Com a Feira do Livro movimentando os venâncio-airenses neste fim de semana, peguei o gancho do tema da leitura para falar sobre a Biblioteca Bodleiana na cidade universitária mais famosa do mundo. Oxford foi uma das primeiras cidades que conheci logo que cheguei na terra da Rainha há 27 anos e continua sendo até hoje uma das minhas cidades favoritas. Situada a 90 quilômetros de Londres, bem no coração da Inglaterra, é uma cidade a ser descoberta sem pressa. Além de histórica, a cidade exala jovialidade com mais de 30 mil estudantes. O nome Oxford deriva do inglês arcaico com declinação, “oxa” que significa gado e “forda” traduzido como riacho. Ou seja, um vilarejo recortado pelo pequeno córrego por onde o rebanho podia atravessar. Hoje em dia pouco se vê do tal vilarejo pois Oxford se transformou numa cidade cosmopolita.

Há mais de nove séculos a cidade abriga a universidade de mesmo nome e reconhecida mundialmente. Formada por 38 colleges (faculdades) a Universidade de Oxford é a mais antiga no mundo anglofônico e por ali já passaram intelectuais e personalidades famosas de todo planeta. Ao passear pelas ruelas antigas a sensação é de estar entrando num cenário de filme. As principais construções remetem ao século XIII e XIV, transpirando esplendor de outros tempos. Na última semana, de volta à Inglaterra para o recesso do calendário escolar britânico, aproveitamos para retornar à magnífica cidade universitária, dessa vez para visitar a Biblioteca Bodleiana, uma das mais antigas do mundo. Eu adoro descobrir a história dos lugares visitando museus e bibliotecas. Em Oxford, o passeio não decepciona pois trata-se de um centro fascinante para os amantes de livros e história! A Biblioteca Bodleiana é, na verdade um conjunto de bibliotecas. Destaca-se em todos sentidos, seja pela incrível coleção de mais de 13 milhões de títulos, inclusive a bíblia original de Gutenberg e exemplares da Carta Magna estão no acervo; seja pelos 400 anos de história, reunindo o conhecimento humano em nada menos que 28 bibliotecas com um total de 176km de estantes carregadas de livros e manuscritos. É a segunda maior no país, depois da biblioteca Britânica, em Londres. Além de tudo, distingue-se pela arquitetura espetacular, digna de filmes e seriados. E por falar neles, Oxford já serviu de cenário para vários filmes, entre eles a série Harry Potter. A Escola da Divindade, situada no conjunto arquitetônico da biblioteca de Bodleian, serviu como hospital de Hogwarts. É um ícone da universidade de Oxford, construído entre 1424 e 1483, bem antes de o Brasil ser descoberto, e uma das câmaras de estudo mais antigas da faculdade. A construção em estilo gótico inglês é simplesmente impressionante, marcada pelos arcos no teto de abóboda e janelas gigantescas. A câmara era usada para exames orais e debates fervorosos do curso de Teologia durante os séculos XV e XVIII. Hoje em dia o local pode ser alugado para casamentos e recepções, além da visitação pública.

A Biblioteca Bodleiana foi inaugurada em 1602 quando Thomas Bodley (está aí a origem do nome) doou sua coleção e resgatou os primeiros acervos que já estavam à disposição em 1447 quando o duque Humphrey doou 281 manuscritos à faculdade. A biblioteca medieval de Humphrey está localizada acima da Escola da Divindade mas restam somente três títulos originais. Em poucos segundos depois de subir a escadaria de madeira, viajamos rapidamente no tempo ao chegar na incrível biblioteca de Humphrey. Tudo tem cheiro de história, desde a mobília de madeira até o teto decorado com brasões das faculdades. Antigamente os leitores não podiam emprestar os livros, e o local era escuro, sem aquecimento. Mesmo assim, estudantes de todo mundo vinham ler neste local extraordinário. E continuam até os dias de hoje! Um passeio formidável, fora de Londres, e que vale muito à pena.
Fim do horário de verão
Neste fim de semana os relógios europeus voltam uma hora, marcando o fim do horário de verão no velho continente. A partir deste domingo até o último domingo de março o fuso horário entre a Inglaterra, e também Portugal, é de três horas à frente do Brasil. Com a Lituânia e países bálticos são cinco horas de diferença e quatro horas com a maioria dos outros países europeus.
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