Entre as vidas que estão diretamente conectadas com a biblioteca, está a de Geiza Borgmann Liebstein, 70 anos, a primeira funcionária da instituição. Ela conta que foi uma indicação de seu cunhado que a fez conquistar o emprego. “Comecei em 1º de maio de 1973, com 21 anos. Foi o meu primeiro emprego de carteira assinada”, destaca.
No início, começou sob a orientação de uma bibliotecária formada que vinha aos sábados pela manhã para ensinar como catalogar e organizar tudo. “O resto era tudo comigo. Naquela época, se catalogava bastante por autores, fui aprendendo e fiquei durante quatro anos servindo a comunidade.”
Entre as funções, estava atender o público, colocar os livros na estante, datilografar alguns materiais e registrar tudo a mão. “Era tudo muito cru e nu, eu precisava criar, fazer algo para chamar atenção, como cartazes. Não tinha muitos leitores na época, eu ficava praticamente sozinha, vinha um ou outro, porque todos trabalhavam durante o horário comercial. Com isso, aprendi bastante sobre livros, autores e como catalogar.” A professora aposentada estima que o acervo tinha cerca de 15 mil livros na época.
Enquanto os leitores ainda eram bem poucos, Geiza aproveitava todo o tempo livre na biblioteca para se dedicar à leitura. “Eu lia muito, quando chegava uma remessa nova eu era a primeira a ler. Saía mais rica de conhecimentos. Aproveitava todo o tempo que podia.”
Com relação aos leitores, lembra que meninas retiravam mais romances e eram pouquíssimos meninos leitores. No entanto, ela recorda de Armênio Correa Lima, que ia todos os dias até a biblioteca, quando tinha 11 e 12 anos. “Ele sempre chegava e pedia para mim se podia pesquisar sobre algo. Eu deixava com muita felicidade”, relembra. Outro destaque do período foi a Enciclopédia Barsa. A antiga funcionária conta que vez ou outra apareciam pessoas procurando algo. “Podemos chamar de Google daquela época”, brinca.
“Sempre fui leitora, desde pequena já lia revistas e tudo que vinha nas mãos. Meu sonho era ser professora de letras, e consegui realizar após o meu trabalho na biblioteca. Até hoje leio muito, com 70 anos continuo lendo e fazendo palavras-cruzadas. A leitura é fundamental na vida do ser humano.”
GEIZA BORGMANN LIEBSTEIN
Primeira funcionária da biblioteca
Autores preferidos da Geiza:
“A literatura brasileira é diferente. O José de Alencar foi o meu primeiro amor literário”
- Machado de Assis
- Érico Verissimo
- Fabrício Carpinejar
- Graciliano Ramos