Conselho Tutelar de Venâncio faz alerta sobre casos de automutilação e bullying

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O diálogo e a preocupação com a saúde mental são assuntos que precisam cada vez mais de atenção por parte das famílias e das equipes escolares. O Conselho Tutelar de Venâncio Aires tem dados que assustam e acendem o alerta para a ansiedade e questões familiares, como a violência intrafamiliar e fobia social. O que mais preocupa é a quantidade de casos envolvendo a automutilação e o bullying no público adolescente.

Os conselheiros tutelares relatam que antes da pandemia de coronavírus não eram casos frequentes, mas que o número aumentou depois de os jovens passarem pelo isolamento e retornarem à vida em sociedade. “Hoje, casos de automutilação e bullying são cada vez mais frequentes. Recebemos mais de 10 casos mensais”, afirma Bárbara Luciane Fischer, uma das conselheiras tutelares da Capital do Chimarrão.

A profissional alerta que sinais devem ser notados, como o uso de roupas compridas como moletons em dias quentes, para esconder os ferimentos feitos, geralmente, por estiletes e outras lâminas. “Na maioria das vezes, é a escola que se dá conta, já que os estudantes passam mais tempo no local e é lá que recebem mais atenção.” Ao notar estes casos, a equipe de orientação e supervisão escolar aciona os responsáveis e encaminha o estudante para acompanhamento no Centro Integrado de Educação e Saúde (Cies), Centro de Atenção Psicossocial Infantil (Caps i) ou encaminha o caso ao Conselho Tutelar.

Mesmo assim, o atendimento não é imediato. É necessário um agendamento, pois a rede não tem profissionais suficientes. O ideal, segundo a equipe do Conselho Tutelar, é que as escolas tivessem psicólogos, para atender de pronto os estudantes. Monitores para acompanhamento de alunos com ansiedade e outros laudos também são necessários. “Os adolescentes sempre falam que a dor interna é tanta que precisam externalizar, e para não machucarem outras pessoas, decidem se automutilar”, explica o conselheiro tutelar Luís César Fernandes.

Situações de abuso sexual também são uma preocupação da equipe. Em 2022, foram mais de 100 casos em Venâncio Aires. A equipe menciona que, no ano passado, a incidência de ocorrências de abuso sexual que chegavam ao Conselho Tutelar era semanal e, em sua maioria, com crianças pequenas. “Fora o que nem chegava até nós e era registrado diretamente na Delegacia de Polícia”, afirma Fernandes.

Bárbara comenta que, eventualmente, informados com antecedência, os conselheiros tutelares se dispõem a ir em escolas para conversar com alunos e as equipes dos educandários. “Estamos abertos para fazer este trabalho de aproximação e interação tão importante. Faz algum tempo que não fomos mais chamados para esta atividade e é preciso que os alunos entendam e seja esclarecido o papel do Conselho Tutelar, pois a maioria ainda tem medo e receio, achando ser algo negativo para eles”.

“São situações que, na maioria das vezes, envolvem questões familiares complexas, como pais presos, abandono e pouca ou nenhuma relação familiar. Falta acolhimento e as escolas também não estão preparadas para assumir esse papel. Hoje em dia, são muitos laudos para atender.”
BÁRBARA LUCIANE FISCHER
Conselheira tutelar de Venâncio Aires

Eleição do Conselho Tutelar

• Atualmente, a equipe do Conselho Tutelar de Venâncio é formada por cinco conselheiros: Bárbara Luciane Fischer, Aline Machado da Silva, Luís César Fernandes, Claudete Leismann da Fonseca e Israel Souza da Silva. Além disso, um suplente cobre as férias quando necessário e há um estagiário atuando também.

• Os conselheiros afirmam que a demanda de trabalho está coerente com a quantidade de pessoas na equipe, já que para ter outro Conselho Tutelar, é necessário que o município chegue a 100 mil habitantes.

• A próxima eleição do CT, que elegerá cinco novos conselheiros tutelares, deve ocorrer no mês de outubro. O edital para as inscrições ainda não foi publicado, no entanto o presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Venâncio Aires (Comdica), Leonardo Duarte da Rosa, afirma está trabalhando nas legislações necessárias. A previsão é que o edital seja publicado no início do mês de maio.



Luana Schweikart

Luana Schweikart

Jornalista formada pela Unisc - Universidade de Santa Cruz do Sul. Repórter do Jornal Folha do Mate e da Rádio Terra FM

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