Indústrias de alimentos e bebidas estão enfrentando algumas restrições no trabalho em relação às embalagens de vidro e os impactos já são sentidos nas agroindústrias locais. A Conservas Janaína, de Linha Arroio Bonito, em Mato Leitão, teve que embalar os pepinos, ovos de codorna e demais conservas em vidros verdes.
Conforme um dos sócios da empresa, Alexandre Augusto Schmitt, 22 anos, em março foi percebida a falta do vidro transparente, porém desde junho houve um agravamento na distribuição de vidros transparentes para conservas. “É um conjunto de acontecimentos, que desde o fim do ano passado estão levando à falta do vidro. A gente faz o pedido de compra de uma carreta de vidros, mas dificilmente vem metade da carga. Literalmente estamos percebendo uma falta nas embalagens”, cita.
Schmitt explica que existem alguns fabricantes de vidro de conserva no Brasil. “A gente conhece três e, em todos, estamos visualizando esse problema. Além disso, importamos vidros da Argentina, mas lá também estamos tendo dificuldade de compra.” Em outubro, a Conservas Janaína completa 28 anos e, segundo o sócio, esse é um dos piores momentos no ponto de vista das embalagens. “Nunca passamos por isso em outra ocasião. Em 2018 até teve uma falta de vidro, mas a gente tinha um estoque e estava importando. Mas agora a falta é generalizada, porém temporária”, comenta.
Qualidade
Como solução, a empresa teve que adotar o uso do vidro verde. “Não tem muita escolha, é o único que tem”, diz Schmitt. Dessa forma, o consumidor já encontra produtos de conservas em vidros verdes. “A embalagem mudou, mas a qualidade e o produto permanecem os mesmos. Até cogitamos utilizar outras embalagens como plástico, mas percebe-se que não se tem uma aceitação boa como o vidro verde. O consumidor demora em aceitar a ideia da troca de embalagem”, salienta.
10 mil – é a quantidade diária de vidros utilizados pela Conservas Janaína no pico de produção.
Essa medida, segunda o sócio das Conservas Janaína, seria temporária. “A gente sabe que não vai ser resolvido a curto prazo. A empresa acredita que a solução deve vir até outubro. Torcemos por isso, pois é nessa época que temos o pico de produção, temos vários produtores daqui que produzem pra gente. É todo um ciclo”, conclui.
“Tem sido bem desafiador. Percebemos uma grande falta de insumos. A gente torce que essa demanda do vidro se resolva até outubro, pois o problema já deixa algumas noites de sono perdidas.”
ALEXANDRE AUGUSTO SCHMITT
Sócio das Conservas Janaína
Caso parecido
• Em 2018, as agroindústrias já tiveram problema para adquirir os vidros de conservas. Na época, a solução foi importar da Argentina. Porém, o vidro que custava R$ 0,83, foi entregue a R$ 1,03 aos produtores, incluídas as taxas de importação e impostos, o que encareceu em R$ 3 o valor de uma caixa com 15 unidades. Isso ocorreu, pois as empresas Brasileiras passaram a fabricar vidros para uma cervejaria e uma fábrica de refrigerantes.
CUSTOS ELEVADOS
- A proprietária das Conservas Peiter, de Linha Marechal Floriano, interior de Venâncio Aires, Camila Ramos, comenta que a agroindústria ainda tem um estoque de vidros transparentes, mas que está indo para o fim. “A gente escuta falar que em outubro é para eles produzirem o vidro transparente de novo, essa é nossa expectativa.”
- Mas o que vem preocupando Camila e também outras agroindústrias é o reajuste nos valores dos vidros e tampas. “Em um mês tivemos vários reajustes no vidro e na tampa, e o preço das conservas não tem como ficar acompanhando o reajuste da indústria. Sem contar que a gente entrega para o consumidor, então tem mais o custo da gasolina e deslocamento. É bom a gente falar e mostrar para o consumidor os custos que o proprietário de agroindústria tem”, enaltece.
- Para o sócio da Conservas Janaína, Alexandre Augusto Schmitt, além da dificuldade de encontrar o vidro outro problema é a elevação do custo de produção. “ São valores descolados da realidade. Mal conseguimos repassar um reajuste e vem outro. Já o salário mínimo não aumenta da mesma forma. Tem sido desafiador produzir nos últimos meses”, conclui.
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