Ocorre no Panamá, de 20 a 25 de novembro, a 10ª Conferência das Partes (COP 10) da Convenção-Quadro da Organização Mundial da Saúde para o Controle do Tabaco. De acordo com estimativa da diretora-executiva da Associação Internacional dos Países Produtores de Tabaco (ITGA, sigla em inglês), Mercedes Vázquez, a agenda oficial dos assuntos a serem tratados pode ser divulgada somente em agosto. A intenção, com isso, segundo ela, é impedir que as instituições ligadas ao setor produtivo do tabaco tenham tempo para se articular. “Propositadamente para nos manter na sombra”, criticou.
A medida foi comentada em entrevista coletiva realizada na sexta-feira, 24, na sede da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), em Santa Cruz do Sul. Acompanhada pelo analista de mercado Ivan Genov, Mercedes esteve por três dias com produtores e representantes de empresas e de entidades ligadas ao setor. Ainda sobre as expectativas para a COP 10, a diretora-executiva ressaltou que possivelmente serão tratadas questões já inseridas em eventos anteriores, como diversificação, e que deve haver debates de temas ligados às questões ambientais, impactos climáticos, de direitos humanos, novos produtos de tabaco e de rastreamento da produção. “Os artigos 9 e 10, dos ingredientes, podem incluir novamente uma proposta de redução de nicotina e sabores”, alertou.
Além disso, segundo Mercedes, discussões antigas, de conferências anteriores, podem voltar. “Em 2012, mesmo sem participação ativa, conseguimos a revogação da proposta de redução da área de cultivo, pelo controle da época do ano em que o tabaco seria cultivado no mundo”, lembrou. Outra proposta que também foi possível descartar tratava do período que seria possível cultivar o tabaco ao longo do ano em cada país. “Os produtores no Brasil não têm que ter medo de defender o setor, pois são exemplo, líderes de práticas sociais e ambientais”, salientou.
Diretora-executiva afirma que Afubra é exemplo ao mundo
A diretora-executiva da ITGA, Mercedes Vázquez, disse que a visita à região possibilitou conhecer mais detalhes do setor no Brasil, inclusive programas como o Verde é Vida, o Viveiro Agroflorestal e a Expoagro Afubra. “São trabalhos de excelência, não conheço no mundo programas como esses, tanto no campo ambiental como no social”, declarou. “E todos os projetos que conheci são de longa data, o que já mostra a consistência”, acrescentou.
A previsão para a próxima safra é de aumento na produção mundial, o que pode afetar o desempenho dos negócios brasileiros. Conforme a diretora-executiva da ITGA, o Malawi tem previsão de melhoria depois de uma queda no ano passado, o Zimbabwe está anunciando uma superprodução de mais de 300 mil quilos, os Estados Unidos apresentam estabilidade na produção do tabaco Virgínia e a China não divulgou perspectivas. “Os principais países produtores dão indicações que vão aumentar a produção, então a safra deverá ser maior”, projetou.
Mercado ilegal
Sobre o contrabando, um dos grandes problemas do setor no Brasil, Mercedes Vázquez lembrou que a COP tem um tratado de mercado ilícito. Nesse contexto, ela comentou ainda que o governo brasileiro não consegue controlar as fronteiras, deixando entrar produtos ilegais. “O governo tem que atuar com fiscalização eficiente”, criticou.
Grupo técnico
Lideranças do setor do tabaco regional atuam em mobilização para sensibilizar os membros do governo brasileiro sobre a importância econômica e social desta cadeia, que envolve cerca de 128 mil pequenos produtores rurais e dá origem a 40 mil empregos diretos nas indústrias. Ficou estabelecida organização de relatório econômico-social do setor para convencimento dos entes políticos e novo encontro de preparação para a Marcha durante a Expoagro Afubra, em Rio Pardo, no mês de março.