Hospital São Sebastião Mártir (HSSM) completa 86 anos hoje, 22. Os aplausos e a comemoração são de todas as pessoas que foram atendidas e profissionais que fazem parte do dia a dia da instituição de saúde, de forma direta e indireta. Todos aqueles que lutaram – e seguem em combate – a um inimigo invisível, que infelizmente levou a óbito 129 moradores de Venâncio Aires. Na linha de frente, profissionais de diferentes setores deixam na memória uma série de aprendizados e vivências da pandemia de coronavírus.
Viviane Isabel Kretsmann da Silveira, 28 anos, é enfermeira responsável pelo Pronto Atendimento do HSSM e relata os diferentes desafios desde o início do ano passado. Há dois anos fazendo parte da equipe, ela começou como folguista e passou por diferentes setores. Depois de alguns meses, ficou responsável pelo Pronto Atendimento (PA). “Nunca tinha pensado em atuar no Pronto Atendimento, mas quando vi a possibilidade de fazer a diferença de forma rápida e instantânea, me apaixonei, é muito gratificante”, diz.
Ela cita que a oportunidade no HSSM foi algo muito esperado, também, porque antes trabalhava fora do município, o que dificultava e ficava mais tempo longe do filho, Isaque, de 3 anos. “Eu amo esse lugar, é também minha casa. O que mais gosto é a adrenalina, não saber o que vai chegar. Aqui é a porta de entrada, todos os pacientes passam por nós, temos um perfil resolutivo e a equipe é maravilhosa”, afirma.
A enfermeira lembra que o início da pandemia foi marcado pela reestruturação, recolocação de postos de trabalho e adaptações da estrutura física para atender as demandas. O mesmo foi necessário em fevereiro deste ano, com o aumento abrupto do número de casos graves, o que superlotou os hospitais em todo o Estado. “O hospital se reestruturou e foi adaptado conforme as necessidades de maneira muito rápida e eficaz para atender os pacientes da melhor forma”, avalia.
Viviane relata que os desafios foram muitos, houve períodos em que não conseguia ir para casa e relaxar sabendo da situação do hospital. Por um período, ficou responsável, também, pela UTI 2. Em toda a trajetória, uma das maiores dificuldades elencadas pela profissional é o contato com os familiares. “Precisamos transmitir a realidade do quadro do paciente para a família de uma forma que ele entenda a gravidade e não fique abalado a ponto de não acreditar em uma melhora. Eu vejo o paciente como o amor de alguém e faço meu melhor pela recuperação dele”, acrescenta.
Incertezas do início da propagação do coronavírus
Isabel Pauline Schmidt, 44 anos, é enfermeira responsável pela Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do HSSM e, desde o início da pandemia, atende exclusivamente pacientes com quadros de agravamento da Covid-19. No hospital desde 2013, ela começou para cobrir folgas em diferentes setores e, dois anos depois, ficou de forma permanente na UTI, na época recém-inaugurada. “No início eu não queria UTI, mas os desafios apresentados e a complexidade do setor me despertaram a querer continuar, aprofundar meus conhecimentos e me especializar nesta área”, conta.
A profissional salienta que é uma conquista do município ter a unidade, bem como os leitos extras abertos durante a pandemia, o que possibilitou conseguir reabilitar muitos pacientes. “Temos uma estrutura excelente de equipamentos e profissionais. A comunidade precisa valorizar e ajudar a manter, é uma realidade muito diferente de outros municípios, somos privilegiados”, garante.
Sobre os desafios impostos pela pandemia, ela ressalta as incertezas dos primeiros meses, principalmente quando não se tinha muitas informações sobre o que se esperar do vírus. “Era tudo novo para todo mundo. Líamos muito e nos reuníamos em equipes para definir como íamos conduzir”, lembra. Ela conta que a própria equipe criou vídeos com treinamentos sobre as novas adaptações, como a utilização dos equipamentos de proteção, troca de uniforme antes da entrada nos setores, diminuição do fluxo de entrada na UTI, entre outros.
Isabel cita também que a saúde emocional foi necessária para lidar com toda a situação, pois todas as mudanças eram feitas sem a certeza de que seriam eficazes. Além disso, foi preciso lidar com a perda de muitos pacientes que não conseguiram se recuperar e faleceram. “Eu trabalho desde 2001 na área da enfermagem e, com certeza, esse foi o momento mais impactante pela incerteza, o medo por mim, minha família e meus colegas”, diz.
“Acho que não tem quem vivenciou tudo e não aprendeu alguma coisa, não melhorou como ser humano.”
VIVIANE ISABEL KRETZMANN DA SILVEIRA – Enfermeira do Pronto Atendimento
“Foi necessário ser forte em muitos momentos, manter a calma e fazer tudo que estava ao nosso alcance para atender os pacientes da melhor forma.”
ISABEL PAULINE SCHMIDT – Enfermeira da UTI
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