é destinado pelo Ministério da Cidadania, ainda não tem data.