“É preciso uma aldeia para educar uma criança”, diz um provérbio africano. Ouvi essa frase há um tempo e nunca esqueci dela. Faz todo sentido. A família tem um papel primordial na educação do filho, mas as relações com toda a comunidade têm interferência na formação dos indivíduos.
As oportunidades, a estrutura e os desafios da ‘aldeia’ onde vivemos e criamos nossas crianças dizem muito sobre como elas vão se desenvolver. Essa aldeia é nosso bairro, com suas ruas e suas áreas verdes; é a escola; é a cidade toda.
Essa aldeia são as pessoas que nos cercam. São os familiares, amigos próximos e vizinhos, mas também os desconhecidos que encontramos nas filas do mercado, nas brincadeiras da pracinha e no posto de saúde.
Tenho pensado muito sobre isso nos últimos dias. Hoje, me despeço temporariamente deste espaço e do trabalho na Folha do Mate, para aguardar a chegada da minha filha Laura. Logo, ela estará nesta aldeia chamada Venâncio Aires, onde seus antepassados nasceram, onde construímos nossa vida e buscamos contribuir.
Com a sensibilidade aflorada que a gestação proporciona, ando pelas ruas e fico pensando nas tantas coisas boas que a nossa aldeia tem para proporcionar à Laura e no quanto desejo que ela desfrute das coisas simples e boas da vida, valorizando os detalhes. No trajeto entre a minha casa, no bairro Diettrich, até o jornal, vejo os ipês floridos, o movimento das escolas, a Igreja São Sebastião Mártir iluminada, à noite; as flores que colorem os pátios das residências, a Biblioteca Pública Caá Yari com seus milhares de livros disponibilizados gratuitamente para a população.
Quero falar disso para a Laura, levá-la para brincar no Parque do Chimarrão, se divertir na pracinha, participar da Feira do Livro e de tantos outros eventos culturais e de lazer em Venâncio Aires, visitar o ‘Museu de donos’ e conhecer mais sobre a história do nosso município. Quero percorrer com ela as ruas de Venâncio na carona da bicicleta, como o ar puro e fresco balançando os cabelos e muito verde ao redor. Quero que ela tenha garantia de escola de qualidade, de saúde e de espaços seguros para brincar, de acesso à informação e participação cidadã.
Essa aldeia depende de mim, da nossa família e de todos os demais venâncio-airenses. Me orgulho ao refletir sobre o quanto, por meio do trabalho no jornal, também tenho buscado contribuir para um município melhor para todas as crianças. As ações sociais, os cadernos especiais, as pautas que expõem problemas, em busca de soluções…Tudo isso tem o objetivo de um futuro melhor para todos os venâncio-airenses – inclusive aqueles que ainda estão por chegar.
Aproveito este espaço para agradecer por todo o carinho que recebi dos colegas, fontes e leitores, ao longo dos últimos meses, por conta da gravidez. Muito obrigada!