O dialeto alemão aprendido na infância e passado pelas gerações, que, em muitas situações, já foi motivo de vergonha para muitas pessoas, é o principal passaporte para a realização de um sonho para jovens que desejam estudar na Alemanha. É o caso de Leandro Zingler, 27 anos. Com a confirmação recente do visto, ele embarca na metade de agosto para um intercâmbio de um ano, no Sul da Alemanha. “Será um ano para focar no alemão e também compartilhar experiências”, destaca o engenheiro civil, que vai morar, estudar e trabalhar no Instituto Grainau.
Natural de Linha Zingler, no interior de Rio Pardinho, ele teve o dialeto alemão como primeira língua. Desde os 5 anos, reside em Santa Cruz do Sul, com a tia Irení Zingler, uma grande incentivadora dos estudos e quem o levou para a Alemanha para a primeira vez, em uma visita em 2017.
Há dois anos, Leandro intensificou os estudos do idioma na Escola de Língua Alemã Auf gut Deutsch, para aperfeiçoar o idioma, o que, agora, viabilizou o intercâmbio. Por meio da professora Jaqueline Bender (que também é colunista de Língua Alemã da Folha do Mate), soube da oportunidade de estudar gratuitamente no Instituto Grainau.
Proprietária da escola de Língua Alemã localizada em Santa Cruz do Sul, Jaqueline explica que a instituição tem parceria com o Instituto Grainau há de mais de 10 anos, por meio da qual são viabilizados diversos intercâmbios, formações continuadas, aperfeiçoamentos e visitas guiadas. “Para candidatar-se à vaga ao Instituto Grainau, o Leandro estudou a Língua Alemã nos últimos anos com muita dedicação e preparou-se para provas de proficiência”, destaca a professora, ao observar que a Auf Gut Deutsch é a única escola certificada pelo Goethe Institut nos vales do Rio Pardo e Taquari.
Os únicos custos do intercâmbio para Leandro serão as passagens de ida e volta. Durante os 12 meses, ele terá a oportunidade de participar de diversas capacitações gratuitas do Instituto Grainau, além de cursos em Língua Alemã no Goethe Institut de Garmisch – Partenkirchen, dando continuidade aos estudos do idioma.
Para Leandro, a realização deste sonho é resultado do estudo, com o incentivo de pessoas como a tia Irení, a professora Jaqueline e os colegas do curso de alemão. “Os colegas contribuíram muito, são como uma pequena família alemã”, define. Ele reforça que tudo foi possível a partir de uma semente plantada na infância, quando aprendeu a falar o dialeto. “Sempre tive admiração pela Língua Alemã, nas rodas de conversa da família. Não quero que o dialeto alemão morra.”
“Muita gente ainda tem vergonha de falar o dialeto alemão. É triste ir para o interior e ver o alemão caindo no esquecimento. É uma parte cultural da gente da qual temos que nos orgulhar.”
LEANDRO ZINGLER
Engenheiro civil
Interesse e admiração pelo idioma alemão desde a infância
O dialeto alemão foi a primeira língua de Leandro Zingler. Aos 5 anos, quando ingressou no Colégio Mauá, em Santa Cruz do Sul, só compreendia e sabia falar alemão. “Foi um pouco complicado, mas depois fui me adaptando”, relembra.
Com o passar do tempo, ele deixou o dialeto um pouco de lado, mas nunca deixou de falar, especialmente na família. Na 4ª série, conheceu a professora de alemão Jaqueline Bender.
Há dois anos, retomou os estudos do idioma com foco em aprender o alemão oficial. A partir disso, conquistou a proficiência e realizará o intercâmbio para o Instituto Grainau.
Sobre o Instituto Grainau
- O Instituto Grainau é uma entidade sem fins lucrativos situada na cidade de Garmisch – Partenkirchen, ao Sul da Alemanha. A pequena cidade turística fica na fronteira com a Áustria, no topo da maior montanha dos alpes, a Zugspitze, a 2.962 metros de altitude. O local é a sede das olimpíadas de inverno da Europa e de diversos esportes alpinos.
- Os cursos do Instituto Grainau são voltados, especialmente, a jovens entre 18 e 28 anos, com alguma relação com a agricultura. A personalidade e a educação em geral, assim como ação empreendedora, são fortalecidas durante os cursos.