A preocupação com a saúde e fatores que levam a alterações como colesterol alto (do tipo ruim), diabetes, hipertensão e glicemia já são do conhecimento de todas as pessoas. Mas, será que realmente colocamos em prática hábitos que podem nos beneficiar e livrar destas doenças? Isso é o que tem preocupado a nutricionista Pamela Tamara Gomes de Oliveira, que faz residência no posto de saúde do bairro Coronel Brito.
A profissional está na Estratégia de Saúde da Família (ESF) do bairro e, diariamente, recebe para consultas pessoas com o mesmo perfil de alterações, o que a tem assustado. “É uma questão que tenho observado e, conversando com mais nutricionistas, é do município todo. Ao mesmo tempo, são poucas nutricionistas para atender todo o público que precisa de acompanhamento”, comenta. Atualmente, de acordo com ela, são três profissionais que trabalham de forma permanente na rede básica de saúde.
Pamela enfatiza que é importante que seja falado sobre o assunto, já que para mudar esta realidade, muitas vezes precisa-se apenas de simples alterações na alimentação e força de vontade. O perfil destas pessoas que chegam com alterações, constantemente é associado a uma pessoa mais velha, mas hoje isso mudou. A profissional afirma que a maioria são pessoas com 30 anos ou menos que chegam com estes problemas. “Não são mais somente as pessoas velhas e obesas que carregam estes problemas de saúde”, ressalta.
Entre as alternativas para reverter as complicações, Pamela reforça que a alimentação é o principal fator, além de outros mentais e comportamentais como depressão e ansiedade. “Todos os fatores estão conectados. Uma boa conversa já resolve grande parte das angústias que descontamos na alimentação”, aponta. Ela explica que, muitas vezes, o inconsciente é o principal inimigo, pois, por exemplo, ao tomar refrigerante, o cérebro associa a momentos felizes vividos em festas e comemorações especiais. Por isso, se busca o consumo quase que diário, na intenção de manter esta felicidade sentida ao consumir a bebida.
Ao passar pelas primeiras consultas e receber orientações, Pamela identifica que muitos pacientes que colocam as orientações em prática têm bons resultados em pouco tempo. “Vai do esforço da pessoa ao compreender e aplicar. Aliar a atividade física também é uma contribuição que acelera o processo”, acrescenta. Pamela diz que, como atividade física, as pessoas devem fazer o que gostam para se movimentar, como dançar, por exemplo.
Uso de eletrônicos
O uso de eletrônicos, como celulares e televisão, enquanto a pessoa se alimenta, faz com que o cérebro não raciocine que está comendo. “Quando não paramos para nos alimentar, não temos noção do que ingerimos e a quantidade. É como se o corpo não tivesse essa reação e não mandasse a mensagem para o cérebro”, explica Pamela.
O ideal, defende ela, é não ter estes aparelhos por perto enquanto se alimenta. A profissional salienta que é importante respeitar este momento, que é da pessoa com o seu corpo, e evitar comer até estufar, o que não é necessário para saciar a fome. O correto é comer menos quantidade e mais vezes ao dia.
Dicas da nutricionista
1 Pamela ressalta que a maioria das dicas e regras já são de conhecimento de todos, basta a força de vontade de realmente colocar em prática, como tomar água e comer frutas e saladas.
2 Para problemas de hipertensão, temperos muito industrializados devem ser abolidos. Ela explica que geralmente estes produtos contêm muito sódio, o que aumenta o prazo de validade.
3 O ideal é optar por temperos naturais, como alho, cebola, tempero verde, orégano e alecrim.
4 Segundo ela, também é aconselhável reduzir o uso excessivo de banha de porco na produção de alimentos.
Trajetória
• A jovem Pamela Tamara Gomes de Oliveira, de 26 anos, é natural de Canoas e se formou em Nutrição em 2019, pela Feevale.
• Se tornou mestre em Saúde Coletiva pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) e agora faz especialização na Escola de Saúde Pública (ESP) em Atenção Básica.
• A residência na ESF Coronel Brito é a primeira etapa da especialização que segue até março de 2023. A segunda, fará com que Pamela passe por outros setores da saúde do Município e Estado e será finalizada em 2024.