Cuidar da saúde é indispensável em qualquer momento da vida e, nos últimos anos, os índices de câncer vêm se tornando cada vez mais preocupantes no país. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), os cânceres são um problema de saúde mundial e, na última década, houve um aumento de 20% na incidência da doença. Para o próximo triênio (2023-2025), são estimados mais 704 mil casos.
Um dos cânceres, o de pulmão, tem os maiores índices no Rio Grande do Sul. De acordo com o pneumologista André Luiz Rocha Puglia, este tipo de câncer geralmente é causado pela fumaça do cigarro ou outras fumaças, como a do fogão a lenha, já que com o passar dos anos causa irritação crônica que provoca a mutação das células. O médico explica que é a substância alcatrão, presente nas fumaças, a responsável pelas lesões. O principal sintoma do câncer de pulmão é o sangramento pela tosse, no entanto, esse sintoma aparece já em estágio avançado da doença. No início, não aparecem sinais.
Puglia enfatiza que os mais atingidos por este tipo de câncer são os fumantes e os mais idosos são os mais propensos, devido ao tempo de exposição à fumaça. “Todo fumante com mais de 40 anos deveria avaliar a possibilidade de ter um câncer em estado inicial”, afirma. As principais formas de prevenção, segundo Puglia, são o abandono do cigarro e os cuidados para consultar o médico de forma regular.
Entre os exames de prevenção e que podem, de alguma maneira, constatar a doença inicialmente, a radiografia de tórax é o principal, e caso visualizada alguma alteração que sugira um tumor, o indicado é também fazer uma tomografia. O diagnóstico precoce é o que define se o tratamento será curativo ou paliativo e, quando diagnosticado em fase inicial, a cirurgia é o tratamento ideal – geralmente curativa.
O tratamento dificulta e já não se pode fazer intervenções cirúrgicas, segundo Puglia, quando o câncer já se espalhou em forma de metástases ou invadiu outros tecidos. Já opções como a quimioterapia e a radioterapia têm resultados muito variáveis de paciente para paciente. “Na maioria das vezes, apenas retardam o desenvolvimento da doença por poucos meses”, explica. O Rio Grande do Sul é o estado com maiores índices do câncer de pulmão. No Brasil, em 2006, 15% da população era fumante, e agora, mais recentemente, em 2021, o número caiu para 9,1%. “Isso é muito bom. O ideal é que os índices de tabagismo continuem caindo e, naturalmente, os índices de câncer também vão reduzir”, conclui.
- O pneumologista destaca que pessoas que pararam de fumar há menos de 10 anos devem ainda manter a atenção com exames preventivos. Mas, passando deste tempo sem o tabaco, a pessoa é considerada com os mesmos riscos de alguém que nunca fumou.
“Como este tipo de câncer é silencioso, o ideal é que pessoas que fumam ou que pararam de fumar há menos de 10 anos, façam avaliações periódicas e, possivelmente, uma radiografia do tórax, para avaliar com mais precisão.”
ANDRÉ LUIZ ROCHA PUGLIA
Pneumologista
O que é um câncer?
• No geral, os cânceres são alterações em células, que começam a se multiplicar de forma desordenada e agressiva, formando lesões tipo nódulos, que crescem e se tornam uma massa.
• As células podem invadir os tecidos vizinhos e os vasos sanguíneos, chegando na circulação e atingindo qualquer parte do corpo, as chamadas metástases.
• Esta invasão pode provocar sangramento e até dor em fases mais avançadas. No início, é silenciosa, sem nenhum sintoma.