Você já teve a sensação de liberdade? É assim que Ana Paula Jung, 29 anos, se sente ao pilotar uma moto de mil cilindradas a 200 quilômetros por hora. Há 10 anos, quando fez a habilitação, ela nem imaginava que hoje estaria pilotando uma moto ‘grande’. Mas agora, não se vê sem essa paixão de duas rodas.
Ana fez a habilitação para automóvel e moto e ficou anos só dirigindo carro. Seu marido, Juliano Scherer, pilotava motos e ela não gostava de ir de carona, então decidiu aprender. Em 2019, comprou sua primeira moto.“A primeira já foi uma 600 cilindradas, que é potente. Não tinha nem dirigido Biz, fui direto nela. Agora tenho uma de mil cilindradas”
Ela começou a andar dentro da cidade, aos poucos. Caiu vários tombos, pois a moto tinha quase 200 quilos e era muito grande. “Saía na frente de casa e, parada mesmo, eu caía, porque não me achava nos freios e ela pendia. Depois fui acostumando e dentro de um mês já estava andando em rodovia para lugares perto”, conta.
Depois disso, a motocicleta passou a ser uma paixão. Todos os fins de semana, Ana Paula e o marido andam em rodovias ou em pistas adequadas para motos. “Um tempo depois, comprei uma 750 cilindradas. Daí resolvi fazer um curso de pista, para aprender técnicas e manobras. Foi ali que aprendi muita coisa”, comenta.
Na pista, ela se sente mais segura, por conta de ser um espaço específico para isso e de ter mais motociclistas andando. “Alugamos pistas, como em Guaporé, para andar e vamos intercalando os motoqueiros. Mas nem sempre conseguimos dar todas as voltas que podemos dar, porque andar nessas motos requer muito esforço físico e preparação. Chega num ponto que dói as costas, os braços e as pernas”, comenta Ana, que já fez até 600 quilômetros em um dia.
A motoqueira também esclarece que essas motos com mais cilindradas precisam de velocidade, não são veículos para andar devagar, pois assim podem estragar. “Hoje tentamos não andar com as nossas motos dentro da cidade, ela é para asfalto e por isso prefiro pista.”
Para Ana, a moto será só um hobby, mesmo correndo em pista. Ela não pretende participar de competições. Um dos seus objetivos como pilota é ir até a Serra do Rio do Rastro, em Santa Catarina. “É por amor mesmo, porque hoje eu não vendo minha moto por nada. Venderia o carro, mas a moto não”, complementa.

JULGAMENTO
Por ser mulher e andar em uma moto grande, ela lembra que ouviu de muitas pessoas que era loucura, que não iria conseguir dirigir e que não era coisa de mulher. “Caí bastante, nunca me machuquei feio, mas as pessoas diziam para eu desistir, mas continuei e consegui.”
Ana também percebe os olhares das pessoas, quando tira o capacete e as pessoas veem que é uma mulher que está dirigindo a moto. “Sei que eles pensam ‘nossa é uma mulher pilotando’, mas isso deveria ser normalizado”, frisa.
“Quando ando de moto, tenho uma sensação de liberdade, não me vejo sem minha moto mais. É uma paixão muito grande.”
ANA PAULA JUNG
Motoqueira
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