Os programas de jovem aprendiz têm recebido muito destaque nos últimos anos. Com o objetivo de proporcionar um curso profissionalizante, ao mesmo tempo em que o adolescente finaliza o Ensino Médio, torna-se uma ponte para o mercado de trabalho. Na Venax Eletrodomésticos, em parceria com o Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), tem rendido bons frutos, com nove jovens que participaram do programa efetivados e outros 18 atualmente no curso.
De acordo com o analista de gestão de pessoas da Venax, Inácio Sbruzzi, após a pandemia todos os jovens foram migrados do Senai para o CIEE, para aproximar a relação com a empresa e possibilitar uma formação profissional dentro das competências administrativas e culturais da Venax. “Infelizmente, de 2016 até 2019, não conseguíamos captar tanto dos formados, alguns nem sabiam o que a empresa fazia. Agora, eles estão mais próximos da cultura da Venax, que é muito voltada para o processo educativo, de formar os jovens para serem contemplados pela empresa ou pelo mercado de trabalho”, explica.
Nesse momento, o curso de jovem aprendiz possibilita até dois anos de formação em atividades administrativas, sendo que existe um treinamento teórico e, posteriormente, junto à empresa, uma participação de quatro dias da semana – com quatro horas por dia – e mais um dia no CIEE. Após a conclusão, todos recebem certificado.
A política da empresa é captar jovens com 16 anos ou mais, que estudam no Ensino Médio ou já estão formados. Sbruzzi enfatiza a necessidade de apresentar o boletim escolar e justificar notas baixas, pois é proibido abandonar os estudos. “Para os que já estão formados, é necessário o certificado de conclusão do Ensino Médio para ser jovem aprendiz. Atualmente, temos dois jovens com 14 anos, por indicação de vulnerabilidade social, mas não é comum”, reitera.
Para se inscrever, é necessário ir na Venax e preencher uma ficha com o currículo. Quando não se tem currículos na Venax, o CIEE encaminha novos candidatos. Além disso, Sbruzzi pontua que muitos dos participantes não têm condição financeira ou social e a empresa acaba sendo uma família para eles. “No sentido de cobrar e olhar como a pessoa está se sentindo ou se tem algum problema de saúde, até de tirar dúvidas – por exemplo, sobre o que quer ser no futuro. Muitas vezes o jovem pensa que quer ser algo e quando vive na prática quer seguir outro caminho. Aqui eles têm a liberdade de mudar e pedir demissão, mas as regras para o aprendiz são as mesmas que os funcionários efetivos têm.”
“Acredito muito na educação. Quando falta essa base de entendimento do mercado de trabalho, fica difícil a inserção. Quando você forma o jovem dentro da realidade e entende a sequência de atividades fica mais claro para ele decidir o futuro.”
INÁCIO SBRUZZI
Analista de gestão de pessoas da Venax
A aprovação dos jovens
A estudante 1º ano do Ensino Médio da Escola Estadual de Ensino Médio Crescer e moradora do bairro Battisti, Jenifer da Rosa, de 16 anos, é uma das participantes do programa Jovem Aprendiz nesse momento. Segundo ela, a vontade de trabalhar existe desde os 14 anos, contudo seu pai não a deixava por conta da idade. “Um dia ele chegou e me falou ‘chega na empresa às 13h’, não entendi nada. Fui na empresa, encaminhei meu currículo e depois fui para o CIEE. Na outra semana já estava trabalhando, foi bem rápido”, conta.
A guria está na Venax desde 29 de junho de 2022, comenta que tudo é novo e, no início, o nervosismo falava mais alto, por não saber o que iria fazer. “Bom que a empresa ajuda e explica tudo. Já passei pelo Planejamento e Controle da Produção (PCP) e, agora, estou na recepção. Sempre tive uma preparação de duas semanas para aprender tudo, depois fico sozinha. Na recepção, há duas semanas recebo as encomendas, atendo o telefone e está sendo bem tranquilo”, detalha.
De acordo com Jenifer, a experiência é importante para aprender diariamente e agregar conhecimento. A jovem diz que não tinha noção alguma sobre a produção e com o tempo se adaptou. “Tenho uma admiração enorme pela empresa”, pontua.
A rotina de Jenifer é estudar de manhã, sair às 12h15min para o trabalho – ao invés do tradicional 12h30min -, almoçar na Venax e começar o trabalho às 13h30min. “Está bem tranquilo, não estou perdendo nada.”
Ela ainda tem muitas expectativas para o final do curso e, empolgada, afirma que valeu a pena esperar alguns anos para conseguir essa oportunidade. “Sempre tive a vontade de trabalhar aqui porque meu pai sempre elogiou a empresa, chegava em casa comentando positivamente, e me criou uma curiosidade sobre ela, percebi que é verdade e agora virei ‘garota propaganda’ e indico para todos”, brinca.
De jovem aprendiz para efetivo
Pedro Henrique Ferreira, de 20 anos, e Beyerlin Del Carmen Avile Hernandez, de 18 anos, são dois exemplos de jovens que passaram pelo programa e foram efetivados. Ferreira está há quatro anos na empresa e Beyerlin tem um ano e sete meses de experiência.
Para Ferreira, a oportunidade surgiu após a aproximação de seu tio com a empresa, pois trabalhava no local e, em 2019, começou como jovem aprendiz. Passou pelos setores de refrigeração, almoxarifado, recepção, área da segurança e, após ser efetivado, se tornou empacotador. “A oportunidade é incrível, aprendi em vários setores e depois pude me dedicar a um cargo ‘maior’. O que mais me impressionou foi a ajuda da empresa, eles sempre perguntam as preferências e se está gostando ou quer mudar”, frisa.
Já Beyerlin estava procurando uma vaga de emprego e entregava currículos em diversos locais quando surgiu a possibilidade na Venax. A jovem começou na área de embalagens e no almoxarifado e, depois, foi efetivada, pois estava buscando mais conhecimento. “Estou fazendo faculdade de Investigação Forense e Perícia Criminal e, aqui, a cada dia aprendemos e temos experiências novas, é bom para o currículo e um ambiente de trabalho incrível”, comemora.