O andamento do cenário epidemiológico, com evolução positiva nos números relacionados à Covid-19, vai acarretar em mudanças importantes dentro do Hospital São Sebastião Mártir (HSSM) a partir de agosto. Isso porque o mês que vem deve começar com menos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e mais cirurgias eletivas.
O anúncio aconteceu na tarde desta quarta-feira, 14, após uma reunião entre a direção do hospital e o prefeito Jarbas da Rosa. “Vamos acompanhar os próximos dias, mas se continuar com baixa demanda, vamos fechar os cinco leitos da chamada UTI 3 no fim de julho”, informou Jarbas. Uma primeira tentativa de encerramento aconteceu no fim de maio, mas na época se voltou atrás, devido ao agravamento na região e cuja demanda chegou até Venâncio.
Na prática, encerrar esses leitos dará uma condição maior para o hospital focar em outro serviço que está há meses represado: as cirurgias eletivas. Com a necessidade de priorizar leitos e medicamentos para o tratamentos de pacientes com coronavírus e atendendo a uma orientação do Estado, a maior parte dos procedimentos foi suspensa durante a pandemia. Mas, a partir de agosto, Prefeitura e HSSM organizam um mutirão para tentar diminuir a fila.
Conforme matéria da Folha do Mate publicada no último dia 10, só para procedimentos no hospital local eram mais de 640 pessoas em espera. Considerando as cirurgias feitas em hospitais da região, a fila dos venâncio-airenses passa de mil.
A reportagem apurou ainda que, do que está previsto em contrato com a Prefeitura, o HSSM deve fazer, por mês, 40 cirurgias traumatológicas de média complexidade e 80 gerais, como de hérnia, vesícula, vascular e ginecológica, por exemplo. Seriam 1.440 procedimentos em um ano, mas em 2020 foram apenas 435 – cerca de 30% do ideal.
Segundo o prefeito, o Município tem recursos reservados para autorização das cirurgias, além de emendas impositivas destinadas pelo Legislativo ainda em 2020. “Nossa prioridade agora é a retomada de serviços ambulatoriais de especialidades e cirurgias eletivas que, por muito tempo, ficaram represadas. Enquanto acompanhamos a vacinação e buscamos um controle da pandemia, precisam retomar o atendimento e o cuidado com os demais serviços”, destacou Jarbas.
Bloqueio
O encerramento da UTI 3 também levou em conta outros fatores. Segundo o administrador do HSSM, Luís Fernando Siqueira, durante o mês de julho, o médico de rotina da unidade, por problemas pessoais, não atendeu, o que demandou remanejamento de outros profissionais.
Além disso, junto com a diminuição de novas internações, há previsão de altas de pacientes nos próximos dias. Conforme Siqueira, ontem, por exemplo, dos atuais 23 leitos de UTI, quatro estavam disponíveis. Dos ocupados, cinco tinham pessoas de outras regiões.
Para tentar diminuir essa demanda ‘de fora’, o hospital irá formalizar um comunicado junto à 13ª Coordenadoria Regional de Saúde. “Vamos tentar ‘bloquear’ esse leitos já a partir de agora, porque se não o Estado seguirá mandando pacientes para cá e podemos chegar no fim do mês com uma demanda elevada”, argumentou o administrador do HSSM.
Como fica
Com a mudança, seguem à disposição o setor Covid, com 19 leitos clínicos do Sistema Único de Saúde (SUS) e a UTI 2, com oito leitos para pacientes com coronavírus. Mas, na prática, existe uma inversão devido à demanda: a UTI principal, que tem 10 leitos, acomoda os pacientes Covid e a unidade 2 recebe os demais, com outras doenças.
Relembre
A chamada terceira UTI foi implementada no fim de fevereiro, nos dias que antecederam o momento mais crítico da pandemia em Venâncio Aires. No dia 22 de fevereiro, o Pronto Atendimento foi fechado e transformado em uma ‘semi-UTI’.
Dias depois, a Sala de Recuperação do Bloco Cirúrgico foi fechada para abranger os leitos da terceira UTI. No dia 4 de março, quando a capacidade de UTI já era de 23 leitos, 33 pacientes estavam internados em situação ‘intensiva’, 29 deles por Covid.