Safra de trigo em Mato Leitão tem aumento na área de cultivo e no número de produtores

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Com a chegada do frio, muitos produtores rurais iniciam o plantio do trigo. Segundo o chefe do escritório da Emater em Mato Leitão, Claudiomiro da Silva de Oliveira, o cultivo do grão é uma opção para o inverno e, mesmo não sendo tão rentável, auxilia muito no processo produtivo.

Isso ocorre, principalmente, por causa do aproveitamento das áreas e em razão da rotação de culturas, que melhora as condições do solo e o manejo para a safra de soja, semeada no fim do ano.

Se as condições climáticas forem favoráveis, ou seja, com clima frio e seco, a expectativa é uma safra de trigo bastante positiva. “Umidade causa sérios problemas de fungos”, observa Oliveira. O excesso de umidade é motivo de grande preocupação para o produtor, pois altera o Peso do Hectolitro (PH), índice que define se o grão será usado na produção de farinha ou de ração e, assim, pode mudar o preço pago ao agricultor.

Mesmo sendo cedo para afirmar a quantidade de grãos que serão colhidos neste inverno – a expectativa é que sejam cerca de quatro toneladas por hectare – o que já se tem garantido é um aumento expressivo no número de produtores rurais que decidiram investir no cultivo e, consequentemente, um crescimento na área para lavouras de trigo.

Neste ano, 17 agricultores vão trabalhar com a cultura. Em relação ao ano passado, quando nove produtores semearam o trigo, o número praticamente dobrou. A área será de 120 hectares, um crescimento de 70% se comparada com 2021. Para o chefe do escritório da Emater, esse incremento está associado à valorização do preço pago pela saca de trigo, que está em cerca de R$ 110, e à necessidade de rotacionar com a soja.

O extensionista do escritório municipal da Emater, Rudinei Pinheiro Medeiros, ainda menciona que esse crescimento pode ter relação com as perdas sofridas pelos produtores com a soja e o milho em razão da estiagem. “Eles aproveitam o inverno para equilibrar as contas”, comenta.

De acordo com Medeiros, entre as culturas de inverno, o trigo predomina em Mato Leitão. “Alguns produtores têm o olhar de deixar o solo protegido com uma cobertura verde. A decomposição da palhada ajuda a proteger para as próximas os próximos plantios e a do trigo é mais fibrosa e demora mais para se decompor”, explica o extensionista rural.

Família Posselt iniciou a semeadura do grão na primeira semana deste mês (Foto: Arquivo pessoal)

Saiba mais

480 toneladas é a expectativa da Emater para a safra de trigo neste ano na Cidade das Orquídeas. No Rio Grande do Sul, a estimativa é produzir 3,9 milhões de toneladas.

Em 2020, o trigo ocupava a 12ª posição no Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) de Mato Leitão, com uma produção de quase 485 toneladas.

Conforme o Governo do Estado, a área de trigo prevista para esta safra é a maior desde 1980, com 1,4 milhão de hectares implantados. Outro recorde diz respeito à quantidade. Se a estimativa se confirmar em 2022, a produção superará a de 2021, quando foram colhidas 3,5 milhões de toneladas do grão.

“A adubação verde é muito importante para proteger o solo contra erosões e enriquecer as qualidades biológicas dele.”

RUDINEI PINHEIRO MEDEIROS – Extensionista rural da Emater

Cobertura do solo para o cultivo de soja

Produtores rurais de Vila Arroio Bonito, Astor João Posselt, 61 anos, e Diego Posselt, 34 anos, apostam no plantio de trigo há oito anos. Hoje, o principal objetivo deles é garantir uma cobertura de solo para o cultivo da soja, que é o carro-chefe da propriedade, durante o verão. “Não tem nenhuma cultura como o trigo. Antes fazíamos com aveia, mas a palhada dele é mais fibrosa”, recorda Astor.

O grão é cultivado em cerca de 30 hectares e também é vendido para empresas de Cruzeiro do Sul e Santa Cruz do Sul, mas pai e filho contam que a lucratividade não é tão grande. As lavouras estão localizadas em Vila Santo Antônio e Vila Arroio Bonito, no interior da Cidade das Orquídeas, e em Vila Palanque, no interior de Venâncio Aires.

“Há uns dois, três anos, íamos parar com o trigo, mas percebemos que ele traz benefícios para a safra da soja e decidimos continuar”, compartilha Astor. Ele também avalia que, em anos de seca, ter a cobertura do solo ajuda muito, porque ela auxilia na retenção da umidade e colabora com a proteção aos raios solares.

“É uma opção. A terra nos ajuda tanto, então também precisamos pensar em corrigir ela. A estruturação do solo faz com que a planta fique sadia. Não tem nada mais gratificante que ver a planta crescer e depois colher um bom fruto”, destaca o agricultor. Na propriedade da família Posselt, o plantio do trigo começou a ser feito no dia 4 deste mês. Nesta semana, eles vão encerrar o processo. A colheita está prevista para novembro e pai e filho esperam um rendimento que varia de 40 a 70 sacos do grão por hectare, o que representa de 2,4 mil a 4,2 mil toneladas.

Logo após a retirada do trigo, Astor e Diego farão a semeadura da soja. Além da área onde estava o trigo, serão cultivados mais 30 hectares de soja em outras lavouras, nas quais em boa parte há cobertura de solo feita com milho. Além disso, serão cultivados mais 10 hectares de milho para a venda do grão. Essa área tem cobertura verde a partir de um mix formado por aveia, centeio e nabo.



Taís Fortes

Taís Fortes

Repórter da Folha do Mate responsável pela microrregião (Mato Leitão, Passo do Sobrado e Vale Verde) e integrante da bancada do programa jornalístico Terra em Uma Hora, da Terra FM

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