Conheça a história de Siria Simon, que ficou 53 dias internada na UTI do HSSM

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Dizem que a passagem da idade nos traz experiência ou nos deixa ‘calejados’. Se essa for a regra, tem um senhor octogenário que mora bem no centro de Venâncio Aires e já vivenciou de um tudo. Esse ‘oitentão’ já testemunhou muita tristeza, mas também muita alegria. E é nessa mescla constante de emoções e desafios, que o Hospital São Sebastião Mártir (HSSM) chega a 86 anos de história nesta quinta-feira, 22.

Foi, é e ainda será por muito tempo dentro das paredes dele, que histórias começam e terminam. Mas entre nascimentos e falecimentos, também tem o tratamento, tem o cuidado, tem a cura, a esperança e, sim, há aqueles que nascem de novo.

“Eu voltei a viver.” Essa frase curta resume mais de 70 dias de internação de Siria Teresinha Fengler Simon, 52 anos. Durante mais de dois meses dentro do HSSM, 53 dias foram sobre um leito da Unidade de Terapia Intensiva (UTI), numa verdadeira guerra contra a Covid-19. O vírus, que já infectou mais de 10 mil venâncio-airenses e vitimou fatalmente 129, causou uma pneumonia que tomou conta dos pulmões de Siria. Nada menos que 85% da capacidade respiratória foi comprometida e ela precisou ser intubada.

“Eu sempre disse que não queria passar por isso, mas foi a saída. Meu coração trabalhava muito mais e poderia ter uma parada cardíaca”, explica. Enquanto os batimentos aumentavam a frequência, a saturação caía e chegou a 65%.

Para quem nunca ficou doente e só precisou do hospital como paciente nas cesarianas dos filhos Mirian e Gustavo, a moradora do bairro São Francisco Xavier até hoje procura entender o que aconteceu. Sem lembranças dos meses de internação, ela sabe da sua jornada pelos relatos da família. “Eles que me contam, porque não lembro de nada. E isso me emociona toda vez, porque quem sofreu foram eles, não eu.”

Agradecimento

A vitória sobre a doença é creditada pelos Simon à fé e ao atendimento no hospital. “Eu e o Gustavo íamos todos os dias na igreja matriz para rezar. Fizemos grupos de orações até no WhatsApp e rezamos missas. A gente sempre teve muita fé e a Mirian sempre dizia que enquanto a mãe tivesse 1% de chance de vida, ela tinha certeza que ia se salvar”, conta Valter Simon, marido de Siria.

A fé da família não ‘baixou guarda’ mesmo quando as notícias não eram boas. “A equipe médica chegou a nos alertar que talvez não teria volta. Que o caso era muito grave e que a gente era para se preparar para o pior”, revela Mirian.

Mas, com os esforços médicos e de estrutura mantidos e todas as tentativas possíveis de tratamento (o que incluiu nove tipos de antibióticos), Siria acordou no dia 21 de abril, feriado de Tiradentes. Depois disso, foram mais duas semanas na UTI e outras duas no quarto, até receber alta, em 27 de maio. Desde o primeiro atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), no dia 18 de março, até a volta para casa, foram 71 dias de internação.

Siria afirma que, se não fosse o HSSM, seria mais uma estatística triste da Covid. “Eu precisei da UPA, precisei de quarto, precisei de UTI e sempre tive lugar, tudo pelo SUS. O atendimento que recebi de todos do hospital é nota 10 e minha família sempre foi muito bem atendida também.”

Da tomografia feita no início da doença, com 85% dos pulmões comprometidos, até a melhora evidente, como demonstra o exame feito há poucos dias (Foto: Arquivo pessoal)

Expectativa

Passados quase dois meses da alta, ela ainda precisa de sessões semanais de fisioterapia motora e respiratória, mas comemora todas as conquistas, seja uma tomografia sem manchas brancas, seja o simples ato de beber um copo de água (foram meses só com sonda). “São os detalhes mais simples que têm valor. Às vezes a gente esquece do mais importante, que é a vida. Eu vivi de novo.”

Para os planos futuros, Siria quer voltar a trabalhar. Ela é copeira há cinco anos da empresa Prato Feito, que presta serviço para a Alliance One. “Tenho muitos amigos lá e muita saudade de todos. Quero voltar logo.”

“Se não tivesse a UTI no hospital, o que seria de mim? O que seria de tanta gente que precisou e precisa? Temos que agradecer pela nossa UTI e nosso hospital e que Deus sempre os conserve.”

SIRIA SIMON – Copeira, que ficou 53 dias internada na Unidade de Terapia Intensiva do HSSM



Débora Kist

Débora Kist

Formada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) em 2013. Trabalhou como produtora executiva e jornalista na Rádio Terra FM entre 2008 e 2017. Jornalista no jornal Folha do Mate desde 2018 e atualmente também integra a equipe do programa jornalístico Terra em Uma Hora, veiculado de segunda a sexta, das 12h às 13h, na Terra FM.

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