Uma coceira que não para aqui, outra coceira ali, e quando a causa é investigada, piolhos! Anos atrás muito se ouvia falar em crianças e até adultos com piolhos, e muitas vezes a solução era cortar o cabelo bem curto. Hoje, as soluções já se modernizaram e existem loções e xampus. Mas será que os casos de piolhos ainda são comuns?
A médica dermatologista Luiza Metzdorf confirma que sim. Ela explica que o piolho é o inseto responsável por causar a doença conhecida como pediculose do couro cabeludo. É muito comum na infância e acontece em todo o mundo, não havendo distinção geográfica para o parasita.
A proporção de pessoas com a doença pode aumentar dependendo de fatores como aglomerações e faixa etária, mas Luiza reforça que crianças em idade escolar são as que mais têm piolhos. “Ao longo dos últimos anos, é possível notar que a doença acontece, mas permanece estável, porém carecemos de estudos científicos que avaliem de forma objetiva este dado”, afirma.
A dermatologista comenta que o piolho é um pequeno inseto que se alimenta sugando o sangue da pele do hospedeiro, sendo a espécie mais comum aquela que acomete o couro cabeludo. Existem também outros tipos menos comuns de piolho, que infestam a pele do corpo ou pelos pubianos, sendo estes mais comuns em adultos. Estes casos estão associados à má higiene e contato sexual.
Para acontecer a reprodução do parasita, a fêmea do piolho coloca seus ovos, conhecidos como lêndeas, envoltos em uma espécie de cola, que os adere aos fios de cabelo. De sete a dez dias depois, estes ovos liberam as ninfas – nome do estágio do piolho logo que sai do ovo. De nove a 12 dias depois, as ninfas chegam à fase adulta. Por isso, no caso do piolho do couro cabeludo, a disseminação da doença ocorre por contato direto entre as pessoas ou por compartilhamento de pentes, escovas, chapéus, bonés e roupas com pessoas contaminadas.
Prevenção e tratamento
Luiza destaca que, para prevenir a pediculose, o ideal é evitar o compartilhamento de roupas, toalhas, acessórios de cabelo e outros objetos de uso pessoal, bem como evitar o contato direto com pacientes infestados. “Limpeza exagerada e uso de inseticidas no ambiente domiciliar são desnecessários. Manter escovas de cabelo submersas em água por 10 minutos é uma medida suficiente para matar o piolho presente nos utensílios contaminados”, aconselha.
Já o tratamento inclui a lavagem das roupas e utensílios pessoais do paciente acometido, de preferência com água em temperatura acima de 50 graus Celsius e/ou secos em máquinas de roupas, além de pentear o cabelo molhado com pente fino. A dermatologista indica os pediculicidas tópicos para um tratamento mais efetivo, sendo a permetrina a mais usada. Outra opção é o uso do medicamento ivermectina por via oral, mas ela lembra que este medicamento não pode ser usado por crianças menores de 6 anos. “É importante realizar investigação e tratamento dos contatos do paciente. Raramente é necessário o corte de cabelos de crianças acometidas”, afirma.
Saiba mais
• A pediculose pode acontecer em qualquer época do ano, mas a infestação é mais prevalente nos períodos letivos das escolas, e a frequência diminui nas férias escolares.
• Temperaturas quentes também facilitam a proliferação e eclosão dos ovos do inseto.
• O principal sintoma é a coceira, na maioria das vezes intensa e que pode causar pequenos ferimentos no couro cabeludo, atrás das orelhas e pescoço pelo ato de coçar frequentemente.
• O parasita pode ser visualizado, porém o mais comum é ver os seus ovos (lêndeas) no couro cabeludo, que se apresentam como pequenos pontos brancos aderidos aos fios de cabelo. Também é comum o aparecimento de ínguas atrás das orelhas e nuca.
“As crianças são, com frequência, as mais acometidas, principalmente em ambiente escolar, pois passam mais tempo em aglomerações, tem mais contato físico entre si através de brincadeiras e compartilham mais objetos que adultos, no geral. Neste grupo, é mais comum que o piolho apareça nas crianças do sexo feminino e de cabelos longos.”
LUIZA METZDORF
Dermatologista
- Mesmo que o piolho seja comum na infância, no período em que as crianças frequentam a escola, segundo a coordenadoria pedagógica da Secretaria de Educação de Venâncio Aires, Juliane Niedermayer, nos últimos anos a pasta não teve registro de surtos (três ou mais casos no mesmo local) de piolho. Ela afirma que casos isolados podem ter acontecido, mas nestas situações são resolvidos na própria escola.