Segurança pública de Venâncio Aires clama por mais efetivo

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Responsável pela Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) de Venâncio Aires, Vinícius Lourenço de Assunção foi à Câmara de Vereadores, na sessão de quarta-feira, 16, para pedir auxílio dos parlamentares no que se refere ao fortalecimento da segurança pública na Capital do Chimarrão. O delegado ‘bateu na tecla’, principalmente, do efetivo reduzido da Polícia Civil, a exemplo do que acontece com Brigada Militar, Corpo de Bombeiros e Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe). “Vocês, vereadores, têm esta missão difícil e nobre de representar o município. Lutar pela melhoria da qualidade de vida da população. Tenho uma demanda em relação ao número de agentes policiais civis na nossa cidade. É declinante, ano após ano, e isso é preocupante sob a perspectiva da segurança pública”, afirmou.

Assunção disse que também é importante trabalhar pelo aumento do policiamento ostensivo, porém ressaltou que “de nada adianta ter a sensação de segurança, se não conseguirmos responsabilizar os autores dos crimes”. De acordo com ele, o trabalho documental toma muito tempo da Polícia Civil. “Temos investigações, inquéritos, termos circunstanciados e uma série de outras tarefas, pois nosso papel é este: formar a prova”, argumentou, reforçando que o número de agentes policiais civis está muito abaixo do ideal para a realidade de Venâncio Aires. Conforme o delegado, a implementação da Penitenciária Estadual de Venâncio Aires (Peva), em Vila Estância Nova, também acarretou um incremento de trabalho. “Temos um grande número de cartas precatórias, para oitivas de presos que estão na Peva. Isso gera uma demanda de trabalho hercúlea e que não aparece. É bem difícil, porque ficamos assoberbados”, falou.

Os vereadores se comprometeram a dar atenção às demandas apresentadas pelo Delegado de Polícia Vinícius Lourenço de Assunção, tanto em relação às emendas impositivas, quanto à busca por apoio para implementação dos projetos na área da segurança pública.

14 Policiais civis

Atualmente, além dos dois delegados – Assunção responde pela DPPA e Paulo Cesar Schirrmann é o titular da Delegacia de Polícia (DP) de Venâncio Aires -, são mais 12 policiais civis: quatro fazem o revezamento no plantão, três estão lotados no Setor de Investigação e outros cinco nos cartórios. “A Polícia Civil de Venâncio Aires já teve mais de 30 agentes. É uma demanda inconcebível para nossa realidade”, observou. Assunção sugeriu que os órgãos de segurança pública, Município e entidades de apoio se mobilizem em busca do aparelhamento e de reforço na estrutura policial. “A gente sabe que o Estado, quando pressionado, de alguma forma se movimenta. O envolvimento de cada um de vocês é essencial, a intervenção política, no meu entendimento, é fundamental. Vamos ter formatura de uma nova turma de policiais em breve e me comprometo a falar novamente com todos vocês, no momento certo”, mencionou.

“Estou aqui para pedir que, de alguma forma, todos vocês se mobilizem. Também quero conversar com o prefeito. É um apelo em nome não apenas da Polícia Civil, mas de toda a nossa população. Imploro o apoio e peço que vocês tomem todas as medidas possíveis. Aqueles municípios que têm esta visão são melhores, invariavelmente.”

VINÍCIUS LOURENÇO DE ASSUNÇÃO – Titular da Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA)

Outros temas abordados por Assunção

• Emendas impositivas: “Sei que os vereadores não podem reverter valores diretamente à Polícia Civil, Brigada Militar, Corpo de Bombeiros e Susepe, mas temos órgãos que apoiam a segurança pública de maneira geral. O GAP e o Consepro são históricos, muito zelosos no direcionamento dos recursos a eles destinados. São instituições muito confiáveis. Peço a vocês que analisem com carinho as verbas a serem destacadas a estes dois órgãos de segurança pública”.

• Atendimento de vulneráveis: “Temos um projeto de criação, na Delegacia de Polícia, da Sala de Atendimento às Pessoas Vulneráveis. Nos outros municípios, temos a chamada Sala das Margaridas, que é específica para mulheres, mas com a carência de servidores, pensamos em instalar uma sala multitarefas, que teria também este condão de atender mulheres vítimas de violência doméstica e outras pessoas vulneráveis”.

• Reconhecimento e interrogatórios: “Também queremos viabilizar uma sala de reconhecimento, depoimentos e interrogatórios. É um espaço específico e muito relevante para a investigação criminal. Não temos estas salas bem estabelecidas na Delegacia e isso dificulta muito o nosso trabalho”.

• Videomonitoramento: “Em breve, devemos ser agraciados com o espelhamento das câmeras de videomonitoramento. Isso é muito importante, mas também precisamos ter instalações adequadas. A intenção é criar este espaço no subsolo da Delegacia, tudo pelo desenvolvimento e melhoria da prestação do serviço de segurança pública”.

• Mulheres: “O atendimento preliminar das mulheres é feito pelos quatro plantonistas, três homens e uma mulher. Bom seria se fosse feito por mulheres, mas no interior é impraticável. O policial passa a madrugada sozinho, é um cargo mais desejado por homens. Temos parceria com a Unisc e o governo da República Tcheca, que custeiam duas bolsistas para que prestem assistência jurídica e social às mulheres. Quero fazer uma parceria com o Município e o Judiciário, pois até pouco tempo tínhamos atendimento das vítimas de violência doméstica e também dos agressores. Eram duas psicólogas pagas pelo Judiciário, projeto que até concorreu a um prêmio nacional. Acabou se perdendo por falta de recursos e, com a pandemia, foi extinto. Vamos tentar retomar, pois os resultado são bastante positivos, baixa muito o índice de reincidência”.

Delegacia da Mulher

• Na opinião de Assunção, a Capital Nacional do Chimarrão já poderia ter uma Delegacia da Mulher. O número de ocorrências relacionadas, de acordo com ele, não para de subir. “Temos também um número muito grande de medidas protetivas. Mais de uma por dia, beira 450 por ano. Atendemos também o município de Mato Leitão e, hoje, teríamos que pensar na instalação de uma Delegacia da Mulher”, sustentou.

Brigada Militar

Procurada pela reportagem da Folha do Mate, a comandante da 3ª Companhia da Brigada Militar de Venâncio Aires, capitão Michele da Silva Vargas, também comentou a respeito das demandas da corporação. De acordo com ela, a época que se avizinha costuma ser de efetivo ainda mais reduzido, por conta da Operação Golfinho, que desloca policiais militares para o Litoral Norte, especialmente. “Neste período, temos que ceder PMs para o policiamento ostensivo e, ainda, salva-vidas. Entretanto, nunca deixamos cair a qualidade do nosso trabalho. Passa a se exigir mais dos que permanecem na unidade”, declarou.

A capitão lembrou também que há brigadianos lotados em Venâncio Aires que exercem atividades nos presídios, principalmente em Porto Alegre e Charqueadas. “Contudo, esta demanda, segundo o Comando-Geral, será atendida em breve e estes policiais retornarão aos seus municípios, o que será de grande valia”, ponderou.

Sobre o pronunciamento do delegado Vinícius Lourenço de Assunção na Câmara de Vereadores, a comandante da BM destacou a busca, por meio da Consulta Popular, de construção, em Venâncio Aires, do Centro Regional de Atendimento à Mulher Vítima de Violência Doméstica. “São muitas ocorrências, em especial aos fins de semana. Isso sem falar nas vítimas que não registram, como as que residem na área rural. É um delito muito complexo que exige mais que o registro de ocorrência, demanda acompanhamento habitacional, psicológico e econômico. Temos um caso que, graças à rede de atendimento e amigos que cederam um imóvel para a vítima, foi possível retirá-la de um relacionamento de mais de 24 anos de violência. Porém, sabemos que a demanda é muito maior”, concluiu.



Carlos Dickow

Carlos Dickow

Jornalista, atua na redação integrada da Folha do Mate e Terra FM.

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