Num universo de taxistas do sexo masculino que trabalham em Venâncio Aires, são poucas as mulheres que fazem parte deste time. Segundo a Associação dos Motoristas do município, são 75 taxistas do sexo masculino cadastrados, enquanto mulheres são somente cinco. Fabiana Stein da Silveira, 40 anos, é uma delas.
Há dois anos, atua como taxista e assumiu um dos pontos de táxi do marido, Alex, de 43 anos. Formada em Recursos Humanos e tendo atuado por 16 anos como funcionária pública, Fabiana afirma que nunca gostou tanto de um trabalho como se identifica com o atual, e que até pretende se aposentar como taxista. “Adoro conversar com as pessoas, interagir, conviver e fazer novas amizades”, cita.
Isso, sem contar a relação de confiança que construiu com muitos clientes, principalmente outras mulheres. “Busco filhos na escola, faço compras, saco dinheiro no banco para idosas, compro remédios e levo para elas. Procuro fazer esse atendimento diferenciado”, comenta. Segundo a profissional, a relação com os clientes passa a ser tão próxima, que sabe direitinho os dias em que não estão bem, e procura ajudar com uma boa conversa.
A taxista brinca que já escutou e viveu tantas histórias a bordo do táxi que poderia escrever um livro. “São situações felizes, outras tristes. Me sinto um pouco psicóloga também.” Um dos percalços que passou há poucos meses foi atropelar uma cadela. A cachorrinha, hoje, é chamada de Diva, e foi adotada por ela. Fabiana reside com a família em Linha Tangerinas, mas, juntos, também têm uma casa no centro da cidade. Ela é mãe de Daniela, de 13 anos.
Dia a dia
Fabiana ressalta que vê de perto os desafios de atuar em uma profissão ainda considerada tão masculina. “Tem preconceitos, já tive clientes que não quiseram ir comigo pois sou mulher. Por outro lado, conquisto muitas mulheres passageiras, que se sentem mais seguras e amparadas comigo”, destaca. Para o futuro, uma das ideias é pensar em um aplicativo que somente as mulheres possam usar e solicitar uma corrida.
Entre os hábitos da taxista estão ter paciência, andar devagar, auxiliar cadeirantes, idosos e estar atenta às leis de trânsito. Muitas vezes, ela prefere chegar antes do horário marcado para ter mais tempo de fazer o trajeto e não ter pressa.
Com relação aos cuidados com o carro, ela menciona que sempre o mantém limpo e faz questão de usar fragrâncias cheirosas dentro do veículo. “Tiro o pó direto e limpo com mais frequência os tapetes, afinal, é o meu material de trabalho. Quando preciso, também levo em um posto para dar aquela geral.”
Na companhia da Terra FM
Uma das companhias diárias de Fabiana no táxi é a Rádio Terra FM. “O trânsito exige muita atenção e fico bem cansada por vezes. Aí ligo a rádio e me animo novamente. Quando consigo, sempre estou ouvindo”, afirma.