O futsal feminino foi tabu durante diversas décadas. Recentemente, as gurias começaram a receber o seu merecido espaço. A Associação União Bairros de Futsal (AUBF) de Venâncio Aires é destaque na região, disponibilizando as categorias femininas Sub-11, Sub-13 e Sub-15, além de contar com cerca de 50 atletas nesse momento.
A AUBF conta com futsal desde 2019 e participa de inúmeros campeonatos, como a Copa Piá e torneios estaduais em General Câmara, Candelária, Passo Fundo e em Estrela. As meninas treinam nas quartas e sextas-feiras, a partir das 19h, no Ginásio de Esportes da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Benno Breunig, no bairro São Francisco Xavier.
O coordenador e um dos treinadores da escolinha, Cristiano Schuster, detalha que as meninas estão conquistando, dia a dia, o próprio espaço no futsal, confirmando que o esporte não tem diferença de gênero. “O grupo está crescendo, seja com ou sem experiência no esporte. Estamos lá para ensinar e elas aprendem rápido, bem mais rápido que os meninos”, frisa.
Ele também destaca que é uma oportunidade espetacular trabalhar com as atletas, pois têm um senso de posicionamento, agilidade e coletividade. “Algo que é diferente dos meninos, elas pensam no time e não apenas em si mesmas. São educadas, respeitosas, vêm preparadas para jogar, com o uniforme pronto, são muito organizadas. Tenho enorme orgulho de trabalhar com elas”, garante Schuster.
Além dele, são outros três treinadores: Cléber Eisermann, Fernando Miguel Derlamm e Mateus Farezin.
Ser jogadora de futebol. Esse é o sonho de muitas participantes da escolinha. Algumas meninas projetam mais alto, e citam Seleção Brasileira, outras focam na dupla Gre-Nal. Mas algo não se altera: o futuro é dentro das quatro linhas.
Para Maria Eduarda Frank, 14 anos, as grandes inspirações são as atacantes da Seleção Brasileira, Marta e Gio. Ela, que está desde 2020 na escolinha da AUBF, começou a jogar pois acompanhava o irmão, de 20 anos, e o pai, treinador, nas partidas. “Foi crescendo a paixão pelo futebol. Sempre era uma das únicas meninas e, com a AUBF, surgiu a oportunidade de jogar com outras meninas, além de ser um incentivo para continuar”, enfatiza.
Já Nathália Silberslach Derhann, 14 anos, pratica desde 2018, quando via os jogos do irmão mais novo. “Praticava balé, parei e começou a surgir o amor pelo futebol”, conta. Os maiores ídolos são o zagueiro do Grêmio, Pedro Geromel, e o atacante português Cristiano Ronaldo. “No feminino, a Tamires, da Seleção”, cita.
Uma das mais jovens, Samara Hackenhaar Scheibler, de 12 anos, está na escolinha desde 2020 e tem um sonho um pouco diferente. “Quero ser goleira do Inter”, afirma a jovem. A diferença também passa pelos ídolos. Além da maior de todas, Marta, ela também é fã da ex-goleira da Seleção Brasileira, Bárbara. “Comecei a jogar desde pequena, com os guris, quando eu estava jogando com meus primos e decidi participar.”
Um ‘chega pra lá’ no preconceito
Maria brinca que, mesmo sabendo que ainda exista o preconceito com o futebol e futsal feminino, ela não dá nenhuma relevância para esses comentários. “Acho que não podemos dar importância para quem critica, devemos mostrar nosso potencial em quadra e confirmar que estamos crescendo no futebol.”
Para Nathália, a AUBF é importante por isso, pois a cada vitória e a cada nova atleta, o preconceito diminui e as gurias mostram toda sua qualidade e talento. “Abre inúmeras portas”, pontua.
As jogadoras citam que existem dificuldades, mas nada que não possa ser contornado. “Sempre temos algumas, mas vamos resolvendo e dando a volta por cima”, diz Nathália.