Um levantamento anual realizado pelo Instituto Trata Brasil e divulgado na metade de 2022, revelou que, no trajeto que leva a água da fonte até a torneira dos brasileiros, há um desperdício de mais de 40% do recurso natural. A pesquisa nacional também indicou que os vazamentos e ligações clandestinas, são os maiores vilões da história.
A Folha do Mate repercutiu a informação com a Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan). Segundo o gerente local, Ilmor Dörr, existem ‘perdas reais’, aquelas visíveis (como vazamento dentro das casas e em tubulações nas ruas), mas não há certeza do que realmente pode ser considerado desperdício.
Para isso, a companhia aposta na instalação de um sistema de macromedição, para dar precisão ao que hoje é calculado por vazão e hora trabalhada. “É ele que nos dará precisão do que sai da ETA [Estação de Tratamento de Água] até as micromedições dos hidrômetros das residências. Ele está sendo instalado junto a outro sistema, o de telemetria para acompanhar os níveis, e a ETA 4.0, para automatizar tudo. O objetivo é ter tudo em funcionamento ainda em 2022.”
Quanto ao consumo de forma geral nas 23 mil economias da cidade abastecidas pela Corsan, Ilmor Dörr relata que não há situações graves. “Em 2021, por exemplo, todas as ruas foram percorridas para tentar identificar possíveis vazamentos e não se achou. O número de rompimentos é pequeno e logo se identificam, não dando tempo de se perder ainda mais. Os reservatórios estão sempre acima de 70% da capacidade. Além disso, Venâncio tem poucas ligações clandestinas e uma inadimplência baixíssima. Também são indicativos bons”, destacou o gerente da Corsan.
Processo de lavagem
Entre as possíveis ‘perdas’, a própria Corsan precisa administrar alguns números. Da média de 11 mil metros cúbicos de captação diária em Venâncio, 5 mil são ‘perdidos’ em processos de lavagem dos filtros da ETA. “Podemos considerar que é água que se perde, naquele momento. Mas posteriormente, ela vai para a lagoa de decantação e acaba reutilizada”, explicou Ilmor Dörr.
Revisão
Conforme a Corsan, para possíveis vazamentos ‘invisíveis’ dentro de casa, mas que acabam elevando o valor da conta de água, o morador pode pedir revisão da fatura. Isso é possível quando o vazamento for involuntário e ultrapassar três vezes a média de consumo.
Redução de 20% no consumo
Para a encarregada das estações de tratamento de água e esgoto de Venâncio, Marta Fagundes da Silva, se o venâncio-airense prestar atenção dentro de casa, pode reduzir em até 20% o consumo. “A consciência está em nós e tem muitas formas de tentarmos melhorar no dia a dia.”
Marta aponta que entre as principais dicas está a reutilização da água da lavadora de roupas, não deixar torneiras abertas ao escovar os dentes ou ensaboar a louça, além de cronometrar o banho. “São dicas que se falam há muito tempo, mas sempre ajudam”, conclui.
Saiba mais
• Os números nacionais quanto às perdas só pioram. Em 2017, eram 38,3% de toda água potável captada nos sistemas de distribuição. Em 2019, já chegava a 39,2%. Essa porcentagem, conforme o Instituto Trata Brasil, representava um volume equivalente a 7,5 mil piscinas olímpicas de água tratada desperdiçada diariamente.
• Ainda conforme o instituto, para alcançar os objetivos estabelecidos pelo Novo Marco Legal do Saneamento, reduzir e controlar as perdas na distribuição é imprescindível, já que a medida pode contribuir com a principal meta: levar água para 99% da população brasileira até 2033.