Quem chega na casa de Maria Inês Pappen, 62 anos, no Centro de Venâncio Aires, não acredita que, por ali, também há estiagem. O verde da grama, as árvores frondosas e os temperos e chás vistosos nos canteiros mostram que, por ali, não falta água.
Não é por acaso. A casa de Inês é um exemplo no reaproveitamento e na economia de água. Com atitudes que já entraram na rotina, ela desenvolveu uma verdadeira estratégia para reutilizar a água da chuva, da máquina de lavar roupa e até mesmo da louça. “Aqui em casa, não vai um copo de água fora”, garante.
Uma bacia disposta dentro da pia recolhe toda a água de enxague dos pratos, panelas e talheres. Antes disso, retira caprichosamente todos os restos de alimentos das louças. Assim, apenas água e sabão sobram no recipiente. Assim que ele enche, a água já ajuda a irrigar as laranjeiras dos fundos de casa e as verduras da horta.
Com a água resultante da lavagem de roupas, o processo é semelhante. Ela guarda a água em baldes grandes, com algumas gotas de alvejante, para evitar mau cheiro, e utiliza na limpeza do chão. “Na maioria das vezes a roupa não está muito suja, apenas suada, não tem porque não utilizarmos a água que sobra”, comenta.
“O cuidado com a água deveria estar intrínseco nas pessoas. Ela é nosso bem maior e a previsão é de que a cada ano as condições piores, com estiagem. Mas cada um pode fazer a sua parte. Não dá serviço, é um prazer. Minha vontade é cada vez cuidar mais.”
MARIA INÊS PAPPEN – Aposentada
Quem ganha com isso é Inês, com uma conta de água acessível, mas especialmente a natureza e o abastecimento de água como um todo. “Não é pelo valor que vai ser pago, mas pelo que vai embora desnecessariamente, pelo valor que é desperdiçado”, observa a aposentada e empreendedora do ramo de alimentação.
Com a motivação que aprendeu com os pais, Antônio e Helma Pappen, e também inspirada na avó Olívia Pappen, que “foi uma sábia mulher para o seu tempo, com muito zelo pela natureza”, Inês define que, o que para alguns pode ser perda de tempo, para ela é um prazer. “Eu sempre quero poder ‘perder tempo’ com isso. Tenho um carinho muito grande pela água. Água e ar são elementos vitais. Está na mão de cada um cuidar ou desperdiçar. Preciso fazer minha parte e passar esse valor para meus filhos e netos”, acredita.
Inês, aliás, já está tão acostumada com a rotina de ‘guardiã da água’ que, quando alguma visita se oferece pra lavar a louça, ela já se adianta: “deixa que eu mesma lavo, já tenho meu jeito.” O ouvido também fica espichado quando ouve alguma torneira aberta demais. “’Estourou um cano por aí?’, já brinco, quando vejo alguém com a torneira muito aberta, jorrando água. Podemos usar apenas o suficiente, se não muita água acaba indo fora. O banho também não precisa ser tão longo. São detalhes que fazem a diferença”, defende a aposentada.
Recolhimento de água da chuva
Há anos, Inês também tem uma caixa d´água de 500 litros, nos fundos do terreno, onde recolhe água da chuva das calhas da casa. Em breve, terá mais um reservatório de mil litros. “Quando chove, também coloco baldes para recolher a água. É uma riqueza que não pode ser desperdiçada.”
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