Docente da Univates repercute falecimento de Elizabeth II após a posse da primeira-ministra Liz Truss

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Por Mateus Dalmáz – Doutor em História e Docente da Área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas da Univates

Na segunda-feira, 5 de setembro, Liz Truss se tornou a nova primeira-ministra da Inglaterra. Na quinta, 8 de setembro, morreu a rainha Elizabeth II. Não é comum para uma monarquia parlamentar, como a inglesa, trocar os nomes do monarca e do primeiro-ministro na mesma semana.

Afinal, enquanto que a chefia de Estado é exercida de forma vitalícia, a chefia de governo cumpre mandatos de quatro anos, podendo ser ampliados conforme decisão dos eleitores e do parlamento. Não é demais lembrar que o chefe de Estado cumpre a função simbólica de representar o Estado em eventos no âmbito doméstico e internacional, enquanto que ao chefe de governo cabe a gestão do poder executivo.

Tal separação é um modo de preservar a imagem do Estado diante de possíveis desgastes do governo. Com a morte da rainha e com a confirmação da nova primeira-ministra, uma pergunta que se impõe é: o que muda na condução da política interna e externa da Inglaterra? Uma única palavra bastaria para responder à questão: nada. Absolutamente nada.

Com o (finalmente) reinado de Charles III, o papel do monarca será o mesmo do de Elizabeth II: garantir à coroa britânica a imagem de soberania e poder que tradicionalmente a Inglaterra visa ostentar, mesmo já não sendo mais o centro de um império marítimo que existiu em séculos passados.

Elizabeth, coroada ainda jovem, fez do respeito às instituições democráticas, no contexto da Guerra Fria e nos últimos quarenta anos, um dos traços mais marcantes de sua era. Charles, o mais velho da história da monarquia inglesa a se tornar rei, além de ter de conviver com a sombra da popularidade da mãe, cumprirá um papel de transição para a posse do primogênito, o príncipe Willian, sobre o qual recaem expectativas de ser um monarca realmente conectado ao século XXI.

Quanto à Liz Truss, a nova primeira-ministra, não há dúvidas de que representa uma linha de continuidade à visão de mundo conservadora da gestão de Boris Johnson: defesa do liberalismo econômico (com promessa de redução de impostos), político (conforme a liturgia parlamentarista) e individual (o direitos natural à vida, liberdade e propriedade). Sob os ombros de Truss, recaem dois pesos: o de seguir com o Brexit, o qual vem demandando uma série de acordos econômicos para que o mercado inglês mantenha os nexos com o da União Europeia, e o de buscar novas fontes de energia, sobretudo petróleo, para reduzir a dependência do petróleo russo, em alta desde o começo da guerra da Ucrânia.

Com Charles III e Liz Truss, importa salientar, a política externa do Reino Unido manterá suas diretrizes: aliança irrestrita aos Estados Unidos, defesa do eixo de poder comandado por Washington e centrado na propagação do neoliberalismo, como a macroeconomia global, e da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), como estratégia militar de um sistema de segurança internacional ocidental, diante da ascensão da China e de uma nova rota de investimentos provenientes de Pequim.

Fonte: AI Univates

    

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