A sessão semanal da Câmara de Vereadores de Venâncio Aires, realizada na segunda-feira, 24, teve uma série de manifestações relacionadas ao segundo turno das eleições gerais, que ocorre domingo, dia 30 de outubro. Quase todos os parlamentares falaram a respeito do assunto, uns de maneira mais contida e outros sem se importar com investidas mais diretas em favor de seus candidatos. A disputa nacional, entre Jair Messias Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve maior destaque, e o duelo entre Eduardo Leite (PSDB) e Onyx Lorenzoni, para o Governo do Estado, acabou ficando em segundo plano.
No geral, os vereadores falaram em votar de forma consciente, mas como a maioria já abriu voto a Bolsonaro, o atual presidente levou vantagem nos pronunciamentos. Em recente levantamento feito pela Folha do Mate, o placar entre os parlamentares foi de 10 a 2 a favor da reeleição do candidato do PL, com três vereadores preferindo não anunciar a preferência. Logo na arrancada do período de Comunicações, Diego Wolschick (PTB) tratou de esquentar o debate, afirmando que os apoiadores de Lula – Fernando Henrique Cardoso, Geraldo Alckmin, Ciro Gomes, Marina Silva e Simone Tebet – já o chamaram de ladrão.
O petebista foi interrompido por Sandra Wagner (PSB), que ressaltou que não era permitido pedir votos na tribuna e, em aparte, destacou a resolução que está em vigor no Legislativo. “Eu entendo que nós não podemos estar nos manifestando, porque nós temos uma resolução de Mesa e estamos em um período eleitoral. Então, nós temos que respeitar a resolução de Mesa. É a minha opinião”, declarou. Ela e a colega Ana Cláudia do Amaral Teixeira (PDT) foram as duas vereadoras a abrir o voto para Lula. “Em nenhum momento eu pedi voto”, disse Wolschick. Em seguida foi orientado pelo presidente Benildo Soares (Republicanos), em tom claramente irônico: “Não chama mais o Lula de ladrão”. Antes de deixar a tribuna, o petebista falou que “estão tentando nos convencer de que um ladrão é o melhor para o Brasil, mas se eu não posso pedir voto, então no domingo é dois patinhos na lagoa”, em referência ao número 22, de Bolsonaro.
Ana Cláudia afirmou que não estava na tribuna para pedir voto, mas sugeriu que os eleitores “não se deixem influenciar, porque o que está em jogo é a democracia, é um país mais ou menos humano”. De acordo com a pedetista, “a polarização nos roubou a oportunidade de discutir propostas”. Em seguida, Sandra destacou que estava “feliz por esta ser a última sessão antes das eleições”. Repetiu que iria respeitar a resolução de Mesa e prometeu se pronunciar a respeito das eleições depois do segundo turno. Ela pretende falar, principalmente, sobre fumicultura, pois considera que muitas fake news circularam nas últimas semanas.
Quarta instância
André Puthin (MDB) também entrou no debate, e com uma declaração forte, que deixou claro que irá votar em Bolsonaro para presidente.
“Particularmente, eu prefiro um governante que reaja mais do que responda, pois a diferença é que a reação vai sem filtro, e a resposta sai filtrada. Então, pra mim, a reação sempre vai ser mais espontânea, mais confiável, mais legítima e mais verdadeira”, disse, para em seguida completar: “Não se iludam. Aqueles que censuram os meios de comunicação não estão preocupados com as notícias falsas, mas com as notícias verdadeiras. Domingo, colegas, não tem Xandão, não tem Fachin, não tem STF, não tem TSE, não tem STJ. Nós somos a quarta instância. Eu, vocês, nós somos os juízes”.
Roberto Jefferson
• O vereador Ezequiel Stahl (PTB) foi quem comentou a respeito do episódio envolvendo o ex-presidente do seu partido, Roberto Jefferson, preso por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, por descumprir medida relacionado à prisão domiciliar, xingar a ministra Carmem Lúcia em vídeo publicado nas redes sociais e, depois, jogar granadas e atirar de fuzil contra policiais federais que foram cumprir o mandado.
• Stahl afirmou que não compactua com a conduta de Jefferson, mas lamenta que, em um país que tem milhares de pessoas aguardando a análise de um pedido judicial “que pode mudar a vida delas”, não é feita sob a justificativa de que há muita demanda no Judiciário, em poucas horas uma decisão política seja tomada pela corte máxima do Brasil. “Mas o que me chama a atenção é a postura do presidente da República, que disse que o ato é criminoso e precisa ser punido. Diferente da presidente Dilma, quando o Lula estava para ser preso ou processado, que nomeou ele ministro para considerar o foro privilegiado”, declarou.