Venâncio-airense analisa atuação das agências de checagem

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Diplomada do curso de Jornalismo da Universidade do Vale do Taquari – Univates, Bruna Gomes Stahl,  abordou em seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) como as agências de checagem atuam no combate às informações falsas. O trabalho foi orientado pela professora Renata Lohmann e teve por objetivo analisar as Agências Lupa e Aos Fatos, amplamente reconhecidas pelo trabalho de verificação que realizam. 

Partindo de indagações pessoais, a diplomada relata que passou a se interessar pelo tema ao identificar a prevalência das notícias falsas – conhecidas popularmente como fake news – e informações falsas no debate público nos últimos cinco anos. A partir disso, como TCC, a jovem lançou olhar para duas agências de checagem – veículos de comunicação dedicados a desconstruir notícias falsas – e suas atuações. “Um trabalho científico é sobre isso: responsabilidade. E também uma forma de matar a nossa curiosidade com fontes e dados verídicos”, explica Bruna, estabelecendo uma conexão entre o seu tema de pesquisa e a própria essência do fazer pesquisa científica. 

Resultados 

A partir da pesquisa, a estudante pôde compreender os passos percorridos pelas agências e os métodos utilizados na verificação de informações falsas. Ambas as agências percorrem o mesmo caminho, o que as diferencia são as ferramentas utilizadas. 

Em geral o trabalho de verificação inicia com a identificação de algum conteúdo que esteja circulando nas redes sociais, nas falas de autoridades ou notícias em portais de comunicação que levanta suspeitas sobre sua fidedignidade. Uma informação pode ser falsa quando é descontextualizada, manipulada para parecer outra coisa ou, mesmo, alterada com a intencionalidade de enganar. 

“Na hora de classificar as informações que foram verificadas, as agências possuem diferentes etiquetas ou selos, o que varia de acordo com o método utilizado”, explica a jovem. 

Mesmo que haja inúmeras formas de analisar uma fake news, ela primeiro passa por uma triagem, que pode ser feita por humanos e robôs. Após as informações duvidosas são consultadas e verificadas, na maioria das vezes por um repórter, que ficará responsável por, em seguida, contextualizar as informações, classificar, passar para a avaliação do editor e, por fim, publicar o conteúdo verificado e contextualizado. 

“Na hora de classificar, o repórter terá à sua disposição diferentes classificações, mas, quando se trata da divulgação de possíveis informações falsas, motivo pelo qual a publicação foi selecionada logo no processo de triagem, apenas duas opções poderão ser utilizadas: verdadeiro ou falso”. 

“Esse trabalho desenvolvido pelas agências de checagem é fundamental para a vida em sociedade e também para a manutenção da verdade, principal critério estabelecido para a prática do jornalismo”, reflete Bruna. “Essa atuação foi evidenciada ainda mais no último ano, em que o Brasil teve eleições, período em que a disseminação de informações falsas tende a ser ainda mais frequente”. 

“As pessoas têm dificuldade em se questionarem sobre as informações que estão consumindo. Frequentemente vemos coisas absurdas e que nitidamente são falsas, porém a falta de questionamento, a identificação com aquela notícia e a crença nesse tipo de informação são muito maiores”, complementa Bruna. 

Como uma etapa da pesquisa, a jovem estudante também realizou uma entrevista com Chico Marés, coordenador de jornalismo da Agência Lupa, considerada a primeira agência de fact-checking do Brasil e que, desde 2015, confere falas de agentes públicos e informações que circulam na internet.

Importância do jornalismo

Para a jovem, o jornalista tem um papel importante no enfrentamento da existência de informações falsas. “Como os veículos de comunicação, temos o dever de educar e fortalecer o laço entre o leitor/ouvinte/telespectador, frisando e diferenciando as informações colocadas em portais confiáveis e não confiáveis. As redes sociais contribuíram para essa disseminação em massa, mas também são um canal de acesso rápido à verificação de informações, apenas é necessário aguçar a todos para a verificação de informações antes do compartilhamento das mesmas”. 

“E isso é reproduzido por muitas pessoas. Por conta disso, as notícias falsas ganham grandes proporções. Quando ela é verificada e noticiada novamente, o que é falso continua circulando, e a verdadeira notícia não ganha tanta proporção, afinal ela não é tão absurda assim para gerar compartilhamentos e engajamento”, observa ela. “Como jornalistas, somos a essência de notícias verdadeiras. Afinal, é nosso papel como profissional e ser humano que integra uma sociedade. Para isso, temos um papel fundamental, pois devemos verificar, analisar e depois publicar as informações que recebemos”, diz. 

A Aos Fatos 

Aos Fatos é uma plataforma jornalística de investigação de campanhas de desinformação e de checagem de fatos. Sua produção se baseia em uma rigorosa metodologia de apuração e verificação reconhecida internacionalmente por meio de parcerias transnacionais, premiações e instituições de Estado. Para se sustentar, aposta em um modelo híbrido de negócios: financiamento por meio de seu programa de apoiadores, o Aos Fatos Mais; parcerias editoriais, como o programa de verificação da Meta; e projetos de tecnologia e inteligência incubados no Aos Fatos Lab, como o Radar Aos Fatos. 

A Lupa

Fundada em 2015, a Lupa iniciou sua trajetória como uma agência de notícias especializada em fact-checking e expandiu suas atividades para o ensino de técnicas de checagem e para a sensibilização sobre desinformação e seus riscos.

Atualmente a Lupa tem duas frentes de atuação: Lupa Jornalismo, com reportagens, checagens, verificações e conteúdos especiais, e Lupa Educação, com oficinas, treinamentos, repositório de pesquisas sobre desinformação e ações de educação midiática em escolas, universidades, instituições e empresas. (Fonte: AI Univates)

    

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