Em frente ao Parque do Chimarrão, no pórtico de acesso à cidade, no Distrito Industrial e no Loteamento Serafim no bairro Bela Vista. Esses locais já registraram reclamações de moradores sobre aglomerações de jovens ouvindo som alto, consumindo álcool e fazendo rachas. As queixas são as mesmas dos moradores do Loteamento Quinta do Parque, próximo ao Parque do Chimarrão, ponto mais recente do chamado ‘pico’.

“Faz alguns meses que está acontecendo, nas quintas, sextas e sábados. Rachas de moto e carros, som alto da meia-noite às 9h. Jovens consumindo bebida alcoólica, fazendo as necessidades em construções e deixando muito lixo espalhado.” O relato é da empresária Silvane Gomes, 60 anos, que mora no loteamento Quinta do Parque.
O ponto referenciado por ela é o trecho dos pavilhões usados por tabacaleiras entre o Acesso Imperatriz Dona Leopoldina e a Avenida Ruperti Filho. Segundo Silvane, cerca de 90 pessoas se aglomeram no local algumas noites da semana e vão embora quando o sol já está alto.
O marido dela, o empresário Adilor Adams, 72 anos, destaca a quantidade de adolescentes no grupo. “Tem jovens de 12, 13 anos, muitas meninas. E não estão tomando cerveja. Bebem vodca, uísque e até outras drogas já foram vendidas no local. Sem falar que muito do lixo que deixam, o vento leva em direção ao Acesso. Justo na entrada da cidade acumula toda essa sujeira.”
Improviso
São cerca de 14 famílias que moram no loteamento e alguns moradores já contataram a Brigada Militar. Letícia de Carvalho, 29 anos, e Leonel Huyer, 38, relataram as mesmas queixas. O casal tem uma filha de dois anos e comenta que o som vindo dos carros é tão alto, que vidros e janelas tremem dentro de casa.
Outro vizinho, Alexandre Kochhann, 29 anos, já precisou improvisar outro quarto para dormir e usar tampões para os ouvidos. “Eu preciso levantar todo dia às 5h, e não consigo dormir. Já tentei dormir em outra peça, nos fundos de casa, mas não adianta”, conta Kochhann, que é gerente industrial em uma empresa de Candelária.
Por enquanto, os moradores dizem que esperam pelo bom senso desses jovens e providências dos órgãos responsáveis, mas não descartam recorrer diretamente ao Ministério Público para buscar uma solução.
Registro para ajudar na identificação
A situação no Loteamento Quinta do Parque não surpreende a Brigada Militar e o tenente Leandro Altermann informa que tem ocorrido patrulhamento e abordagens no local. No entanto, segundo ele, ainda é preciso que os moradores, quando fizerem alguma denúncia, façam o registro disso.
Na prática, desde a revogação da lei que trata da contravenção penal de perturbação da tranquilidade, em 2021, foi mantida apenas a perturbação do sossego. E, para este caso, é preciso de um registro simples de identificação da pessoa. “Quando não há identificação, o serviço é prejudicado. Vamos até lá, mas se não tivermos alguém que fale e ajude a identificar as situações indicando um carro, uma pessoa, uma placa, teremos dificuldade de constatar alguma infração.”
Ainda conforme o tenente, a Brigada Militar precisa filtrar as prioridades. “Estamos com o efetivo bem menor devido à Covid e à Operação Golfinho e há ocorrências mais graves e complexas, como roubos e furtos. Temos que priorizar outros atendimentos. Mas é importante que a comunidade saiba que nós sempre vamos averiguar, mas precisamos que nos ajudem fazendo o registro.”

Proibido estacionar
Em outros locais chamados de ‘pico’ e que geraram muitas reclamações de moradores, foram tomadas algumas medidas em conjunto entre Brigada Militar, Departamento de Trânsito e a Secretaria de Segurança Pública de Venâncio Aires.
Além das operações, uma das alternativas foi a instalação de placas proibindo o estacionamento em determinadas ruas das 22h às 6h. Isso aconteceu no Loteamento Serafim, no Distrito Industrial e também próximo ao Loteamento Quinta do Parque. Mas, neste último, segundo os moradores, não está sendo respeitado e, por isso, eles cobram maior fiscalização.
Sobre isso, o coordenador do Departamento de Trânsito, sargento Jair Garcia, explica que as equipes não circulam à noite por falta de efetivo, a não ser quando ocorre alguma operação com a Brigada. “Dentro do que é possível, é feita fiscalização e quando se identifica a infração, são autuados. Estacionar nesses locais é multa gravíssima e se não tirar o veículo, pode ser guinchado.”
Sem local
Ter um local próprio para jovens ouvir som nos carros é discutido há alguns anos em Venâncio e já chegou a ser tema de audiência pública. Conforme a prefeita em exercício, Izaura Landim, a questão é complicada. “Um local para isso? Não tem solução neste momento. Precisamos sim reforçar a fiscalização, ainda mais que se tratam de aglomerações em plena pandemia. É preciso bom senso desses jovens e à comunidade que está sendo prejudicada pedimos para ajudar registrando as ocorrências.”