A estiagem não é mais pauta exclusiva do verão. A seca, que se repete ano após ano, castiga lavouras e soma prejuízos há mais de meio ano em Venâncio Aires. Relatório divulgado pela Emater, nesta semana, mostra que os prejuízos com a seca já ultrapassam os R$ 82 milhões no município. O laudo técnico considera o período de 10 de outubro de 2022 a 27 de março de 2023. Mais de 2,4 mil famílias residentes em 90 localidades do interior foram atingidas pela estiagem.
Milho, soja e tabaco são as culturas que registraram maior volume de perdas. Além das culturas agrícolas, falta água para consumo humano e para os animais. Açudes e poços, literalmente, secaram em muitas propriedades. Para se ter uma ideia de que essa não é uma particularidade dos meses de verão, os pedidos de cargas de água começaram a chegar à Prefeitura de Venâncio Aires no dia 6 de setembro de 2022, quando ainda era inverno. Mais de sete meses se passaram, o verão começou, terminou e em pleno outono a equipe da Patrulha Agrícola segue levando água até as propriedades do interior.
Reportagem publicada nesta edição, no caderno ‘Nascentes -Nossa água, nosso futuro’, traz dados atualizados desta situação. Desde setembro, foram mais de 5,6 milhões de litros transportados para mais de 50 localidades. São quatro caminhões que realizam, em média, quatro entregas por dia. A reportagem conferiu nesta semana, in loco, a realidade de quem sofre com a falta deste item básico para higiene e alimentação. Na propriedade de Elio Figueiredo da Silva, 76 anos, de Linha Picada Mariante, foi a primeira vez em mais de 60 anos que o poço da família secou.
Falta chuva para atenuar a situação. Faz tempo que os agricultores vêm ‘suplicando’ por uma ajudinha lá do céu. Mas também faltam políticas de apoio para os agricultores. Mais de 70% dos municípios gaúchos decretaram situação de emergência neste ano, em função da estiagem. Os governos debatem projetos para mitigar as consequências da estiagem, mas faltam ações estruturantes e efetivas antes das perdas. Como o agricultor pode se preparar a curto, médio e longo prazo? Como avançar em irrigação e tecnologia? Essa pauta é prioritária o ano todo.