Neste ano, Venâncio Aires confirmou 269 casos de dengue, sendo três importados. De acordo com o boletim da Vigilância Epidemiológica divulgado nesta segunda-feira, 16, no total, são 627 casos notificados neste ano, sendo que 338 estão em análise e outros 20 foram negativados. Ainda conforme o boletim, um paciente está internado no Hospital São Sebastião Mártir (HSSM) em decorrência da doença.
Chama atenção a crescente no aumento de casos de dengue na Capital do Chimarrão. Neste mesmo período do ano passado, o município registrou 51 casos da doença, registrando neste ano um aumento de 530% na comparação com o ano passado. De acordo com a enfermeira e coordenadora da Vigilância Epidemiológica de Venâncio Aires, Carla Lili Müller, o aumento de casos ocorreu gradativamente desde março.
Conforme Carla, os sintomas normalmente são iguais para todos os pacientes, apesar de alguns terem sintomas mais leves. As primeiras manifestações da dengue que surgem são cefaleia (dor de cabeça) e febre alta. Além disso, podem ser comuns dor retro-orbital, dor abdominal, dor nas articulações, sintomas gástricos, dor no corpo e manchas na pele, podendo ocorrer também sangramentos nasais e gengivais. Comorbidades podem agravar a doença.
Antes de realizar o teste para a doença, é necessário procurar atendimento médico. De acordo com Carla, o tratamento é realizado conforme os sintomas que o paciente apresenta, pois a dengue é uma doença que passa de um estágio para outro muito rapidamente.
Segundo a profissional, foi realizado um teste pelo Laboratório Central do Estado (Lacen) para identificar a tipagem de dengue que está circulando no município, sendo confirmado o tipo 1 da doença. O primeiro caso em decorrência da dengue em Venâncio Aires ocorreu dia 26 de janeiro e era importado. O secretário municipal de Saúde, Tiago Quintana, afirma que os 200 testes adquiridos pelo município tem previsão de chegada nesta semana.
Fiscalização
Grande número de casos de dengue tem sido registrado nos últimos dias. Esta época do ano se torna propícia para o desenvolvimento de larvas devido as chuvas. De acordo com o coordenador da Vigilância Sanitária e Ambiental de Venâncio Aires, Gabriel Alves, o ovo do Aedes aegypti pode durar mais de um ano em locais secos, aguardando contato com com a água para eclodir. Por isso, deve-se haver a eliminação de criadouros, ou seja, locais que possam acumular água.
Segundo Alves, todos os dias o órgão tem recebido denúncias de locais com criadouros do mosquito. Ele destaca que os maiores problemas que encontram durante as vistorias e denúncias são de lixo acumulado, terrenos sem limpeza, piscinas sem tratamento e bromélias com água. Os insetos em geral se reproduzem mais rápido no calor. Com a chegada da temperatura mais amena, tendem a ficar com o metabolismo mais lento e podem se reproduzir mais devagar. “O tempo de vida dos mosquitos pode ser de até um mês e, em especial o mosquito fêmea precisa de sangue para ter nutrientes para se reproduzir”, afirma Alves.
Venâncio possui seis agentes ambientais que têm a competência de orientação e eliminação de criadouros dos mosquitos, além de cinco fiscais sanitários que têm o poder de fiscalização e autuação. O foco da pasta, neste momento de infestação da dengue, é em eliminar criadouros do mosquito Aedes aegypti. As denúncias podem ser feitas pelo telefone (51) 2183-0757. Não é necessário se identificar, apenas informar o endereço do local para vistoria ou ainda pelo site da Prefeitura, através da ouvidoria do Município.
Região dos Vales em alerta máximo contra dengue
Chegou a 28 o número de mortes por dengue neste ano no Rio Grande do Sul, de acordo com o monitoramento de arboviroses da Secretaria Estadual de Saúde. A morte mais recente foi registrado em São Leopoldo. A maior parte das pessoas que morreram tinha 70 anos ou mais (20). Outras oito que não resistiram estavam com idade entre 10 e 59 anos.
A atualização dos dados no final de semana apontou ainda mais de 23 mil casos confirmados. Esse é o maior número de mortes por dengue já registrados em um único ano no estado, destacou a pasta estadual. Até então, o maior número foi contabilizado no ano passado, quando 11 pessoas morreram por causa da doença.
Em reunião técnica realizada na 16ª Festa Nacional do Chimarrão (Fenachim), a secretária estadual de Saúde, Arita Bergmann, reforçou que o estado está em alerta desde abril por conta da crescente no número de casos. A região dos Vales está no nível de atenção mais alto, o tido “alerta três”.
Arita ainda destacou que dos 33 municípios prioritários de acompanhamento no Rio Grande do Sul sobre a incidência dos casos confirmados de dengue, sete estão na região. São eles: Lajeado, Arroio do Meio, Estrela, Santa Cruz do Sul, Venâncio Aires, Cachoeira do Sul e Colinas. No estado, o município que mais registrou casos positivos neste ano é Lajeado, com 2.818 infectados. Em segundo está Porto Alegre, com 1.835.
A secretária Arita ainda destacou que o todas as faixas etárias são igualmente suscetíveis à doença, porém, as pessoas mais velhas e aquelas que possuem doenças crônicas, como diabetes e hipertensão arterial, têm maior risco de evoluir para casos graves. A prevenção deve ser feita eliminando locais com água parada, onde o mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença, se reproduz.
MAIS UMA VEZ, ESPERANÇA NA VACINA
- O Instituto Butantan em parceria com o Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos (NIAID), há mais de dez anos vem desenvolvendo uma vacina contra dengue. Na primeira fase de testes, a vacina induziu a geração de anticorpos em 100% dos indivíduos que já tiveram dengue e em mais de 90% naqueles que nunca haviam tido contato com o vírus.
- A segunda etapa da pesquisa mostrou que a vacina induz soroconversão em mais de 70% dos indivíduos contra os quatro subtipos do vírus com apenas uma dose e que protege pessoas com e sem contato prévio com o vírus.
- Um novo subestudo para avaliar a resposta imune de três diferentes lotes de produção da vacina da dengue do Instituto Butantan será iniciado em junho nas cidades gaúchas de Porto Alegre e Pelotas. O diretor médico do Instituto Butantan, Wellington Briques, destaca que a pesquisa precisa ser realizada em uma população que está minimamente exposta ao vírus da dengue, como acontece nas cidades gaúchas, embora os números de casos tenham aumentado neste ano.
- A vacina usa a técnica de vírus atenuado contra a dengue, utilizando vírus enfraquecidos que induzem a produção de anticorpos sem causar a doença e com poucas reações adversas. Ela será tetravalente e vai proteger a população dos quatro tipos de dengue. (Fonte: AI Instituto Butantan)