A segunda-feira, 26, foi de sentimentos variados no que diz respeito às escolas. Foi desde a alegria de poder voltar para as aulas presenciais, à frustração de nem ir e ao desagrado de pais e profissionais de educação.
Enquanto Estado e Poder Judiciário seguiram em conflito durante o fim de semana, o dia começou sem saber quem estava certo ou errado, ou quem daria a palavra final sobre a reabertura ou não. Na dúvida, muitas escolas da rede privada de Venâncio Aires decidiram pela volta, mesmo que, ao fim da tarde, a notícia ainda fosse pela manutenção da suspensão das atividades presenciais.
Diante das decisões das instituições, muitas famílias também seguiram o movimento e levaram os filhos. Mas, na casa dos Motta, isso nem chegou a acontecer. Karoly, 7 anos, está matriculada no 1º do Ensino Fundamental do Colégio Bom Jesus. A turma dela teria aula pela tarde, mas, ainda pela manhã, veio a informação de que a retomada estava cancelada. “Ela acordou faceira, dizendo: ‘mãe, hoje é dia de escola’. Mas aí não teve, chorou muito, a gente nem sabe mais o que falar”, contou Camila Lenz da Motta, que também é mãe do Kaiky, de 9 anos.
A empresária também mencionou a dificuldade diária de convencer os filhos a participar das aulas on-line. “Nunca reclamaram para ir na escola. Eles sempre gostaram. Mas em casa é uma dificuldade e ficar forçando também não é saudável.”
Atraso
Enquanto famílias relatam perdas no desenvolvimento dos filhos, as impressões são compartilhadas por professores. Vanessa Nunes, que trabalha com Educação Infantil há sete anos e atualmente dá aula para o pré na escola Meu Cantinho, destacou que há um atraso no aprendizado. “Acredito sim que está acontecendo um atraso no desenvolvimento deles e na parte emocional também. Quanto aos professores, bate uma tristeza porque não estamos conseguindo fazer o que gostaríamos.”
‘Escola fechada, boleto rasgado’
O ‘vai, não vai’ das aulas também acabou expondo outra insatisfação de alguns pais que têm filhos em escolas privadas: o pagamento das mensalidades. Durante o dia, foram colados cartazes nas fachadas dos colégios Bom Jesus e Gaspar Silveira Martins. Parte dos dizeres reivindicava redução nos valores e cobrava uma posição das instituições. A ação de alguns pais iniciou dentro do mesmo grupo nas redes sociais que mobilizou a carreata da última semana.
“Estamos pagando integral. Acho que poderia ter um desconto. Que fosse 30%, já ajudava, porque as crianças não estão consumindo água e energia na escola, por exemplo”, argumento Camila da Motta, que também colou cartazes na escola dos filhos.
Ela afirmou ainda que a situação da volta ou não das aulas gera uma frustração geral e também cobrou uma definição por parte do governo estadual. “Nos sentimos como se fosse uma luta contra ninguém, que não vai chegar a lugar nenhum, mas não podemos desistir. Tudo está aberto, até os bares têm flexibilização para funcionar. Por que as escolas não?”
Escolas
Tanto Bom Jesus e Gaspar afirmaram que o posicionamento sempre foi de apoiar pela volta das aulas presenciais. “Está mais do que na hora, porque os demais setores já abriram. E enquanto Estado e Judiciário não sem entendem, escolas e famílias ficam no meio disso”, destacou a diretora do Bom Jesus, Inês Schwertner.
Sobre a reivindicação de alguns pais em relação às mensalidades, Inês explica que houve descontos entre abril de 2020 e fevereiro de 2021. “Isso é uma questão muito individual, de cada família, e qualquer desconto linear cabe à mantenedora [em Curitiba] decidir.”
A diretora do Gaspar, Alana Roos, também mencionou o apoio pela volta às aulas. “Sempre fomos a favor das aulas e uma das primeiras escolas a voltar presencialmente no ano passado. Sobre os cartazes, as opiniões são livres. Em 2020, houve descontos e em 2021 também, mas são negociações individuais, mediante comprovação de renda.”