Dizem que o cão é o melhor amigo do homem. Mas, e que tal uma calopsita também desempenhar este papel? Se, ao caminhar pelo Centro de Venâncio Aires, você se deparar com uma menina com uma calopsita no ombro, saiba que uma ave também desempenha o papel de melhor amiga. Este é o caso da amizade entre Agatha Sofia Nietsche, 5 anos, e da calopsita Peppa.
A relação surgiu há dois anos. “A Agatha não falou nenhuma palavra até os 4 anos. Eu e o pai dela não sabíamos mais o que fazer. Fizemos acompanhamento médico e não se teve nenhum diagnóstico”, afirma a mãe, Talita Frey, de 30 anos. Ela comenta que, quando não sabia mais o que poderia instigar a filha a querer falar, foi uma calopsita no ombro de uma mulher em um supermercado a ‘luz no fim do túnel’. “Fomos fazer compras, e a pequena está sempre comigo. E, neste dia, avistamos uma mulher que tinha uma calopsita no ombro. A Agatha viu a mulher e disse: ‘Olha ali’. E eu, no instinto, pedi para que ela repetisse, pois não estava acreditando que ela havia falado. ‘Olha ali, mamãe’, ela repetiu. Foi a primeira vez que ouvi ela me chamar de mãe”, relata, emocionada.
Pela surpresa, Talita logo procurou uma agropecuária para comprar uma calopsita. “Fui na mais próxima que encontrei. E tinha muitas aves ali. Mas eu precisava de uma adestrada, pois se fosse ‘xucra’, tinha o risco de morder e a Agatha poderia ficar com medo. Por sorte, tinha uma que estava treinada”, diz.
Amizade
A partir daí, Agatha passou a conversar um pouco mais e a calopsita, que foi denominada de ‘Peppa’, virou a companhia para todas as horas. Definitivamente, todas as horas, pois onde a menina vai, a ave está no ombro. “Acredito que seja uma forma dela conseguir socializar nos ambientes. Sente segurança”, diz a mãe.
Além disso, Talita afirma que a calopsita faz tudo com a família. “Ela faz as refeições conosco, dorme, passeia, vai ao mercado, faz tudo. Ela é parte da nossa família. Para alguns, é uma surpresa encontrar a Agatha com a Peppa no ombro pela rua, mas para nós isso é muito comum”, admite. Por conta do marido, Maicon Nietsche, 30 anos, ser caminhoneiro, viajar também faz parte das atividades da família, junto da Peppa e da Channel, uma cadelinha da raça pinscher que chegou para completar a família, em maio deste ano.
Para Talita, a presença dos animais é muito importante para que a filha possa desenvolver a empatia desde pequena, bem como responsabilidade e permitir a socialização. “É essencial a presença delas [Peppa e Channel], pois tem esse cuidado, respeito, carinho. E, se fez alguma coisa que machucou, deve pedir desculpas a elas, pois animais também têm sentimentos”, complementa. Sobre a amizade que construíram, Talita afirma ser a melhor decisão de ter pego a Peppa. “Foi Deus. Era pra ter sido assim. Tanto a Peppa, quanto a Channel, são tudo pra nós”, finaliza.
Palavra da profissional
1 Responsabilidade: A relação com animais pode ser benéfica para as crianças. A pediatra Fernanda Sousa de Almeida destaca que a vivência com os bichinhos pode reduzir o nível de estresse e ansiedade. Além disso, enfatiza que há um maior senso de responsabilidade na criança por ter um cuidado, pois precisa se preocupar com a alimentação e higiene do animalzinho.
2 Imunidade: De acordo com a médica, estudos têm mostrado que quanto mais há relação com os animais, menos chances as crianças têm de desenvolver problemas respiratórios. “Isso é em função de o organismo delas sempre estar em contato, ou seja, vão se acostumando. E a chance de alergia é bem menor”, explica.
3 Saúde: Segundo Fernanda, o animal traz o estímulo à atividade física. “A criança pode brincar na rua, fazer atividade, passear, em vez de ficar só sentado em celular, tablet, então o animal estimularia isso. Há estudos que até relacionam esse vínculo com prevenção de obesidade infantil”, destaca.