O mês de abril encerra com prejuízos na agricultura de Venâncio Aires e região. O período foi extremamente seco e castigou as culturas que estavam na lavoura e outras que já estariam se desenvolvendo e nem foram para a terra.
Um dos exemplos está em Linha Rincão de Souza, onde o casal de agricultores Wilson Renato Kaufmann, 62 anos, e Maria Joceli Xaviér, 42 anos, está com mudas de couve-flor, repolho, brócolis e couve chinesa esperando para serem transplantadas para a terra. “Já faz 15 dias que os camalhões estão prontos, estamos só esperando uma chuva para colocar as mudas na terra. Estamos muito atrasados”, lamenta Kaufmann.
A família produz hortaliças para a Cooperativa dos Produtores de Venâncio Aires (Cooprova) e, se tivesse a oferta dos produtos, já poderia tê-los comercializado. “Foi um dos meses de abril mais secos desde 2011, quando iniciamos com a produção de hortaliças. A gente depende dessa renda, e não ter plantado ainda é preocupante. Depois a procura pelo produto vai estar grande e a gente não tem para oferecer”, explica o agricultor.
Os cerca de 1,2 mil pés só irão para o solo após uma chuva, pois a propriedade não tem sistema de irrigação. “A gente depende do clima, essa época precisa chover. Além do atraso nas hortaliças, o tabaco no galpão está seco, está difícil de trabalhar e o milho que iria para a silagem não se desenvolve. Terei vários prejuízos”, lamenta. Na propriedade, a família calcula que em todo o mês de abril tenha chovido cerca de 6 milímetros em abril. Pelo menos, é o que mostra o pluviômetro. “É muito pouco, nunca foi um abril tão seco”, salienta Maria.
Os produtores de hortaliças são os mais prejudicados com a falta de chuva, segundo o escritório local da Emater-RS/Ascar. Conforme o técnico agrícola Alex Davi Gregory, as culturas como beterraba e cenoura são as principais afetadas e muitos produtores estão utilizando técnicas de verão como irrigação e sombrite. “Além disso, a gente já percebe que terá uma queda na produtividade do milho safrinha, pois a falta de chuva causou a redução da massa verde e infelizmente o milho acabou sofrendo com a falta de precipitação”, comenta.
Cerro dos Bois
Na Estação Meteorológica de Cerro dos Bois 1, na propriedade de Douglas Becker, em Linha Cerro dos Bois, nas proximidades do campo do 20 de Setembro, em abril foram registrados apenas 9,6 milímetros de chuva. “O mês de abril termina como sendo o pior mês no quesito chuva. No quesito frio termina com uma mínima de 4,9°C e uma máxima de 37,6°C”, complementa.
Maio ainda será de chuva abaixo do esperado e terá duas ondas de frio
Conforme o Núcleo de Informações Hidrometeorológicas (NIH) da Univates, em Lajeado, a normal climática para o mês de abril é de 110 milímetros. Porém, neste ano, no mês de abril, foram registrados apenas 12,8 milímetros. No ano passado, na mesma época, foram registrados 39,6 milímetros.
Em maio, segundo o NIH, a tendência é de um mês com chuva abaixo do esperado e temperaturas ligeiramente acima. “A chuva retorna para a região entre os dias 5 e 6 de maio e deve se estender até o dia 10. A previsão é que tenhamos volumes mais significativos, o que é uma boa notícia para o setor agrícola”, informa a estação.
Em relação às temperaturas, nos primeiros dias de maio, antes da virada do tempo, o NIH indica que será de calor na região: “As temperaturas podem superar os 30 graus”. O núcleo ainda informa que maio inicia com temperaturas acima do normal para o período e depois dos dias 5 e 6 as temperaturas retornam para um padrão mais outonal.
No decorrer do mês, as temperaturas tendem a diminuir naturalmente, pois esteremos mais próximos do inverno. “Mas, nos dois primeiros decêndios, devem ocorrer duas ondas de frio, com temperaturas na casa de um dígito, e não se descarta geada em alguns pontos. E no final de maio deve ter uma forte onda de frio que deve provocar geada mais generalizada para toda a região.”
De acordo com o Núcleo de Informações Hidrometeorológicas (NIH) da Univates, a tendência em maio é de precipitação abaixo do normal, com chuvas irregulares no decorrer do mês. Essa falta de regularidade e de bons volumes de chuva traz preocupação para diversos setores da economia.