O mês de setembro é sempre movimentado para os estudantes no velho continente pois marca o início do ano letivo na maioria dos países desse lado do oceano. A volta às aulas neste ano continua sendo afetada pela pandemia. Embora boa parte dos países europeus esteja com o programa de vacinação de adultos quase completo, a maioria da população jovem, até 15 anos, ainda não recebeu a vacina contra Covid pois aguardam a aprovação científica dos órgãos competentes. Durante as longas férias de verão aqui os europeus pareciam ter voltado à vida normal com programação cultural intensa, principalmente de eventos ao ar livre. O retorno à sala de aula com milhares de adolescentes não vacinados, sem regras de distanciamento social, sistema de “bolhas” para evitar o contato com outros alunos, ou uso de máscara, que deixaram de ser obrigatório neste início de ano letivo, está se tornando um grande desafio aos líderes europeus. Na Inglaterra, por exemplo, onde alunos acima de 11 anos fazem teste rápido duas vezes por semana, o número de casos positivos aumentou significativamente desde o início de setembro. Quase todas as escolas estão sofrendo com muitos alunos em quarentena devido a Covid. As universidades britânicas iniciam mais tarde, em outubro, e a preocupação maior de cientistas e líderes no setor da saúde é uma onda devastadora com casos de novas variantes entre a população jovem na terra da Rainha.
O colégio interno Stowe, com 830 alunos entre 13 e 18 anos, localizado no condado de Buckinghamshire na Inglaterra, e onde nossa filha Sophia, 15 anos, atualmente estuda no 11º ano é um dos estabelecimentos de ensino na Inglaterra tendo que lidar com grande número de alunos positivos. Na turma da Sophia são mais de quinze alunos em isolamento, e a cada dia aumenta, inclusive ela testou positivo no início deste semana. Felizmente, ela apenas apresentou sintomas leves como febre e dor de cabeça durante os dois primeiros dias. A quarentena para alunos positivados é de dez dias a partir do primeiro dia de sintoma. Ou para aqueles assintomáticos, o período começa a contar partir de dois dias antes do teste positivo.
A maioria dos alunos cumpre a quarentena em casa, seguindo o currículo online, mas como o colégio Stowe tem ensino em regime de internato com vários estudantes internacionais, muitos ficam na própria escola na ala de isolamento do centro médico do colégio. O sistema de educação inglês é bem diferente da estrutura de ensino no Brasil. O ano letivo nas escolas é dividido por trimestres (term, em inglês) e é marcado por um calendário de férias bem generoso. Os alunos ingleses têm férias em outubro (uma semana para escolas do Estado, duas para escolas particulares), em dezembro (duas ou três semanas), em fevereiro (uma semana), em março/abril, dependendo da Páscoa (duas ou três semanas), maio (uma semana) e finalmente em julho encerra o ano letivo para a longa pausa de verão. Para compensar tanta folga durante o ano os alunos passam, praticamente, o dia todo na escola, das 8.45 às 15.15 no sistema público. Nas escolas particulares o dia é ainda mais longo e intenso nos colégios que ensinam em regime de internato. Devido ao aumento súbito de casos, o governo britânico deve prolongar o recesso de outubro com um mini-lockdown para os estudantes ingleses.
Flores para os professores!
O início do ano letivo na Lituânia, desde o maternal ao ensino superior, é marcado por uma tradição do tempo em que o país fazia parte da União Soviética. No dia 1º de setembro, conhecido como “dia da ciência e do conhecimento”, alunos levam flores para saudar os professores, geralmente palmas-de-santa-rita, ou gladíolos, que sempre tiveram seu simbolismo ligado à força e energia. Entre os milhares de alunos na Lituânia que retornaram à escola na última semana carregando uma palma para os maestros, encontravam-se Izabela, 5 anos e Lukas, 3 anos. Eles são filhos do lituano Donatas e a brasileira Tatiane Ruikis, residentes em Klaipeda, terceira maior cidade do país. O primeiro dia de setembro é também comemorado com várias cerimônias e festas estudantis. Para evitar bebedeira entre os estudantes no primeiro dia do ano letivo, há alguns anos o Seimas (Parlamento da Lituânia) proibiu a venda de bebida alcoólica nos supermercados neste dia. A lei provocou polêmica entre os lituanos, a maioria foi contra tal medida pois acreditam que os jovens compram a bebida de qualquer forma, no dia anterior! No entanto, a proibição de venda continua em vigor e é válida para lojas e supermercados, enquanto a consumação em bares e restaurantes está liberada.
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