“A dengue não é uma doença para ser subestimada”

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A incidência de casos positivos de dengue em Venâncio Aires está cada vez mais recorrente. Bairros como União, Aviação, Centro e Cidade Nova já tiveram moradores com a doença, por isso as ações de combate contra a proliferação dos focos do mosquito Aedes aegypti devem ser prática constante na vida dos venâncio-airenses. Quem acaba sendo atingido pela doença, sente na pele os sintomas da dengue. Neste ano já são 27 casos positivos de dengue em Venâncio Aires.

A médica infectologista Sandra Knudsen explica que existem quatro tipos de dengue (1, 2, 3 e 4), portanto uma pessoa pode ter dengue quatro vezes durante a vida. “Todos os tipos de vírus agem de forma parecida, mas quando a pessoa pega dengue pela segunda vez, o caso pode ser mais grave”, enfatiza.

O vírus chega até o organismo das pessoas através da picada do mosquito infectado. O Aedes aegypti é um mosquito urbano e domiciliar, que fica ao redor das casas. Com o vírus no organismo, ele se espalha pelo corpo da pessoa. “O que mais precisamos cuidar na pessoa infectada é com relação a baixa dos leucócitos que indicam a imunidade, e também das plaquetas. A dengue pode atingir o fígado e os vasos sanguíneos, que são alterados e a pessoa fica desidratada, um dos maiores perigos”, afirma Sandra.

Na maioria dos casos, mesmo precisando ingerir muito líquido, as pessoas não conseguem e acabam internando para receber soro. Sandra atenta para os sintomas chamados de alertas que indicam que o quadro clínico da dengue está evoluindo de forma grave. “Vômitos, dor abdominal intensa, desmaios, sangramentos pelo nariz, ao escovar os dentes, pelas fezes e urina, diminuição da quantidade de urina são sinais de desidratação. Esses sinais costumam aparecer quando a febre baixa, por isso nesse momento é preciso observar”, completa.

Grupos de risco

Sandra comenta que a dengue também atinge pessoas no grupo de risco, que podem sofrer mais complicações com a doença. “São praticamente as mesmas pessoas que também estão no grupo de risco da Covid-19. Diabéticos, hipertensos, idosos, pessoas com problemas renais, no fígado e pulmões precisam ser acompanhadas mais de perto”, comenta. Os sintomas da dengue também podem ser facilmente confundidos com os da Covid-19. A dengue não possui tratamento específico, mas Sandra orienta que condutas devem ser tomadas para salvar vidas e evitar a morte.

 

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Fique atento aos sintomas

• De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, ao apresentar um dos sintomas abaixo é importante procurar um serviço de saúde para diagnóstico e tratamento adequado, oferecidos de forma gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

• Os principais sintomas da dengue são: febre alta (maior que 38,5°C), de início abrupto e que dura entre dois e sete dias; dores musculares intensas; dor ao movimentar os olhos; mal-estar; falta de apetite; dor de cabeça; e manchas vermelhas no corpo.

Saiba mais

1 O mosquito transmissor da dengue também é o causador de outras doenças como Zika e Chikungunya.

2 O Aedes e o pernilongo são parecidos, porém o Aedes é preto com riscos brancos em todo o corpo, já o pernilongo tem as mesmas marcas somente no tórax.

3 O mosquito transmissor da dengue pica normalmente durante o dia, é silencioso e não irrita a pele.

4 Não existe um medicamento específico para tratamento da dengue. É recomendado ingerir muita água e, na maioria dos casos, a cura da doença é espontânea e a ocorre em cerca de 10 dias.

5 O mosquito se reproduz em locais com água parada, mesmo em pouca quantidade, e leva cerca de 14 dias para que o ovo se torne um mosquito.

6 Os ovos do mosquito são muito resistentes e sobrevivem até mesmo por um ano em um local seco.

Cuidados devem ser redobrados

A estudante de Jornalismo, Bárbara Niedermeyer, 19 anos, moradora do bairro Aviação, começou a sentir os primeiros sintomas da dengue no feriado do dia 21 de abril. “Era um dia muito quente e eu sentia muito frio. Quando fui tomar banho, percebi que o meu corpo estava cheio de manchas vermelhas”, relata. Na noite do mesmo dia, Bárbara estava com febre de 39ºC e decidiu procurar ajuda no Hospital São Sebastião Mártir (HSSM).

Na casa de saúde, recebeu soro para reidratar o corpo. “A dengue não foi diagnosticada na hora, percebemos que poderia ser, devido aos leucócitos e plaquetas que baixaram”, comenta. Liberada, voltou para casa, mas a febre não baixava e teve que voltar a procurar atendimento médico. “Eu não conseguia ingerir líquido e comida. Não tinha forças para fazer nada. Então, a médica Sandra Knudsen começou a me atender e pediu exames seguidos”, afirma.

Com este acompanhamento, a dengue foi diagnosticada. Ainda assim, a equipe percebeu que a paciente continuava piorando e decidiu que Bárbara teria que ficar internada. Ela permaneceu no hospital por dois dias, tendo o controle do avanço da doença.

Hoje, já recuperada, a estudante comenta que não imagina a força que tinha a dengue. “Eu não tinha ideia que a dengue causava tudo isso. São muitas dores, uma febre que vai e volta. Fiquei dias deitada e ainda tenho manchas pelo corpo que não saíram totalmente”, destaca.

Análise

Nesta semana, a Vigilância Sanitária foi até a casa da jovem para fiscalizar o local e averiguar a existência de focos do mosquito transmissor. “Não encontraram nada aqui, levaram algumas substâncias para análise, mas ainda não tive retorno. Sei que mais moradores do meu bairro também tiveram dengue”, relata.

“Foi tudo muito rápido. Nos cinco minutos do trajeto até o hospital, já senti muita dor de cabeça e não tinha forças para sair do carro. A dengue é uma doença sorrateira.”
BÁRBARA NIEDERMEYER
Estudante de Jornalismo

Terrenos com entulhos são locais para a reprodução do mosquito da dengue

A limpeza de terrenos é uma prática fundamental para evitar a proliferação dos focos do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue. Em situações que os terrenos permanecem com entulhos que acumulam água parada, o local se torna apropriado para a criação dos ovos de mosquito e infecta moradores do bairro.

Esse é o caso da moradora da área central do município, Edite Hoffmann, 37 anos. Ela está se tratando da dengue, que provavelmente teve origem em um terreno que fica há duas quadras da sua casa. “Visitei uma amiga minha que mora ainda mais perto do local no sábado passado e, na terça-feira, fui positivada para dengue”, relata.

Edite ainda está em tratamento contra o vírus da dengue. (Foto: Alvaro Pegoraro)
Edite ainda está em tratamento contra a dengue. (Foto: Alvaro Pegoraro)

O terreno, conforme Edite, tem muitos entulhos como canos e telhas e, além de trazer risco para a transmissão da dengue, também abriga outros animais como cobras, ratos e gambás, já vistos no local. Edite afirma que já foi feito contato com o proprietário do terreno, que nada fez até o momento. A situação também foi encaminhada para a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, que segundo ela prometeu uma visita no local.

O terreno localizado na área central do município está cheio de entulhos que acumulam água. (Foto: Divulgação)
O terreno localizado na área central do município está cheio de entulhos que acumulam água. (Foto: Divulgação)

Mutirão contra a dengue ocorre neste sábado

Neste sábado, 8, das 8h às 14h, a equipe da Vigilância Sanitária e Ambiental percorre os principais bairros com foco de dengue para um mutirão. O intuito é vistoriar casas e encontrar possíveis focos de reprodução do mosquito nos bairros União, Centro, Aviação e Cidade Nova, onde moradores já foram positivados com a doença.

Um caminhão da Secretaria de Meio Ambiente estará acompanhando a equipe para recolhimento de resíduos sólidos que possam acumular água, como materiais plásticos, latas, sucatas e pneus. Restos de obras, vegetações e móveis não serão recolhidos. O caminhão também passará nos bairros Macedo, Brígida, Cidade Alta, Coronel Brito, Bela Vista e Gressler.

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Luana Schweikart

Luana Schweikart

Jornalista formada pela Unisc - Universidade de Santa Cruz do Sul. Repórter do Jornal Folha do Mate e da Rádio Terra FM

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