Delegacia de Venâncio registra 39 casos de violência doméstica em 21 dias

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O mês de novembro ainda não terminou e a Polícia Civil (PC) registrou um recorde de casos de violência doméstica. Até a tarde de ontem, 39 mulheres haviam procurado a Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) para denunciar que foram vítimas de um tipo de agressão. Se juntarmos com o mês de outubro, já são 72 denúncias que violam a Lei Maria da Penha, em menos de dois meses. E destas, em três casos houve descumprimentos e os autores foram presos e encaminhados ao sistema prisional.

Levando-se em consideração que o primeiro registro neste mês foi feito no dia 3, chega-se ao número de quase dois casos a cada dia. Na verdade, há uma média de um registro por dia, entre a manhã da segunda-feira e a tarde da sexta-feira, aumentando potencialmente nos finais de semana, quando o número de ocorrências fica entre cinco e nove.

As denúncias são as mais variadas, mas a maioria dos casos têm a relação ciúmes/bebidas alcoólicas como preponderante. “Na maioria dos casos os homens não aceitam o fim do relacionamento, sentem ciúmes da companheira e ingerem bebidas alcoólicas em excesso”, observa o delegado Vinícius Lourenço de Assunção.

Apesar do elevado número de casos que semanalmente chega ao conhecimento da Polícia Civil, o delegado Vinícius acredita que muitas vítimas ainda sofrem caladas. São questões de medo, vergonha e dependência financeira que impedem as vítimas a denunciar seus agressores. “Muitas vezes elas nao têm para onde ir e acabam aceitando o relacionamento”, observa o titular da DPPA.

Na cadeia

Mas as mulheres que procuram a PC e pedem ajuda têm amparo legal para mudar de vida. A Brigada Militar (BM) atua com a Patrulha Maria da Penha, que dispensa um atendimento diferenciado às vítimas, fazendo um acompanhamento periódico. “E em caso de algum descumprimento, elas [vítimas] devem entrar em contato imediatamente, informando que já têm as medidas protetivas, que uma guarnição irá ao encontro delas”, explicou a capitão Michele da Silva Vargas.

Prova disso aconteceu na noite da terça-feira, 23. Um homem de 46 anos foi preso em flagrante pela BM, por descumprir as medidas protetivas da Lei Maria da Penha. A vítima ligou para a BM, informou o que estava acontecendo e uma guarnição foi ao local e prendeu o indivíduo em flagrante.

A denúncia dizia que o homem estava embriagado e havia invadido a casa da ex-companheira, no bairro São Francisco Xavier. A mulher e os filhos menores o avisaram que ele estava infringindo a lei e que poderia ser preso, mas o homem não deu atenção e foi tomar banho. Antes de sair da casa, voltou a ameaçar a mulher de morte.

Uma guarnição o encontrou a uma quadra da casa da vítima, sendo que a determinação judicial é que ele permanecesse, ao menos, 500 metros longe da casa da ex-companheira. Preso em flagrante, o homem de 46 anos foi apresentado na DPPA, onde o delegado Vinícius Lourenço de Assunção o autuou em flagrante por ameaças e pelo descumprimento das medidas protetivas.

Além disso, o delegado representou pela prisão preventiva do homem. “O flagrado não dá sinais de que pretende obedecer as medidas protetivas fixadas pelo Poder Judiciário, situação que põe em risco a integridade física e a tranquilidade da vítima”. O preso foi encaminhado à Penitenciária Estadual de Venâncio Aires (Peva).

“Muitas vítimas não têm para onde ir e acabam aceitando aquela situação de medo e constrangimento.”

vinícius l. de assunção
Delegado, titular da DPPA



Alvaro Pegoraro

Alvaro Pegoraro

Atua na redação do jornal Folha do Mate desde 1990, sendo responsável pela editoria de polícia. Participa diariamente no programa Chimarrão com Notícias, com intervenções na área da segurança pública e trânsito.

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