Um projeto pioneiro e que deve garantir ainda mais desenvolvimento para Linha Brasil – bem como para as localidades próximas – e movimentar o setor madeireiro da Capital do Chimarrão começou a ser implementado. A mola propulsora da iniciativa é a Haas Madeiras, empresa sediada na região de Linha Brasil e que, antevendo a necessidade de mais matéria-prima para um futuro não tão distante, se posiciona como protagonista na criação do Polo Florestal dos Vales. A Haas planeja completar o ciclo da madeira (da produção à comercialização) nos próximos anos e, além de plantar as próprias árvores, vai estimular produtores para que façam o mesmo. “Vamos dar as mudas e orientação, pois queremos ter uma madeira de qualidade e padronizada, que mais para a frente pode ter até um selo”, explica o diretor Junior Haas.
De acordo com ele, a empresa iniciou as suas atividades trabalhando com madeira nativa e, a partir dos anos 70, com as ações de governo voltadas para o interior do Brasil, a madeira da Amazônia foi a que dominou o mercado, em razão do seu preço competitivo. Agora, o foco é a madeira plantada. A expansão da Haas – uma segunda fábrica para produzir pellets já está concluída e também serão construídos uma serraria e o centro administrativo em Linha Brasil – aponta para necessidade de garantia de matéria-prima para atendimento da demanda de mercado. “Temos todo um complexo para desenvolver e entendemos que o plantio de florestas pode agregar na forma de diversificação e inclusão de ainda mais pessoas na cadeira produtiva. Os produtores mantêm a atividade principal, como tabaco e frango, e podem passar a ter renda proveniente de áreas que, atualmente, não geram qualquer recurso na propriedade”, diz.
Junior se refere a terrenos acidentados e pedregosos de Linha Brasil e arredores, que normalmente não são utilizados para a agricultura, mas servem para receber florestas. “A rigor, de 10 em 10 anos a madeira pode ser cortada. Costumo dizer que é o mesmo que trocar de carro a cada 10 anos ou, no mesmo período, praticamente garantir a faculdade de um filho”, comenta. O projeto é audacioso e, conforme o diretor da Haas Madeiras, pode colaborar para evitar o envelhecimento da população do interior e o abandono de lavouras, além de contribuir como incremento da rota turística da região da serra de Venâncio Aires. “Temos muitas pessoas da comunidade que trabalham conosco e a empresa cumpre o seu papel social, seja auxiliando a reforma da igreja, consertando uma ponte ou apoiando atividades esportivas, entre outras coisas. A formação deste sistema integrado fortalecerá ainda mais as nossas relações”, completa.
Legislação
Segundo o administrador da Haas Madeiras, Charles Fengler, mudança recente na legislação passou a permitir que áreas de até 40 hectares tenham suas licenças encaminhadas não mais pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), mas pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural. Alteração que, na opinião de Fengler, facilita a regularização das propriedades no sentido da habilitação para o plantio de florestas. “Estamos em expansão, prontos para ganhar escala e temos oportunidade para os produtores”, reforça. Ele acredita que Venâncio Aires, a partir da consolidação da iniciativa, pode se tornar referência na produção de madeira para Lajeado e Santa Cruz do Sul, principalmente. “As pessoas que tiverem interesse em fazer parte do projeto precisam ter as áreas regularizadas e com um mínimo acesso viável”, argumenta.
“Estamos pensando, logicamente, nas questões que envolvem a empresa, o mercado e o setor. Mas é inegável que uma empresa, quando se consolida em uma localidade do interior, fortalece seus laços com a comunidade na qual está inserida e contribuiu para o amplo desenvolvimento. Este projeto é uma oportunidade para as pessoas que querem gerar renda, absorver conhecimento e replicar boas práticas na sociedade.”
JÚNIOR HAAS – Diretor da Haas Madeiras
Apoio garantido
Na quinta-feira, 16, o prefeito Jarbas da Rosa e o ex-prefeito Airton Artus estiveram na empresa, em Linha Brasil, para conhecerem um pouco mais acerca do projeto do Polo Florestal dos Vales. Artus ficou sabendo da iniciativa durante uma de suas lives, justamente quando o convidado foi o diretor da Haas Madeiras, Junior Haas.
Assim que percebeu a intenção da empresa e os benefícios que a criação do polo poderiam trazer para o setor madeireiro e também para a comunidade, Artus se colocou à disposição para colaborar no que fosse necessário. Pré-candidato a deputado estadual pelo PDT, ele acredita que poderá atuar a favor do polo caso seja eleito em 2022.
No encontro com os representantes da Haas, o prefeito de Venâncio Aires garantiu apoio total ao projeto. Ele e Artus já conversaram, inclusive, sobre a possibilidade de criação de um departamento específico na Secretaria de Desenvolvimento Rural, como forma de agilizar as demandas que irão surgir com a implementação da iniciativa.
Jarbas aproveitou para anunciar, em primeira mão, que recebeu resposta positiva da Secretaria do Tesouro Nacional (STN) em relação ao financiamento de R$ 12 milhões que pretende fazer junto ao Badesul para pavimentar a Estrada Velha de Santa Cruz, que liga o bairro Bela Vista a Linha Hansel, na RSC-287.
O trajeto é de extrema importância para as operações da Haas e de outras empresas sediadas na ERS-422 e demais localidades que a cercam, pois reduzirá drasticamente o fluxo de caminhões e de veículos pela região central de Venâncio Aires. “Quando tivermos esta estrada asfaltada, a Haas, por exemplo, poderá encaminhar seu fluxo pela 422, seguir pelo Corredor dos Gauer, que já tem asfalto, e chegar à 287 pela Estrada Velha”, projeta o prefeito, acrescentando ainda que há previsão de uma ciclovia para o trecho.
“É um projeto espetacular. Estamos falando do sistema integrado da madeira e do desenvolvimento do interior do nosso município, além de todo o investimento que a empresa está aportando.”
AIRTON ARTUS – Ex-prefeito de Venâncio Aires
Contato
• Mais informações podem ser obtidas no site haasmadeiras.com.br, no link ‘Fomento Florestal’, ou pelo telefone/WhatsApp (51) 99977-7422.
Prosperidade que traz orgulho e alegria
O ciclo completo da madeira em Venâncio Aires beneficiará o setor como um todo. Não somente a gigante Haas, mas também empresas como a Parkert Fábrica de Esquadrias, que fica localizada em Linha Brasil, bem perto da Haas. O fundador Odilo Parkert, 84 anos, se diz orgulhoso por ver o setor prosperando. “Quando eu vim pra cá, comecei com uma serraria no porão de casa. Trabalhava com madeira para carroça”, recorda.
Mais tarde, lembra a esposa de Odilo, Erica Parkert, 79 anos, a empresa expandiu as atividades e passou a trabalhar com móveis e aberturas. Hoje, a fábrica é gerenciada pelo filho do casal, Eduardo José Parkert, que conta com o apoio de mais três funcionários: Luis Carlos Eisermann, Cesar Brandt e Marcos Uhlmann. “É uma alegria ver os negócios indo adiante. A Haas está crescendo e, com este projeto, certamente vai oportunizar benefícios para as empresas do setor e também para a nossa comunidade”, projeta ela.
Números
• De acordo com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural e Emater/RS-Ascar, Venâncio Aires chegou a 234 hectares de área utilizada para produção de madeira para corte em 2021.
• O setor madeireiro é responsável por 0,65% do Valor Bruto da Produção Agrícola (VBPA) da Capital Nacional do Chimarrão, o que equivale a quase R$ 2,2 milhões.
• Os dados constam na revista Perfil Socioeconômico, que teve a edição 2021/2022 lançada recentemente pela Folha do Mate e Terra FM.
“Acho uma oportunidade bárbara”
Chefe do escritório municipal da Emater/RS-Ascar, Vicente João Fin, é outro entusiasta do projeto. De acordo com ele, a iniciativa da Haas Madeira é de extrema importância para deflagar o processo de “ciclo completo da madeira”. Ele argumenta que o tema já havia sido tratado em oportunidades anteriores e que é fundamental incluir no contexto o maior número possível de empresas do setor, Prefeitura (secretarias de Desenvolvimento Rural e de Meio Ambiente), Emater e viveiristas, entre outros interessados.
“Acredito que podemos não ter matéria-prima disponível em dois anos, se a demanda de hoje for mantida. Buscar madeira em um raio de mais de 80 quilômetros torna-se complicado para qualquer empresa, por isso, se o projeto se concretizar, será uma maravilha. Acho uma oportunidade bárbara”, afirma. Fin salienta que o Polo Florestal dos Vales vai contribuir não apenas para atender a demanda do setor e aumentar o número de empregos à disposição, mas também para atrair investimentos e melhorias para as estradas e propriedades”, observa.
Iniciativa que faz a diferença
• Segundo o superintendente da Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci), Paulo Pupo, iniciativas como esta que está sendo desenvolvida em Venâncio Aires fazem a diferença. Ele destaca que o plantio de florestas por meio de fomento e parcerias em pequenas e médias propriedades é fundamental para o efetivo desenvolvimento e aumento de florestas plantadas no Brasil.
• Para Pupo, programas municipais de fomento, unindo o setor privado a entidades locais, prefeituras e secretarias, bem como o envolvimento de órgãos de extensão rural, que já possuem uma base ampla de informações de propriedades rurais, integram a receita correta e mais viável para o desenvolvimento de plantios florestais. “Ações como esta garantem no futuro o suprimento florestal industrial”, reforça.
• O superintendente observa que o setor de base florestal representa uma importante fatia do Produto Interno Bruto (PIB) nacional e de estados com vocação para o plantio, como é o caso do Rio Grande do Sul. “São vários os destinos da madeira, como a indústria de produtos madeireiros processados, dentre os quais madeira serrada, laminados e compensados, molduras, componentes, embalagens, portas, pisos e pellets, assim como uso em energia e biomassa para diferentes setores industriais, que garantem a geração de emprego e renda e arrecadação de tributos”, salienta.
• O representante da Abimci diz ainda que “em um município que consiga manter ou ampliar a sua base florestal de forma sustentada, todos ganham. Iniciativas locais, como esta em Venâncio Aires, fomentam novas ideias, investimentos, abertura de empresas e ganho de economia em escala”.