Aumento de palometas no rio Jacuí preocupa moradores

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As famosas piranhas vermelhas ou palometas continuam assustando pescadores da região do rio Jacuí. O animal carnívoro pode atacar os pescadores ou banhistas, mas normalmente isso só acontece se tem sangue por perto, como no caso de machucados, ou até mesmo do pescador limpar algum peixe e a palometa sentir o sengue.

Segundo o diretor de Meio Ambiente da Prefeitura de Vale Verde, Rodrigo Klamt, muitos pescadores de Vale Verde já relataram ter pescado a piranha. Por isso, desde março, a secretaria acompanha os casos e monitora os pontos que elas aparecem. No último fim de semana, ele foi até as margens do rio para conversar com alguns pescadores e verificar como está a situação. “Já tomaram conta do rio, tem por tudo pelo que estamos monitorando”, afirma.

Para Klamt, o ideal seria repovoar o Jacuí com peixes dourados, que são os predadores dessas piranhas, mas que estão sumindo do rio nos últimos anos. “Aqui no Jacuí os dourados estão desaparecendo cada vez mais. Não sabemos o motivo disso, mas é muito ruim”, observa e ressalta que se aguarda a manifestação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

O diretor do Meio Ambiente também ressalta que é importante que todos tomem cuidado ao pescar no Jacuí, pois se tiver algum vestígio de sangue, a palometa ataca e causa ferimentos. “Se pescar a palometa, a pessoa deve levar ela para casa, descartar em casa, mas não devolver para o rio, porque assim vai tendo cada vez mais”, orienta aos pescadores.

PESCADORES

A palometa já foi pescada por vários pescadores da região de Vale Verde, entre eles, Cláudio dos Santos, 58 anos. Há algumas semanas, o morador das margens do rio Jacuí, pescou com anzol uma palometa, que deixou guardada no freezer de casa. Ele garante que não foi a primeira vez que pegou a piranha vermelha.

Há cerca de três meses, ele identifica o aparecimento da palometa no rio. “Pesco no Jacuí há mais de 30 anos e faz três meses da primeira vez que peguei uma palometa aqui. Ela está vindo demais, já peguei em rede, em anzol, porque são muitas”, comenta Santos.
Para ele, a palometa ainda está atacando pouco, por estar “miúda”, mas, se continuar com essa quantidade, os ataques podem ser mais frequentes. “Ela vem de cardume e se cai um peixe na rede que ela está, ela come tudo, sobra só os espinhaços”, explica o pescador.

Santos também lamenta que a situação do rio Jacuí já está ruim, pois, no último ano, está difícil de pegar peixes. Com a existência de palometas na região, ele prevê que ficará ainda pior, pois ela acaba comendo outras espécies. “Se continuar assim, cada vez vai ficar mais ruim. Já fizemos reunião no sindicato dos pescadores e queremos tomar uma atitude.”

  • Também conhecida como piranha vermelha, palometa se parece com um peixe comum, porém, pode morder os pescadores ou banhistas
    Também conhecida como piranha vermelha, palometa se parece com um peixe comum, porém, pode morder os pescadores ou banhistas (Foto: Divulgação)

    Palometas no rio Taquari

No dia 13, foi pescada uma palometa nas águas do rio Taquari, em Bom Retiro do Sul, mas ela não mordeu o pescador nem os outros peixes da rede. A região está monitorando para ver se ela aparece em mais pontos. Pescadores que pescarem a piranha vermelha deve informar a Prefeitura do município.

SAIBA MAIS

  1. As palometas têm origem na bacia do rio Uruguai e são comuns na região da fronteira
  2.  Em 2006, cerca de 20 pessoas foram mordidas no Balneário Passo do Angico, em Toropi, no estado. Também em 2006, pescadores de Uruguaiana fizeram um mutirão para pescar as piranhas e evitar ataques.
  3. Em 2020, mais de 100 pessoas foram atacadas pelo animal na Praia das Areias Brancas, em Rosário do Sul. Uma rede de para proteger os banhista foi colocada, serando uma área segura para banho. Na época também foram registrados ataques de palometas a banhistas no Balneário Jacaquá, no Rio Ibicuí, em São Francisco de Assis.
  4. Também janeiro de 2020, mais de 40 pessoas foram mordidas pela piranha vermelha em Rosário do Sul.
  5. Em fevereiro deste ano, ataque é registrado no Rio Jacuí, em Cachoeira do Sul, e, em março, as piranhas vermelhas são pescadas no mesmo rio, em Vale Verde, região incomum para elas
  6.  No dia 13 de março, foi registrada a primeira pesca da espécie no rio Taquari

Audiência pública vai debater o assunto

A invasão das palometas no Rio Jacuí, em outros rios de água doce e suas consequências que ameaçam o ecossistema e atividade econômica pesqueira será o tema de audiência pública estadual, no dia 6 de maio. O evento foi aprovado pela Comissão de Agricultura da Assembleia Legislativa, presidida pelo deputado Adolfo Brito. “Recebemos documento da Câmara Municipal de Vereadores de Sobradinho e relatos de pescadores da região Central, preocupados com a situação e que pedem medidas para resolver a questão”, afirma Brito.

Palometas: piranhas comuns na região da fronteira aparecem no rio Jacuí

    

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