No pai, a referência para a escolha profissional

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Aos 25 anos, depois de servir durante seis anos no 3º Batalhão de Engenharia de Combate, em Cachoeira do Sul, município de onde é natural, Gilberto Carlos Pfeifer, hoje com 57 anos, decidiu realizar o concurso para ingressar na Brigada Militar (BM). Naquele momento, a decisão foi tomada por necessidade, uma vez que ele e a esposa Adriana Melo Pfeifer, 51 anos, já tinham um filho de seis meses.

“Fiz a prova em abril de 1990. Em fevereiro, saí do quartel e, em abril, iniciei na Brigada”, recorda. Alguns meses depois de começar a carreira como policial militar, Pfeifer foi transferido para Venâncio Aires, onde atuou durante aproximadamente três anos. Em janeiro de 1994, quando Mato Leitão tinha menos de dois anos de emancipação, o sargento da reserva iniciou a trajetória à frente do Grupamento de Polícia Militar (GPM) do município, onde reside até hoje.

“Quando comecei, não havia ambulâncias em Mato Leitão. Então, muitas vezes, a Brigada socorria as pessoas. Nosso trabalho ajuda e salva a vida das pessoas”, comenta. Foi na Cidade das Orquídeas que Pfeifer construiu a história profissional – ele foi comandante do GPM entre 1996 e 2013, quando se aposentou – e familiar.

“Como normalmente na época tinha apenas um policial de serviço, como comandante eu dava apoio para ele sempre que havia ocorrências. Por isso, eu trabalhava o tempo todo”, recorda. A dedicação ao trabalho rendeu a Pfeifer o recebimento do título Cidadão Honorário do município.

Inspiração

Apesar de Pfeifer não ter o hábito de falar sobre as ocorrências policiais com a família, o trabalho dele junto à Brigada Militar sempre foi motivo de orgulho para os filhos e para a esposa. E, além disso, serviu de inspiração para que dois dos cinco filhos decidissem seguir a mesma carreira.

“Desde criança queria ser policial, porque sempre tive esse espelho em casa”, compartilha Gabriel Melo Pfeifer, 28 anos. Na adolescência, o jovem até pensou em se dedicar ao futebol, mas com 18 anos decidiu ingressar no quartel, também no 3º Batalhão de Engenharia de Combate, em Cachoeira do Sul, onde tem muitos familiares maternos e paternos residindo.

Gilberto com a esposa Adriana, os filhos Daniel, Rafael, Gabriel, Leandro e Daniely e a nora Carla. (Foto: Arquivo Pessoal)

No início de 2014, ele fez o concurso para a Brigada Militar, mas precisou esperar três anos para ser chamado para realizar o curso básico de formação de soldado da corporação, que foi desenvolvido em Montenegro. Após concluir essa formação, Gabriel atuou durante três anos no 20º Batalhão de Polícia Militar (BPM), em Porto Alegre. Em 2020, ele foi transferido para Venâncio Aires, onde trabalha até o momento. “Me identifiquei muito com a Brigada Militar. Sempre escuto muitos veteranos falarem bem do meu pai e, se eu for metade do que ele foi, já fico feliz”, destaca Gabriel.

Diferente do irmão, Leandro Melo Pfeifer, 24 anos, não tinha o desejo de trabalhar na Brigada Militar desde criança. “Quando eu estava terminando o Ensino Médio, não sabia qual faculdade ou curso realizar. Passei pela indecisão do que fazer no futuro quando saí da escola. Aí meu irmão Gabriel e meu pai me incentivaram a tentar a Brigada Militar. Como eu vivia colado no pai quando criança na BM, achei que seria interessante”, conta.

Em 2017, Leandro fez o concurso, passou e também esperou três anos para ser chamado. Em março do ano passado, o jovem iniciou o curso da Brigada Militar, em Rio Pardo, mesma cidade que o pai realizou a formação. A formatura foi em novembro e, desde dezembro, Leandro trabalha como soldado Pfeifer em Vespasiano Corrêa, no Vale do Taquari. Ele afirma se sentir realizado com o trabalho. “Converso bastante com o pai e aproveito a experiência dele.”

Trocas

• Apesar do trabalho com a Brigada Militar fazer parte da vida de Pfeifer e dos filhos Gabriel e Leandro, quando eles estão reunidos evitam conversar muito sobre esse assunto, justamente para tentar separar o profissional do pessoal. No entanto, isso não impede que os três troquem informações e experiências.

• “Nenhuma ocorrência é igual, mas eu tento dar conselhos e dicas para eles a partir do que eu vivi”, observa Gilberto. Para Gabriel e Leandro, essa é uma oportunidade de aproveitar as experiências do pai, que é referência para eles no trabalho.

• Para Gilberto, é uma honra ver os filhos seguindo a mesma profissão, mas ele faz questão de destacar que o maior orgulho é perceber que os cinco filhos têm bom caráter. “A gente cria os filhos ensinando aquilo que é certo e é muito bom ver eles seguindo nesse caminho. Esse é meu maior orgulho”, ressalta.

• Pfeifer também faz questão de estimular que eles continuem estudando, para que consigam crescer na carreira profissional. Ele também menciona os riscos existentes no trabalho como policial. “Me preocupo porque sei como é o trabalho na Brigada e os riscos que se corre. Às vezes uma ocorrência que parece pequena pode surpreender”, acrescenta.



Taís Fortes

Taís Fortes

Repórter da Folha do Mate responsável pela microrregião (Mato Leitão, Passo do Sobrado e Vale Verde) e integrante da bancada do programa jornalístico Terra em Uma Hora, da Terra FM

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