A comercialização do milho contribuiu com R$ 15,4 milhões dentro do Valor Bruto da Produção Agrícola (VBPA) de Venâncio Aires em 2021, que foi de R$ 413,6 milhões ao todo. O número significativo confirma um aumento de 287%, já que em 2020 foram R$ 3,989 milhões no VBPA.
Muito desse crescimento, conforme dados da Emater, está relacionado ao também crescimento no número de silos domésticos, aqueles de alvenaria, construídos, muitas vezes, dentro dos galpões. “Venâncio tem mais de 500 silos secadores. São até 15 construídos por ano em média no interior. Eles propiciam não apenas a secagem para uso na própria propriedade, mas garantem o armazenamento até surgir um momento oportuno para vender”, explica o chefe do escritório da Emater, Vicente Fin.
Para se ter uma ideia, a construção de silos para secar milho aumentou em 8 mil toneladas a capacidade de armazenagem de grãos no município, que era de 12 mil toneladas, considerando ainda o arroz. “Desses silos menores, 90% são para milho”, destaca Fin.
Conforme o chefe da Emater, nem a estiagem conseguiu ‘puxar para baixo’ as vendas. “Mesmo com a seca dos últimos verões, que sim, afetou muito a produção, muitos produtores, por terem silo, tinham grão estocado. Então com melhores preços, a venda oportuna aconteceu.”
Área e produção
Embora a área de milho tenha diminuído nos últimos anos (cerca de 2,5 mil hectares substituídos pela soja), ainda assim são cerca de 10,2 mil hectares de milho grão cultivados em Venâncio Aires e outros 3 mil hectares para silagem.
Conforme a Emater, em temporadas sem quebras por estiagem, a média de produção em Venâncio é de 6,75 toneladas por hectare – 68,8 mil toneladas totais.
Há alguns anos, o município chegou a ser o terceiro maior produtor do Rio Grande do Sul. Hoje, figura entre os sete primeiros, junto com São Lourenço do Sul, São Luiz Gonzaga, Canguçu, Palmeira das Missões, Muitos Capões e Vacaria.
535 – é o número de famílias produtoras comerciais.
Agrocenter local foi a que mais recebeu grãos entre as unidades da Languiru
Para 2022, a participação do milho dentro do VBPA deve ser novamente considerável. A projeção parcial (dados até junho), já trazia R$ 12,8 milhões em vendas. Dentro desse montante também está o que foi adquirido pela cooperativa Languiru (que delimita a compra entre janeiro e junho de cada ano). Assim, como o 2022 está fechado comercialmente, já se sabe que a Agrocenter de Venâncio Aires é destaque entre as seis unidades de recebimento de grãos da cooperativa – a unidade local recebeu 33% do total na região.
A Languiru não revelou o quanto isso representou em toneladas ou em valores financeiros, mas destacou que, do total da região, foram 10,75% só de moradores de Venâncio Aires. Segundo o coordenador da Agrocenter de Venâncio, James Eisenberger, além dos venâncio-airenses, a unidade local recebeu grãos de mais 24 municípios (veja box). “O que chega aqui é levado para Cruzeiro do Sul para armazenar ou beneficiar para rações. Dali, vai para os integrados da cooperativa, agropecuárias ou venda de milhão grão”, explicou.
A Languiru tem 5,8 mil associados entre integrados (suínos e aves) e não integrados (leite, grãos e hortifruti). Entre eles, Altair Antônio Franco, 54 anos, morador de Linha Bem Feita, que destina a maior parte do milho cultivado para a Agrocenter de Venâncio. “Desde que eles vieram para cá, em 2018, o negócio faço lá [antes vendia para a Arla, de Cruzeiro do Sul] O produto é bem valorizado e fica uma parceria importante dentro da nossa cidade”, destacou o agricultor.
Franco cultiva milho em 9 hectares próprios e mais 6 hectares arrendados. Em 2022, foram 800 sacos (48 toneladas) levados até a Agrocenter Languiru. Uma pequena parte ele armazena em casa, para consumo dos próprios animais, já que também tem silo secador.

Na região
Enquanto Venâncio concentrou 33% do total da região nas unidades de recebimento da Languiru, Teutônia (sede da cooperativa) teve 16,47% de participação e Estrela 22,2%. A Languiru ainda tem unidades parceiras em General Câmara (10,91%), Taquari (11%) e Cruzeiro do Sul (6,16%).
“É preciso fazer uma ressalva de que, mesmo Venâncio também sofrendo com a estiagem, no Vale do Taquari a quebra foi ainda maior, por isso Estrela e Teutônia ficaram tão abaixo”, ponderou James Eisenberger.
Municípios que fornecem para a Agrocenter Venâncio
Arroio dos Ratos, Camaquã, Candelária, Charqueadas, Dom Feliciano, Chuvisca, Encruzilhada do Sul, Cerro Grande do Sul, Boqueirão do Leão, General Câmara, Guaíba, Herveiras, Mato Leitão, Minas do Leão, Passo do Sobrado, Rio Pardo, São Jerônimo, São Lourenço do Sul, Santa Cruz do Sul, Sinimbu, Taquari, Vale do Sol, Vale Verde e Vera Cruz.