O Dia do Profissional de Contabilidade é comemorado na próxima segunda-feira, 25, e a profissão foi instituída em maio de 1926, por João de Lyra Tavares, o patrono dos profissionais da área. De acordo com dados do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), o Brasil conta com 522 mil profissionais atuando. Em Venâncio Aires, segundo a Associação de Contabilistas (Asconva), são 122 contabilistas ativos, entre técnicos e contadores.
A data de 25 de abril foi oficialmente estabelecida como Dia do Contabilista em 23 de maio de 1979, com a Lei Estadual nº 1.989. Ela foi alterada em abril de 2012, quando o CFC determinou que o Conselho Federal de Contabilidade e os Conselhos Regionais de Contabilidade (CRCs) substituíssem o termo contabilista, por profissional da contabilidade, para englobar os formados em Técnico em Contabilidade e os graduados em Ciências Contábeis.
Técnico em Contabilidade há 30 anos, Adão da Silva Rangel, 59, é responsável pelo escritório Alfa Contabilidade. Ele relata que a principal diferença em seu período de atuação foi o ingresso ao mundo digital. “Antes, tudo era feito a mão. Por exemplo, uma empresa com 30 funcionários, precisava bater todos os cartões a mão, recibo um por um, tudo a mão. Sem falar que quando comecei, nos fundos da garagem da minha casa, era com máquina de escrever. Depois comprei um computador, com o sistema MSDos.”
Segundo ele, antigamente tudo era físico. “Livros eram físicos. Os balanços eram físicos, tudo escrito. Quando passou para a era da informática e para quem não nasceu nessa época, foi uma exigência a mais. A criança não tem medo de errar, quem já é adulto teve medo e cuidado ao aprender, o que pode bloquear alguns aprendizados”, analisa.
Atualmente, no Brasil, são 368.418 contadores e 153.972 técnicos, totalizando 522.210 profissionais atuando no setor – sendo 37.869 no Rio Grande do Sul. Deste total, 57,21% são homens e 42,79% mulheres. O número de organizações contábeis no país gira em torno de 80 mil – com 5.288 em solo gaúcho. “Vi alguns colegas abandonando após o início do digital. Acabaram deixando de lado, se aposentaram ou focaram em outros projetos. Mas abriu espaço para jovens ocuparem os espaços e Venâncio está muito bem servido, com escritórios bem preparados e motivados”, diz o contador.
“O profissional deve caminhar para a contabilidade digital. Colegas da minha era, da minha época, precisam de uma vontade muito grande para se inserir nesse meio, porque fica difícil sem ter esse conhecimento, mesmo dominando a ciência.”
ADÃO DA SILVA RANGEL
Contabilista
Para Adão Rangel, nesse momento a maior dificuldade na área é entender a tecnologia. “Não é difícil fazer a contabilidade digital, o que é mais complicado é entender a tecnologia. É muito mais fácil para mim fechar um balanço na mão, e o pessoal da minha idade está sempre desconfiando da tecnologia. Eu sou assim, porque o que meus olhos não veem, não posso ter certeza.”
O profissional foi presidente da Asconva em duas oportunidades e também exerce a advocacia há mais de uma década. Ao pensar no futuro, ele relembra com orgulho os 30 anos de profissão e as oportunidades que ainda tem levando a contabilidade e a advocacia lado a lado. “Deus me permitiu servir 30 anos na Contabilidade e tem me dado o espaço na área do Direito, que também tenho gostado. Elas são primas irmãs, e diversas vezes as duas trabalham juntas, que meu conhecimento se mistura.”
E para quem está iniciando na área?
O estudante do quinto semestre do curso de Ciências Contábeis da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), campus Venâncio Aires, José Augusto Morsch, de 21 anos, acredita que a Contabilidade está cada vez mais assumindo papel estratégico e efetivo no dia a dia de qualquer empresa.
“Atualmente, o grande propósito do profissional é levar todas as informações que julgue necessárias para auxiliar na tomada de decisões. Além disso, o profissional tornou-se parte fundamental na gestão empresarial e, principalmente, na assessoria, planejamento tributário e constitucional de sua empresa”, destaca.
O curso de Ciências Contábeis tem um período de duração de oito semestres. Morsch enfatiza que atualmente o contador não deve saber lidar apenas com legislação e cálculos complexos. “Ele deve entender de tecnologia e ter uma ampla visão do negócio do cliente. Do contrário, será superado pela concorrência e perderá boas oportunidades de emprego.”
O estudante optou pelo curso pois, desde muito cedo, observava o pai atuando na área, este que já o estimulava para trabalhar na empresa, na expectativa de que fosse seguir seus passos. “Antes de iniciar, busquei obter informações referentes ao curso oferecido pelas instituições de ensino superior, como grade curricular, experiências acadêmicas dos professores, infraestrutura da instituição, entre outros”, relembra.
Dessa forma, conta que iniciou a graduação na Unisc, por ser a instituição onde encontrou todos os requisitos. “Com o avanço da tecnologia, não só a profissão contábil tende a mudar, mas todo o seu meio, como clientes e ferramentas diárias, com isso todo o meio social tem uma propensão a evoluir com ideologias de mercado diferentes das atuais”, frisa o estudante.