Coincidência ou não, o Dia do Estudante, ontem, marcou uma mudança importante na rotina das escolas. Com a diminuição do distanciamento entre alunos (de 1,5 para 1 metro), confirmado em decreto estadual na segunda à noite, o cenário da sala de aula vai se aproximar muito do que era antes da pandemia. Há um ano e 5 meses, desde o primeiro decreto que suspendeu as aulas, a prática do ensino mudou e, agora, se tem uma tentativa de retomada mais próxima do normal.
A partir da mudança no protocolo sanitário, a recomendação é que, onde houver espaço nas salas, que se volte com 100% das aulas presenciais e terminem as divisões e escalas. Mas, como se trata de uma recomendação, aquelas famílias que ainda entenderem que o filho deve ficar em casa, ou que tenham atestado médico, terão a possibilidade de seguir com o ensino híbrido.
Na rede municipal, onde for possível voltar com a totalidade, assim será feito e a maioria das Escolas Municipais de Educação Infantil (Emeis) e de Ensino Fundamental (Emefs) já viveu uma quarta-feira mais ‘cheia’. “Já estávamos preparados há vários dias para este retorno, com equipação das escolas, alimentação e itens necessários para a volta mais segura possível”, destacou o secretário de Educação, Émerson Henrique.
No caso das Emeis, houve retorno integral das turmas dos níveis II, III, Pré A e Pré B. Já para as turmas dos níveis 1A e 1B, que são os bebês, o 100% presencial aguarda a contratação de professores (veja página 13). Até lá, essas turmas seguem com o escalonamento.
A exceção é a Emei Vó Helma, do bairro Brands. Como ela teve processo recente de contratação de profissionais, depois que o Município assumiu a gestão em 2021, está com o quadro completo. Assim, voltou com todas as turmas ainda ontem.
Só na Emei
Quem comemorou a volta dos 100% é Adriana Cristine Pereira, já que a filha, Isadora, voltará a frequentar a Emei Infância Feliz, no bairro Santa Tecla, todos os dias. A menina completa 4 anos no próximo dia 21 e está no nível III. Nos últimos meses, Isadora frequentou a escola municipal em semanas alternadas e, nos dias que não podia ir, ficava em um turno oposto privado. “Não tinha com quem deixar e esse foi o jeito”, revelou Adriana.
A mãe conta ainda que durante boa parte de 2020 ela ficou com a filha em casa. Com as incertezas sobre a transmissão da Covid e o medo da gravidade da doença, a família decidiu que seria o mais seguro. “Eu ficava em casa durante o dia e quando meu marido chegava, eu ia trabalhar algumas horas à noite”, contou Adriana, que trabalha como repositora e atendente no Super Lenz. “Muita gente precisou se virar, por isso agradeço a empresa que trabalho por ter me ajudado e ao Turno Oposto Arte do Saber por ter cuidado com todo carinho da minha filha.”
Emefs
No Ensino Fundamental, as escolas da área urbana e três do interior (Dom Pedro II, de Linha Hansel, João Cândido, de Linha Marmeleiro, e Professor Adolfo, de Linha Sexto Regimento) retornaram ontem. A medida vale também para as turmas de Educação de Jovens e Adultos (EJA) e para as turmas em salas de cessão de uso. As demais escolas da área rural retornam no dia 16 de agosto, com o roteiro de distribuição de alimentação escolar organizado.
Na Emef Benno Breunig, do bairro São Francisco Xavier, a quarta não foi de tanta mudança. Isso porque desde o ano passado, a escola conseguiu se organizar internamente para atender presencialmente os 234 matriculados. Mesmo com essa possibilidade, cerca de 50 ainda optaram pelo ensino híbrido ou totalmente remoto.
A diretora, Denise de Mello Bick, acredita que a adesão pela volta vai aumentar a partir de agora. “Não só pelo decreto, mas o inverno vai para o fim em setembro e professores e pais já estão vacinados. As famílias estão mais seguras. E aqui seguimos com uso de máscara, álcool gel e controle da temperatura.” Na Benno Breunig, foram duas trocas para comportar todos. As turmas de 6º e 7º anos, foram realocadas para a sala de audiovisual e a biblioteca, respectivamente.
6ª CRE reforça companha de conscientização para o retorno
O coordenador da 6ª Coordenadoria Regional de Educação, Luiz Ricardo Pinho de Moura, destacou o esforço para acelerar a campanha de conscientização com as famílias. “Não podemos obrigar ninguém a voltar, mas o ensino já teve muitas perdas e será necessário um plano de recuperação. Vai ser muito mais fácil recuperar alunos em dificuldade se eles estiverem na sala de aula.”
Moura orienta que se alguma família entender que o filho não pode ir para a escola ou tenha atestado médico, que converse com a direção do educandário. “As escolas precisam saber exatamente quem vai precisar seguir com o remoto. Mas acredito que a maioria vai voltar, onde é possível comportar de acordo com os espaços. Além disso, os professores estão vacinados e os protocolos seguem obrigatórios, com uso de máscara e álcool gel.”
Essa ‘campanha’ também será intensificada nessa semana na Escola Estadual de Ensino Fundamental São Luiz, de Vila Santa Emília. Até agora, apenas o 3º ano, que não é multisseriado, vinha com 100% das aulas presenciais. As demais foram divididas por semana. “Mesmo com a divisão, as crianças sempre vieram. Já estamos ligando para as famílias e acredito que praticamente todos devem voltar normalmente todos os dias”, projetou a diretora, Sandra Knak. O objetivo é que a partir de segunda, 16, os 94 matriculados de 1º a 9º ano frequentem as aulas sem escalas.
O transporte estudantil também tem regras. De acordo com o decreto, pode ser utilizado até 90% da capacidade total do veículo e para transporte fretado está autorizado 100% de utilização do espaço.
Rede privada
O Colégio Bom Jesus já atende, totalmente de forma presencial, a Educação Infantil até o 5º ano do Fundamental, além do ‘terceirão’ do Ensino Médio. Do 6º ano do Fundamental ao 2º ano do Ensino Médio, o modelo era o híbrido, com alternância entre as semanas. Nesses casos, conforme a diretora Inês Schwertner, a semana será para conferências de espaços nas salas. “Talvez haverá turmas que precisarão seguir divididas.” Se houver mudança, ela acontece a partir de segunda, 16.
No Gaspar Silveira Martins, segundo a diretora Alana Roos, as famílias serão comunicadas e, na próxima segunda, 16, todas as turmas voltam com 100%. “Estamos somente organizando as salas e o novo distanciamento”, explica. No colégio, não haverá uma grande mudança, já que tinha condições de comportar a maioria dos alunos. Desde o primeiro semestre, a Educação Infantil até o 3º ano do Ensino Fundamental, além do 3º do Ensino Médio, já frequentavam integralmente.
Com atendimento integral desde maio, o Colégio Coopeva/Oliveira também seguirá normalmente com as aulas. Segundo o diretor, Jair Freitag, dos poucos alunos que estão somente no remoto, a tendência é que os pais também liberem para o ensino presencial.
IFSul
No Instituto Federal Sul-Rio-grandense (IFSul) ainda não há uma definição, já que os campi em todo o Estado têm um comitê central de avaliação. Segundo o diretor do campus de Venâncio, Geovane Griesang, estão em análise atividades excepcionais para algumas práticas fundamentais para o curso. “Estão em processo de aprovação e estamos confiantes de logo conseguiremos voltar ao ensino presencial. Mas não sabemos precisar data para isso, porque é uma decisão em conjunto.”