O clube venâncio-airense Négo Futebol Clube, um dos clubes sociais negros mais antigos do Rio Grande do Sul, terá sua história contada em documentário, intitulado ‘Ontem e Hoje – História Negrejadas do Négo FC’. O projeto foi contemplado em edital do Fundo de Apoio a Cultura (FAC) Expressões Culturais, da Secretaria da Cultura do Rio Grande do Sul, publicado em 2021. A realização do documentário é do produtor audiovisual e ator, Sérgio Rosa, e do fotógrafo, jornalista e professor Emerson Machado.
Após a aprovação em julho de 2022, o projeto está sendo desenvolvido pela dupla desde agosto do ano passado. Neste momento, está na fase de montagem e tem a assessoria histórica do professor Jair Pereira, que também participa do documentário, contando a história do clube.
“Contar um pouco da história do Négo, pra mim, é muito gratificante, não só como produtor, mas como alguém que ama e se identifica com aquele espaço. O Négo me acolheu, acolheu minha arte por muito tempo. O ator e produtor audiovisual que sou hoje tem muitas historias lá dentro. Então, nada mais justo do que retribuir, deixando, principalmente para os que virão depois de nós, a história de um importante clube para a comunidade negra”, destaca Sérgio Rosa.
Documentário
Com previsão de lançamento para junho de 2023, o documentário tem o objetivo de registrar a riqueza da história cultural do Négo Futebol Clube, trazendo os relatos dos frequentadores, dos mais velhos aos mais novos, buscando criar uma relação passado-futuro neste registro.
Segundo os produtores, a escolha do vídeo é para registar não só os relatos, mas também as imagens dos participantes como registro histórico. Também poderá funcionar como uma cápsula do tempo, onde os mais novos se verão no futuro e os que vierem depois, saberão pelo documentário como era antes.
A ideia do projeto surgiu a partir de um texto publicado do Négo por Sérgio Rosa em suas redes sociais e onde seu parceiro deste projeto, Emerson Machado, sugeriu que fosse feito um documentário para registar as histórias desse clube octogenário. Logo após essa provocação, surge o edital da Secretaria da Cultura do Rio Grande do Sul (Sedac/RS) com essa proposta que contemplava clubes sociais negros.
“Acreditei que a ideia se encaixava bem no edital e que levaria o povo negro de Venâncio Aires a conhecer um pouco mais da sua própria história, que, em grande medida foi apagada e deve, sempre que possível, ser resgatada. Convidei o Sérgio Rosa, e com ajuda da minha companheira que auxiliou na redação, assim desenvolvemos o projeto e fomos agraciados com essa possibilidade”, completa Emerson Machado.
Equipe
Direção: Sérgio Rosa e Emerson Machado
Direção de Fotografia: Emerson Machado
Roteiro: Sérgio Rosa e Emerson Machado
Assessoria histórica: Prof. Me Jair Pereira
Produção: Afrocena e Tangerineh Fotografias
Captação de Som: Emerson Machado
Montagem: Eduardo Vaz
Tradutora de libras: Marluce Gomes Machado
“A questão do racismo sempre me incomodou, antes do lançamento das cotas para as universidades, através de filmes e documentários, e também da minha vivência na periferia. Sempre senti vontade de fazer algo a mais, de alguma forma colaborar com o movimento negro. Já que na minha percepção, não teremos uma democracia concreta enquanto não enfrentarmos a questão do racismo, que no Brasil é estrutural e institucional.”
EMERSON MACHADO
Produtor do documentário