Desde o início da semana passada, as famílias de alunos e pacientes da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Venâncio Aires passaram a contar com um novo espaço, criado justamente com o objetivo de acolher a cada uma delas. Segundo a diretora pedagógica da instituição, Grazieli Cristina Winkelmann, essa sala começou a ser construída no fim do ano passado. A estrutura foi erguida onde antes estava instalada a pracinha.
O prédio, de 100,36 metros quadrados, construído com recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) e da Assistência Social, foi dividido em duas salas, uma delas destinada para as famílias e a outra para os atendimentos de fisioterapia. A ‘Sala das Famílias’ é equipada com cadeiras, bebedouro, micro-ondas, geladeira, balcão com pia e louça e mesa com cadeiras. O local também tem banheiro e trocador.
Conforme Grazieli, antes da obra, as famílias precisavam aguardar na sala de recepção durante os atendimentos e, com o tempo, o espaço ficou muito pequeno por causa do aumento da demanda. Ela ainda observa que a sala de acolhimento é importante porque há usuários da Apae que moram em localidades do interior de Venâncio Aires ou são de municípios da microrregião, e o deslocamento se torna cansativo. Além disso, muitos chegam pela manhã na instituição e vão embora somente no fim do dia.
“O intuito é proporcionar um espaço acolhedor e aconchegante às famílias que trazem seus filhos para atendimento na Apae”, destaca a diretora pedagógica. Ela também salienta que o novo local vai oferecer mais privacidade para que os familiares possam fazer trocas de experiências, o que ela considera muito importante. “Desde 2019 já conversávamos sobre isso. Percebíamos que as famílias precisavam um espaço para elas, para funcionar como um suporte”, acrescenta.
Importância
Quando as aulas presenciais na escola retornarem, a diretora pedagógica acredita que a sala também poderá ser utilizada pelos profissionais da Apae para a promoção de atividades com os familiares e como um local para que eles aguardem durante o período de adaptação dos alunos.
Além de moradores de Venâncio Aires, a Apae da Capital Nacional do Chimarrão é referência para Mato Leitão, Vale Verde e Passo do Sobrado – neste último apenas para atendimentos clínicos. São 167 alunos matriculados e, levando em consideração os atendimentos clínicos, o número de pessoas atendidas chega a 280.
A agricultora Celi Dorneles de Oliveira, 53 anos, é uma das pessoas que comemora a construção da sala de acolhimento para as famílias. Moradora da localidade de Monte Alegre, no interior de Vale Verde, ela acompanha a filha Kristina de Oliveira Teixeira, 15 anos, durante os atendimentos clínicos na Apae.
Ela conta que o trajeto até a Apae é feito, uma vez por semana, com uma ambulância disponibilizada pela Prefeitura de Vale Verde. Nesse dia, ela passa a tarde toda na instituição aguardando os atendimentos da filha serem concluídos. O deslocamento começa pela manhã, por volta das 11h, e o retorno para casa acontece só no fim do dia, com chegada entre 18h20min e 18h30min. “Achei ótimo. Traz mais conforto para as famílias e os pacientes. É um espaço amplo, mais reservado para que possamos fazer trocas”, avalia.
Outros projetos
A diretora pedagógica da Apae, Grazieli Winkelmann, explica que a instituição foi contemplada, no fim do ano passado, com recursos do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (Comdica). O projeto inscrito prevê a construção de uma pracinha adaptada. A obra de estruturação desse novo espaço já iniciou.
Também no fim do ano passado, a Apae recebeu, novamente, recursos do Trilegal Tchê. De acordo com Grazieli, a instituição foi contemplada com R$ 23 mil e o projeto inscrito previa a aquisição de recursos tecnológicos para qualificar as aulas e as atividades desenvolvidas na entidade.
Com esse valor, foram compradas 13 smart TVs, que já foram instaladas nas salas de aula, cinco microfones sem fio, para serem usados nas aulas de teatro, e cinco rádios com entrada USB, que serão utilizados durante as aulas. No primeiro semestre de 2020, a Apae já tinha sido contemplada com R$ 35 mil do Trilegal Tchê. O valor foi usado para instalar 45 placas fotovoltaicas na instituição.
Apae de Venâncio estrutura espaço de integração sensorial
A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) também está estruturando um espaço de integração sensorial. O local, que conta com a instalação de equipamentos especificamente produzidos e adequados para desenvolver essa técnica de tratamento, funciona na mesma sala dos atendimentos de Terapia Ocupacional, onde antes também eram realizadas as sessões de fisioterapia.
Segundo a terapeuta ocupacional, Francini Jacques de Souza, que é formada pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e trabalha na instituição há três anos, a integração sensorial é uma técnica inicialmente dirigida a crianças que apresentavam distúrbio de aprendizagem e se ampliou, também, para as que têm disfunções sensoriais, neurológicas e comportamentais, que se beneficiam com a sua aplicação, com destaque, em sua grande maioria, para crianças com Transtorno do Espectro Autista.
“Os equipamentos da sala de integração sensorial são utilizados coadjuvantes as terapias por meio de atividades lúdicas e com a participação ativa da criança e permitem estímulos que geram um processo pelo qual o cérebro organiza e integra as informações dos sistemas vestibular, proprioceptivo e sensorial, de modo a dar uma resposta adaptativa adequada para organizar as sensações do próprio corpo em relação ao ambiente. As capacidades de processamento sensorial são usadas para a interação social, o desenvolvimento de habilidades motoras e para a atenção e concentração”, explica.
Atualmente, todos os pacientes atendidos individualmente pela Terapia Ocupacional aproveitam dos benefícios da sala. “É importante salientar que o terapeuta ocupacional é único profissional que está habilitado para avaliar e aplicar a técnica de integração sensorial e para isso é exigido formação específica e treinamento adquirido através da Certificação Internacional em Integração Sensorial e outros cursos que ofereçam teoria e prática do método”, relata.
Utilização
A terapeuta ocupacional Francini Jacques de Souza relata que realizou um curso introdutório da técnica, que permite estabelecer os princípios da intervenção terapêutica nos distúrbios de aprendizagem e neurológicos da infância e utilizar dos estímulos sensoriais que o método disponibiliza. Porém, ela observa que ainda há muito conhecimento a ser aprimorado e desenvolvido.
Como terapeuta ocupacional, ela ressalta que o objetivo primordial é que a criança possa devolver autonomia e independência de acordo com suas potencialidades. “Na prática, quando conseguimos desenvolver aspectos sensoriais, como os proprioceptivos e vestibulares, isso auxiliará a criança em tarefas da sua rotina, como vestir-se, escovar os dentes, alimentar-se, entre outras atividades da vida diária que compõem seu desempenho ocupacional. Também permitirá melhor organização, em sala de aula, para maior aproveitamento dos conhecimentos pedagógicos que lhe são repassados.
Nesse sentido, ela destaca que a integração sensorial facilita no desempenho escolar tanto das crianças sem maiores dificuldades quanto das crianças com deficiência, pois pode proporcionar uma organização sensorial, de modo a gerar respostas adequadas e facilitar a aprendizagem.
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